sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Da série...

...Se eu fosse Maria Raquete

Richard Gasquet

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Sete pecados "pessoais"

Inspirada pela Lela, aqui vão os Sete Pecados Capitais Segundo a Garota no Hall

1) Gula: sorvete de massa em um dia bem quente;
2) Avareza: quando eu preciso juntar dinheiro para comprar uma coisa que quero muito;
3) Inveja: evito pensar no que os outros têm para me preocupar com o que quero ter;
4) Ira: sou explosiva e posso ter raiva das coisas mais bestas possíveis;
5) Vaidade: na medida certa;
6) Luxúria: qualquer filme onde o Hugh Jackman mostre seu belo físico;
7) Preguiça: é boa, mas às vezes procuro mandá-la embora.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Fofoca? Só de vez em quando...

Sim, de vez em quando eu também leio fofocas. E essa me fez rir: Angelina Jolie se irrita com Jennifer Aniston. Tudo porque a primeira tem medo de que os depoimentos de Jennifer à revista Vogue prejudique suas chances no Oscar. Angelina, não venha querer culpar a Jen caso você não leve a estatueta. Com Anne Hathaway, Kate Winslet e Meryl Streep no páreo (sem desmerecer outra indicada, Melissa Leo, cujo trabalho desconheço), dificilmente você recebe o prêmio. Os grandes méritos de A Troca são a direção impressionante de Clint Eastwood (superior a Menina de Ouro, inferior a Sobre Meninos e Lobos) e a bela fotografia de Tom Stern. Angelina é a protagonista e está em um papel diferente do que costuma fazer. Ainda acho que ela serve mais para interpretar drogadas ou doidas, como em Gia e Garota Interrompida.
Agora, convenhamos... para quem passou os últimos anos querendo vender a imagem de Madre Teresa Salvadora das Criancinhas, com direito a vender fotos dos próprios filhos para capa de revista tablóide com a desculpa de doar o dinheiro e salvar os pobres - não é mais fácil tirar da própria conta e poupar a exposição do filho? -, se preocupar com as chances reduzidas de uma premiação que, no fundo, só serve para explorar o glamour de celebridades em breve ascensão, seria algo fútil. A não ser que se precise provar algo para alguém, daí é outra história.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Admiração

Ah, o refúgio para o choro inadiável, ou também o local preferido para as reuniões femininas em bares e baladas. É conhecido por alguns nomes. Toilette, insistem em chamar as mais requintadas, fazendo biquinho ao pronunciar a palavra afrancesada. WC, outras dizem, abrindo bastante a boca ao dizer dabliucê. No entanto, banheiro ainda é o termo mais usado.
Esse parágrafo introdutório foi apenas um prefácio metido-a-besta aos mais sinceros elogios ao novo toalete
 feminino do meu canto de trabalho. Após dias de reforma e convívio obrigatório em uma sala pequena, a primeira parte foi concluída.

- Garota, você já viu como ficou o banheiro lá de cima? Ficou lindo, com um espelho enorme.
- Ainda não vi, só usei esse daqui de baixo. – arqueio a sobrancelha, me imaginando fazendo poses, jogando o cabelo e passando batom em frente ao espelho.

Chega o momento de conhecer o novo toalete
. Abro a porta e uma luz forte emana de dentro do cômodo. Parece um banheiro de shopping, com aquelas lindas pastilhas de azulejos brancos e pretos uma combinação mais do que perfeita  –, pia enorme, torneira de pressão e um grande espelho. 
Fiquei admirada e com vontade de cumprimentar o responsável por aquela obra-prima. E a minha dificuldade em utilizar banheiros públicos foi recompensada. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Momento cricri

Que eu sou uma fã incondicional do CQC provavelmente os leitores mais assíduos devem saber. Tudo começou com uma chamada da Band (canal que transmite o programa) para a nova atração, que iria ao ar todas as segundas-feiras, às 22h15. Assim que vi a chamada, pensei: “Ótimo! Parece que finalmente terei algo mais interessante para fazer nesse dia da semana do que dormir.” O Marcelo Tas, certamente, surgiu como o grande chamariz do programa. Mas eu fiquei feliz em saber que o Rafinha Bastos faria parte da equipe – o conhecia desde meados de 2004, por causa da Página do Rafinha, e assistia a alguns stand-ups dele no YouTube.
No dia da estréia, fiquei histérica. Danilo Gentili e Oscar Filho seriam repórteres, dois gênios da comédia em pé. Os outros integrantes, conheci pelo CQC mesmo: Marco Luque (eleito diversas vezes meu muso da semana), Felipe Andreoli (outro chuchuzinho), Rafael Cortez (o pegador) e Warley Santana (o impagável assessor de imagem).
Em dezembro, quando fui assistir a uma gravação do CQC, fiquei ainda mais fã do programa. E do Luque, tão simpatico e engraçado - além de bonito -, que meu lado tiete aflora discretamente.
Ontem (22/01) estive no Memphis Rock Bar, em Moema (São Paulo-SP), para conferir o espetáculo cômico d’A Divina Comédia. Todas as quintas-feiras, o grupo formado por Danilo Gentili, Felipe Hamachi, Maurício Meirelles e Rogério Morgado apresenta um show com um convidado diferente. E ontem foi a vez de – tcharam! – Marco Luque mostrar o que sabe de stand-up comedy.
O show começou com Rogério Morgado fazendo piadas relacionadas a gordos – incluindo ele próprio –, entre outros temas. Foi uma boa apresentação, mas não foi ótima. Quando chegou a vez de Danilo Gentili, a platéia se animou. Com um show curto e irregular, bastante inferior às suas apresentações que circulam pelo YouTube, Gentili não empolgou muito. Quando um ou outro comentário irreverente rendia aplausos, ele dizia que não precisava de palmas (?!).
Marco Luque foi o terceiro da noite. Dizendo estar nervoso por fazer estréia no humor stand-up, ele falou sobre a diferença entre ficção e realidade, com comentários sobre os maiores clichês do cinema. Claro, as piadas sobre seus cabelos crespos não ficaram de fora, e ele demonstrou grande habilidade em renovar essa forma de humor. Outro ponto alto da noite foi Maurício Meirelles. Carioca (“mas moro uns 10 ou 15 anos em São Paulo”), o comediante arrasou com seu ótimo timing cômico e piadas absurdamente engraçadas, envolvendo temas como café e comida servida em avião.
A última apresentação foi de Felipe Hatachi, “o japonês das comédias stand-up”. Com a difícil tarefa de ser tão engraçado quanto Luque e Meirelles, ele conseguiu arrancar risos da platéia, mas não superou os dois humoristas. Para finalizar, Gentili e Morgado se apresentaram como a pior banda do mundo. Com o primeiro no microfone e o segundo no violão, eles fizeram graça com a completa falta de sincronia.

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Semana Musical

Talvez o último final de semana tenha suscitado meu gosto por músicas que não sejam do Ben Folds ou do Ben Folds Five. Fiquei um tanto chocada com minha completa ignorância sobre o universo musical atual. O álbum mais novo que havia escutado até então era Oracular Spectacular, do MGMT – e isso porque precisei assistir ao filme Quebrando a banca para escrever uma pequena resenha, e me apaixonei pela canção de abertura, Time to pretend.

Agora, trouxe mais músicas para graver no iTunes do meu Mac na redação e voltei ao hábito de baixar álbuns – anteriormente substituído pela compulsão por baixar Monk, The Big Bang Theory e The IT Crowd.

Talking Heads me faz querer levantar da cadeira e dançar de olhos fechados. Estou aqui, me deleitando com David Byrne e companhia. Mais cedo curti Morning Runner, mas o som deles não me satisfez como há alguns meses. Parece que agora falta algum tempero, embora continue achando It’s not like everyones my friend e The Great Escape ótimas.

MGMT é gostosinho demais para ouvir trabalhando. Está ali, lado a lado com Ben Folds (Five), The Kooks e The Delgados no "Greatest Hits At Work". Agora, 10 Rue d’la Madeleine… o que é isso? A banda é boa demais, indie francês de qualidade. Um dia escrevo mais sobre suas chansons.

Dicas musicais, fiquem à vontade nos comentários. Pensem em uma sujeitinha com headphones em uma redação pequena, querendo disfarçar conversas alheias com músicas e que se arrepia quando ouve o refrão de The Masterplan ou o solo de Live Forever (Oasis).

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A alma embriagada de um corpo sóbrio

I don't even know where she lives
I've not seen her in 10 years...
9 months, 3 weeks, 4 days, 6 hours, 13 minutes, 5 seconds

Other girls went and other girls came
I can't get over my old flame
All my friends think I'm insane
I'm still in love with Emily Kane

(Emily Kane – Art Brut)

Ela limpou rispidamente os lábios no guardanapo de papel, levantou-se e seguiu em direção à estação. Fiquei ali atordoado, estático, com a mente confusa. As lembranças do passado retornavam como ondas explosivas. Formavam-se lentamente sobre a superfície marinha, ganhavam força e se tornavam belas, para logo em seguida explodirem e alcançarem a praia, cobrindo meus pés, fracas e covardes.
Dez anos depois, a onda ainda insiste em se formar. A água salgada turva ameaça, às vezes ruidosamente, mas eu corro à estante e abro um livro de artes. Estudo uma pintura de Monet, observo suas pinceladas e me deslumbro com sua capacidade em construir sombras. De repente, sou engolido pelas nuances escuras aos pés da dama de vestes brancas. Ela é imensa e impede que a luz solar me ilumine, como uma pessoa egoísta que reconhece o poder deslumbrante que tem sobre os outros. Fecho o livro e ligo a tevê.
Zapeio os canais até encontrar algo que pareça interessante. Um casal de velhos dança em uma sala, ele se aproxima e beija a mulher. Depois, ela esquece quem é o homem, deve ter amnésia ou algo assim, e o velho começa a chorar compulsivamente. Descubro que ela vive em um asilo e tem uma doença degenerativa, e o marido nunca desiste, está sempre ao seu lado persistindo para que retorne ao passado e se lembre de quando se conheceram. Desligo o aparelho com os olhos cheios de lágrimas e pego um caderno velho com muitas páginas já preenchidas. Procuro uma folha nova e começo a escrever.
A ponta da caneta toca o papel e a tinta verte, formando uma mancha azul, que se espalha como um câncer na página branca, virgem e ingênua. Começo a escrever sobre ela partindo, sobre as ondas, sobre Monet e sobre um filme qualquer na tevê. Não busco respostas, autopiedade ou culpados. Termino o texto com um ponto final.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A melhor impressão

Conversavam os dois, um de frente para o outro. Conheciam-se pouco, nunca haviam tido a oportunidade de se falar assim, sem a interrupção de algum colega bêbado segurando uma longneck de cerveja, incentivando ele a pegar alguma das meninas da festa. Ou então, sem aquela amiga grudenta, que precisa de companhia para comprar energético, ir ao banheiro e até para se aproximar de algum rapaz que considerasse interessante.

- Eu adoro literatura. Sou um devorador de livros, principalmente clássicos. William Faulkner foi o autor que mais me marcou.
- Ai, não acredito! O meu também! Adoro
O som e a fúria. – ela mal conseguia disfarçar a excitação em estar frente a frente com um cara intelectualizado
- Nunca imaginaria isso de você, a moça que vai em balada que toca pagode…

Ele lançou um olhar desafiador, zombando de Clarice. Gostava de impressionar as pessoas, falar sobre si mesmo, mostrando o quanto era inteligente e informado. Mas se ela sabia o nome do livro, talvez estivesse sendo sincera como ele.

- Mas você não se esqueça que foi nessa festa regada a pagode que nos conhecemos. Minha amiga me arrastou para lá, e você parece ter sido arrastado pelo amigo bêbado também.
- Acabo aceitando a situação como uma forma de pesquisa antropológica, ficar observando o comportamento humano sob o efeito de álcool, drogas e música duvidável. Fora o requebrado das minissaias e jeans apertados, apoiados pelos decotes exuberantes. – acendeu um cigarro de marca estrangeira, exalando um aroma oriental envolvente.
- Eu não gosto de cigarros, mas esse aí tem um cheiro bom. Fale mais sobre o que você gosta.

Ela olhava diretamente para Thales, que tragou, olhou para o teto e comentou todos os autores, diretores, filósofos, jornalistas, músicos e pintores que admirava. Ele parecia ter saído de alguma palestra acadêmica dos anos 70, todo blasé e culto, além das roupas propositadamente estranhas.

“Ai meu Deus, esse homem é tudo. Se eu fosse um zumbi, devoraria seu cérebro agora e levaria o resto para me divertir em casa”, Clarice pensou, cada vez mais impressionada e empolgada com a demonstração surreal de conhecimentos gerais. Ele, por outro lado, sentia-se como um vencedor, mais uma vez. “Pronto, a noite aqui já deve estar acabando. Ela está sorrindo muito e não para quieta na cadeira”, concluiu.

- Clarice… como a Lispector… vamos embora? Lá em casa eu te mostro minhas coleções e você vai ficar ainda mais impressionada.
- Meu pai adorava a Lispector, como você adivinhou?
- Ah, você é tão interessante quanto ela. – a resposta ruborizou as bochechas pálidas da moça. – Então, o que me diz? Vamos?
- Sim, quero ver se é verdade tudo isso que me contou agora. – respondeu sem hesitar, enrolando alguns fios de cabelos com os dedos.

Pagaram a conta e saíram os dois: ele com as mãos nos bolsos, e ela vendo as horas no visor do celular.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

A primeira entrevista

Segundo ano do curso de Jornalismo. Cada aluno escolhia seu tema e discutia a pauta com o professor. Eu, praticamente uma estrangeira naquela cidade, já começava a pensar nas complicações em me deslocar em um lugar que não conhecia. Quando o professor se aproximou, logo notou meu receio exagerado e ajudou a descobrir um assunto para minha matéria.
Certamente, minha pauta seria sobre Cultura. Mas Campinas, naquela época, não era uma cidade que valorizava eventos culturais e artistas, salvo no ambiente acadêmico. No entanto, o bairro no qual consistia o foco do jornal universitário tinha algumas personalidades interessantes, e eu voltei minha atenção a um jovem caricaturista que habitava o local: Flávio Rossi.
Fiz uma pesquisa sobre o artista, visitei uma exposição com algumas de suas obras e consegui seu contato. Entrevista marcada, cabeça fraca para criar as perguntas. Confesso: estava despreparada no momento em que adentrei em seu estúdio e abri o caderno de anotações. Embora as questões estivessem ali, a neurose woodyalleniana persistia. Não queria parecer uma principiante, embora fosse.
O Flávio Rossi me recebeu muito bem. Foi paciente e respondeu às perguntas, acrescentando outras informações que julgou importantes para o perfil. Bonito, inteligente, atencioso e talentoso. Nada mal para uma primeira empreitada jornalística baseada em entrevista.
No laboratório da faculdade, o professor não se surpreendeu ao saber que tudo ocorrera bem. Tinha a matéria-prima do perfil, e o que faltou consegui por e-mail. O texto foi ganhando forma, sendo lapidado conforme recolhia opiniões valiosas de pessoas interessadas no trabalho. Por fim, ficou pronto e seria publicado no pequeno jornal.
Quando finalmente recebi a publicação, me decepcionei. Não gostei da edição e das informações que acrescentaram. Distorceram algumas ideias, que talvez não fizessem diferença para o leitor; mas para mim, a autora, as alterações foram absurdas. Outros colegas reclamaram do mesmo, e uma poderosa justificativa brotou: “Na Veja, os jornalistas não reconhecem seus próprios textos”. O comentário explicou muita coisa. E, assim, nunca enviei o jornal ao perfilado.
Recentemente, tive curiosidade em saber como estava a carreira de Rossi. Encontrei o site com seus trabalhos e gostei muito. A memória se remexeu e os fatos da minha primeira entrevista percorreram neurônios e encontraram palavras para serem contados.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Da série…

...Candidato a teste do sofá



Hugh Dancy

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Literatura inspiradora

A citação abaixo foi retirada do livro Dois irmãos, de Milton Hatoum, um dos meus escritores favoritos. Escolhi esse trecho porque ele trata do autor não reconhecido: aquele que escreve por paixão, sem nunca ter publicado nada. A obra é belíssima e envolvente; Hatoum tem um grande cuidado com a escolha das palavras e com a construção de suas complexas personagens.

"(...) Seus poemas, cheios de palavras raras, insinuavam noites aflitas, mundos soterrados, vidas sem saída ou escape. Às sextas-feiras distribuía-os aos alunos, pensando que ninguém os leria, pensando sempre no pior. Lá no íntimo era um pessimista, um desencantado, e tentava compensar esse desencanto por meio da aparência, com seu jeito de dândi. Refutava o rótulo de poeta, mas não se incomodava quando o chamavam de excêntrico ou afetado. Não sei qual dos dois atributos o definia melhor. Nenhum, talvez. Mas foi um mestre. E também um atormentado que escrevia, sabendo que não publicaria nada. Seus poemas repousam por aí, em gavetas esquecidas ou na memória de ex-alunos."

HATOUM, Milton. Dois irmãos. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Lágrimas e riso

Quarta-feira é um bom dia para ir ao cinema. Além de o valor do ingresso ser mais barato, é o meio da semana – um momento para ser comemorado da forma que for conveniente. Em um multiplex, a fila dá voltas, pois em tempos de recessão, a maioria opta pelo mais barato.
O filme escolhido é Marley & Eu. Poucas opções disponíveis, um horário de sessão conveniente e o estado de espírito para conferir algo leve, despretensioso e, quem sabe, divertido, são os motivos da escolha. A sala cheia exclui o privilégio de pular poltronas para não esbarrar a todo momento no braço do vizinho. Comerciais e trailers são exibidos e, em seguida, a película começa.
Após um início abarrotado de situações cômicas, a história caminha para um final dramático. Os primeiros sinais de emoção já são audíveis: barulhos de choro, fungadas e soluços. Em um assento próximo, uma espectadora desesperada extravasa a comoção diante do cão doente. Queria me infiltrar em seus pensamentos para saber se aquilo lhe lembrava algum acontecimento ou se sua dor se devia ao fato de a vida do protagonista estar próxima do fim.
O cinema inteiro produz sons emotivos, e a vizinha não contem os soluços desesperados. E eu, em um impulso sádico, expulso o riso abafado. Sou a única a achar graça da cena trágica, influenciada pelo choro próximo. Uma falta de elegância, uma grosseria, um desrespeito que sempre repudiei nos outros – rir no momento errado. Saio da sala anestesiada pela diversão que a tristeza alheia me contemplou, pensando em Marley mastigando sofás e arrastando pessoas pela rua.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Men in glasses - Part III

Bruno Gagliasso

Atualizando: Caso não consiga visualizar a foto do Ewan McGregor e do Joseph Fiennes, copie e cole os links a seguir:
McGregor: http://spectacle.provocateuse.com/images/spectacles/ewan_mcgregor_10.jpg
Fiennes: http://ia.media-imdb.com/images/M/MV5BMTUyMzk3NzE3MF5BMl5BanBnXkFtZTYwMjA5MTg2._V1._SX450_SY360_.jpg

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Nerds sim. E com muito orgulho

Uma das melhores cenas da série mais hilária da atualidade. Trata-se do sexto episódio da primeira temporada de The Big Bang Theory, intitulado The Middle Earth Paradigm. Com legendas em inglês, o que facilita a compreensão - embora as gags visuais sejam tão boas quanto os diálogos.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Velha casa familiar

Subiu as escadas de carvalho da antiga morada da família. Era uma casa imponente e elegante, que exalava lembranças de um passado luxuoso, agora envolto em muita poeira. Esses tempos de luxo e de festas, ele desconhecia. Apenas ouvia as histórias do avô, contando de onde vinha cada móvel, azulejo e taça de cristal. Agora, a casa que testemunhou suas férias durante a infância e o início da adolescência estava deteriorada.
O bisavô havia dedicado quase uma década de vida à construção da casa de verão. Mas conforme despendia as economias na decoração e na manutenção do mimo, o lar provisório se tornou definitivo, e a antiga mansão da família foi vendida para pagar algumas dívidas e render mais investimento para a nova casa.
O avô cresceu ali. Tinha uma governanta rigorosa que batia a régua em sua mão caso errasse a tabuada. Agia como uma professora sádica e queria se orgulhar por ter criado um engenheiro famoso como o pai. No início da juventude, foi estudar fora. Voltava no final de cada ano letivo, auge do verão. Logo após a formatura, viu o pai definhar e sumir. Sendo o primogênito, o destino da família estava sob o seu poder. Assim, casou as duas irmãs com colegas da faculdade e utilizou o escritório do pai para desenhar seus projetos.
A fama não se atrasou para o jovem engenheiro. As festas eram um chamariz para os anseios do rapaz, que tinha o braço direito sempre solicitado por moças interesseiras, todas belas, mas nem sempre interessantes. Casou-se com a sobrinha de uma das empregadas, para o choque da sociedade da época. Tiveram quatro filhos, todos acomodados pela fortuna paterna e despreocupados com o futuro.
O meio da história, que separava o início da depredação da casa e o presente, o neto desconhecia, já que a ausência constante do pai impedia qualquer tipo de indagação. Imaginava, melancolicamente, que fim haviam tido todos os móveis e objetos, saqueados pelos herdeiros do velho engenheiro. E naquele espaço vazio e sujo, obervava a minúscula habitante, que protegia os ovos em um repulsivo emaranhado de teias.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Pequena crônica petropolitana - O soldado

Senhor Alcino aproximou-se, ávido para contar suas histórias de soldado da Segunda Guerra Mundial. Ex-membro da Força Expedicionária Brasileira de Petrópolis, o veterano estava ali, no museu da FEB, em busca de pessoas curiosas para ouvir as crônicas do acontecimento que marcou sua vida. Mais de oitenta anos de idade, cabelos brancos e orgulhoso por ter servido à patria, Senhor Alcino contou que passou treze meses combatendo tropas das Potências do Eixo em Monte Castello, na Itália. Partiu para lá na certeza de que não sobreviveria.
No Brasil, deixaria a mulher de sua vida. Deu-lhe um dinheiro para que comprasse o que quisesse quando ele fosse embora. Não a veria novamente, sentia medo da guerra. Na Europa, viu neve e sentiu frio. Comeu muitas castanhas, afinal era praticamente o único alimento que havia. Na Itália, visitou a Torre de Pisa. Subiu no alto do famoso símbolo torto italiano e deixou a data gravada em sua estrutura. Contou o fato envergonhado. “Foi vandalismo”, reconheceu ao relembrar.
Finda a guerra, retornou ao Brasil. Reencontrou familiares, amigos e a amada. Casou-se três vezes, e com a mesma mulher. Vinte e cinco, cinquenta, sessenta. Prata, Ouro e Brilhante. Um amor que se nota na pequena luz no olho esquerdo ao mencionar a esposa. E o que ela comprou com o dinheiro que ele deixou antes de partir? “Nunca soube. Perguntei-lhe uma vez, mas ela não se lembrou.”

domingo, 4 de janeiro de 2009

Os filmes de 2008

Está no ar minha famigerada lista dos melhores filmes de 2008. Foram 44 películas lançadas em 2008 - no cinema ou diretamente em DVD - que tive o privilégio de conferir. No total, foram quase 230 filmes vistos. De Federico Fellini a Tim Burton; de Charlie Chaplin a Jacques Tati; de Stanley Kubrick a Woody Allen... clássicos, contemporâneos, animações gráficas, comédias, dramas, thrillers... Filmes excelentes, filmes fracos. Enfim, foi um ano de descobertas cinematográficas surpreendentes.