segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Comic Con Experience: sexta-feira

Bom, conforme escrevi no post anterior, sexta-feira foi o único dia que fui à CCXP. Foi também a primeira vez que acompanhei painéis - em 2014, quando fui voluntária, vi apenas uma parte do painel da Pixar.
Eu pretendia chegar à São Paulo Expo - onde aconteceu a CCXP - às 10h, que é o horário de abertura do evento. Porém, na comunidade do evento, algumas pessoas que já haviam ido na quinta-feira estavam recomendando chegar o mais cedo que pudesse, para evitar filas gigantes. Como eu moro muito perto do local - a pé dá 25 minutos -, e não dependeria das vans que saíam do metrô Jabaquara (elas só chegariam lá depois), saí o mais cedo que consegui e cheguei lá às 9h. Surpresa, já tinha uma filona e muita gente aguardando abrirem.
OK, já esperava algo assim. Só me restava torcer para conseguir entrar no primeiro painel e garantir meu lugar até o último (o auditório não é esvaziado entre os painéis, sai quem quer e, se quiser voltar, tem que enfrentar toda a fila de novo - ou seja, saiu perdeu).

Já estava com a mochila abastecida de salgadinhos, iogurte e suco, então beleza eu ficar com a bunda o dia inteiro sentada na poltrona do auditório. Cheguei, mais fila, mas consegui um lugar no auditório - não ótimo nem ruim, bem OK. Primeiro painel já tinha começado: John Rhys-Davies, ator britânico que esteve em Indiana Jones e trilogia O Senhor dos Anéis, como Gimli e Barbárvore. Achei ele sarcástico, com humor tipicamente britânico. Nem ele se leva a sério, o que é divertido. Ele saía do palco com microfone e levava para as pessoas que queriam fazer perguntas, o que incluiu um sujeito muito perto de mim, então o vi na minha frente.

Segundo painel foi da Universal, o pior do dia. O estúdio não tem nenhum grande filme a ser lançado - a não ser que você esteja doido para ver Warcraft, mas como abomino filmes baseados em games (se tiverem o Michael Fassbender, eu até encaro rs), achei blé demais. Gostei quando falaram de A Bruxa, mostraram 7 minutos do filme. Mas... painel fraco demais, ainda mais se considerarmos que a Universal é um dos grandes estúdios hollywoodianos.

Painel de Umbrella Academy, com Gerard Way (ex-vocalista de My Chemical Romance e, atualmente, autor de quadrinhos) e Gabriel Bá, um dos grandes artistas brasileiros da atualidade. Foi interessante, muito legal saber o processo de criação de uma graphic novel premiada. Fiquei com vontade de ler, já entrou para a minha lista.

O painel seguinte foi da Marvel Comics, tipo um "o que está por vir". Eu gostei que levaram uns artistas brasileiros muito gente fina, tinha um deles extremamente engraçado e espontâneo, anti-estrela e muito pé no chão. Foi meio que uma aula de como fazer um painel para gente que não entende nada do seu tema e, ainda assim, ser legal.

O da Fox foi surpreendente. Ao menos na parte que diz respeito ao longa de Snoopy, que contou com a presença do diretor do filme, Steve Martino, apresentado por Carlos Saldanha (google it). Adorei terem falado do processo de criação e adaptação das tirinhas de Charles Schulz. Passaram vários trechos, mostraram muita coisa legal. Ponto para Fox!
Depois falaram de Kung Fu Panda 3. Olha, nem curto muito esses filmes/animações que chegam à terceira parte, mas passaram um trechão e eu adorei. Se bem que curto o Po, é um dos meus personagens favoritos das animações. Ah, o Lucio Mauro Filho estava lá, porque ele dubla a versão em português - eu sempre vejo a original, com voz do Jack Black.
Depois foi a vez de Deadpool, mas sem novidades. Eu já sabia de tudo o que mostrou. Pelo menos deram um pôster do filme para quem estava no painel, só não sei o que fazer com ele haha.

A hora e a vez da lenda Frank Miller. Eu juro que queria ceder meu lugar a um fã de verdade do artista, porque a pessoa iria desfrutar bem mais do que eu - eu nem leio quadrinhos de heróis, só conheço as adaptações de histórias dele para o cinema e nem curto (acho 300 uma bosta e Sin City é um filme mega hypado). OK, foi legal, mas só para dizer um dia que "eu vi um painel do Frank Miller" rs.

Outro artista venerado que esteve lá, logo após o Miller, foi Jim Lee. Eu gostei mais do painel dele porque achei a abordagem diferente. Se bem que o Miller está com câncer, então está bastante debilitado, não dá para exigir muito de uma pessoa que está em recuperação. É que Miller também estava lá como a lenda, e Jim Lee foi tratado com respeito, mas menos venerado. Ele é simpático para caramba, divertido. Gostei quando ele falou do início de carreira, de como entrou para a Marvel e DC - e de como os pais dele não queriam que seguisse a profissão.

OMG, painel da Netflix! As novidades que estão pro vir para o "canal" e dois painéis dedicados exclusivamente às séries Jessica Jones e Sense8. Seriam 2 horas só sobre o conteúdo da empresa. Começaram com os trailers do spin off longa metragem de Marco Polo (série que não consegui passar do primeiro episódio, achei bem ruim) e de uma continuação (ou prequel) de O Tigre e o Dragão, passaram uma cena da segunda temporada aguardadíssima de Daredevil e... Jessica Jones.
Bem, David Tennant foi o motivo de eu ter ido à CCXP na sexta-feira e ficar o dia inteiro sentada vendo painéis. O lugar estava cheio de whovians, alguns sem noção - fanboys e fangirls que não conseguiam se conter. O David ficou impressionado com a quantidade de fãs que tem no Brasil, e frisou isso. A Krysten Ritter estava com ele, mas o David era o mais assediado, obviamente.
Só que eles estavam lá para divulgar Jessica Jones, e a Netflix deve ter ficado putinha porque tinha muitos whovians e ficou parecendo painel de Doctor Who. Segundo dizem, foi a própria Netflix que mandou ENCERRAR o painel depois de apenas 10 minutos. Sim, cortaram até a parte que o David ia responder a uma pergunta do público. O PIOR é que ninguém se retratou publicamente sobre o que aconteceu, ficaram meio que culpando os whovians. Mas o fato é que foi desorganização e falta de respeito por parte de todos os envolvidos - CCXP e Netflix. Afinal, culpar quem ajudou a lotar um auditório - e a vender ingressos encalhados para sexta-feira - é muito fácil, foda mesmo é assumir a culpa e se retratar com todos.
Depois de praticamente expulsarem o David e a Krysten, foi a vez do painel de Sense8. Mas, cá entre nós, o que me interessa uma série dos irmãos Chatowski que sequer vi um episódio? Eu quase me levantei e fui embora, como muitos que estavam lá, mas me segurei até o fim, puta com o descaso com o painel de Jessica Jones.

Saldo final: gostei de ter conferido os outros painéis, mas o desrespeito da Netflix é que foi épico. Saí de lá decepcionada e esgotada, mas ainda assim procurei a mesa do Esad Ribic para autografar meu exemplar de Loki, mas ele já tinha ido embora. Corri para a mesa do Gabriel Bá e Fábio Moon, com Dois Irmãos na minha mochila, e peguei mais fila para ter uma dedicatória eterna deles. Valeu muito a pena!
Depois fui às compras, mas estava meio cheia de andar e ver estandes, fui em algumas lojas e comprei três Asterix, com um ótimo preço, e arrisquei uma HQ que nunca tinha ouvido falar, O Incrível Cabeça de Parafuso e Outros Objetos Curiosos, porque achei a capa muito boa e curti a descrição. Veremos.
 

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Comic Con Experience: o dia anterior

Fiquei indecisa durante meses se participaria do programa de voluntários da CCXP 2016, mas assim que abriram as inscrições, eu me inscrevi rapidamente. Motivos: apesar de ter sido cansativo no ano passado, foi uma experiência muito legal; eu queria ir nos quatro dias, mas não queria pesar meu orçamento com o alto valor do ingresso; queria gastar no evento, como na edição anterior, e, não precisando pagar a entrada, sobraria mais dinheiro para as compras. 
Claro que sendo voluntária, eu estaria pagando para entrar na CCXP - com meu trabalho, afinal de contas. Mas coloquei na balança os prós e contras e estava empolgada para ir de novo como voluntária. Porém, o programa foi cancelado no dia seguinte da abertura das inscrições.
Não vou entrar na discussão, só vou dizer que os esquerdistas-Vila-Madalena (como chamo carinhosamente quem acha que faz o bem para a sociedade só porque leu uns livros e faz protestinho e ameaça no Facebook, mas faz parte da mesma classe-média-sofre coxinha) ficaram fulos e, de fato, apresentaram os argumentos corretos (empresa privada não pode contratar voluntários), mas eles encheram muito o saco e saíram ofendendo e chamando de "burros" aqueles que queriam muito ser voluntários de novo - atitude que desprezo desses seres arrogantes que só conseguem conviver com gente mala que nem eles.
 
Daí f*deu. Já tinha esgotado ingresso para sábado, domingo estava quase acabando e só tinha para quinta e sexta. Ano passado, o dia mais legal tinha sido justamente sábado, então desanimei pagar para ir num dia morno. Até soltarem um vídeo da Krysten Ritter dizendo que viria para a CCXP, para o painel de Jessica Jonese que, talvez, traria o David Tennant. Falaram que seria na sexta e, no mesmo dia que soube, comprei a credencial.
Ficou umas semanas naquela "David Tennant vem ou não vem?". Até que confirmaram e eu me senti igual ao dia em que o Lollapalooza confirmou a vinda do Black Keys. Eu veria meu Doctor favorito, mesmo que de longe, com um monte de whovian mais fanático do que eu. Nossa, fiquei em êxtase.
 
Confesso que desde a confirmação do Tennant, eu nem estive tão ansiosa. Até hoje. Pensar que amanhã vou estar lá, que vou enfrentar filas, que terei que ficar no auditório desde mais cedo para guardar lugar pro painel (que será no finzinho da tarde)... dá um certo pânico, na verdade.
Estou levando dois livros para autografar lá também: Dois Irmãos, de Fábio Moon e Gabriel Bá, e Loki, com arte de Esad Ribic.
Guardei dinheiro para comprar umas coisas lá também, que nem ano passado, mas quero trazer mais coisas ainda. Vamos ver como estarão os preços, né?

No mais, vou ficar emocionada de ver o Tennant. Meu décimo doutor, protagonista de outra série sensacional, Broadchurch, e odiável como o Kilgrave em Jessica Jones. Cara, pensando nisso, acho que nem vou dormir esta noite!
 

domingo, 22 de novembro de 2015

Cicatrização

Ela nutria uma grande paixão por aquele rapaz. Passeavam de mãos dadas pelo parque, dividiam a pipoca no cinema e se viam todo final de semana. Mas um dia, como um impiedoso psicopata, ele enfiou uma faca afiada em seu coração. Como se não bastasse, rasgou-lhe o peito e arrancou o músculo, enterrando-o no jardim.
Ela ficou meses atônita, como que sem vida. O mundo havia perdido as cores, os aromas, os sabores, os sons e as texturas de que tanto gostava: o tom alaranjado do pôr do sol, o cheiro do pão quentinho na padaria, o sabor irresistível do sorvete, o canto do pássaro no quintal, o toque macio do casaco de lã.
Um dia, outro jovem chegou ao jardim. Sentou-se no banco e ficou admirando as plantas e as flores primaveris. Ao notar a terra remexida, não evitou o impulso de analisa-la de perto. Desenterrou um coração quase despedaçado. Levou-o à torneira e limpou delicadamente. Percebeu o rasgo diagonal em seu centro e costurou com agulha e linha. Recuperou-lhe o vigor e procurou a quem pertencia.
Ficou semanas em busca do dono daquele coração maltratado. Um dia, na fila do supermercado, viu a moça à sua frente esquecer uma sacola de compras. Apressou-se para lhe devolver. Quando ela se virou, apática e pálida, descobriu que era a dona daquele coração. Estendeu-lhe a sacola de compras esquecida e lamentou mentalmente por não estar com o coração no momento.
A partir daquele dia, não saía de casa sem o coração da moça. Voltou tantas outras vezes ao mesmo supermercado, na esperança de reencontrá-la. Inesperadamente, a viu na rua, vindo na direção oposta. Sua respiração parou e não sabia como agir. Impulsivamente, chamou-lhe, dizendo que algo havia caído de seu bolso. Quando ela se virou para olhar, ele entregou o coração. Ela sorriu e o colocou de volta no peito. Agradeceu e seguiu seu caminho.
Nunca mais se viram, mas desde então a moça voltou a sentir o mundo do jeito que a fascinava.

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Um clássico revisitado


Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard, 1950) é um dos meus filmes favoritos desde a primeira vez que vi - acho que foi em 2007. Já tinha assistido novamente uns 4 ou 5 anos atrás (tenho em DVD), mas queria muito conferir no cinema, já que é uma experiência cinematográfica completa - direção, roteiro, fotografia, atuações, direção de arte, figurinos...
Claro que o fato de ter meu ator favorito (o extraordinário William Holden) e uma das melhores personagens de todos os tempos (a diva Norma Desmond, interpretada pela magistral Gloria Swanson) o coloca na lista de prioridades. O roteiro soberbo de Billy Wilder (que também dirige), Charles Brackett e D.M. Marshman Jr. , ainda por cima, é um dos melhores da história do cinema (entra fácil num top 3). Justifico isso tudo porque, na mesma semana, o Clássicos Cinemark trouxe outro filme do meu coração, Um Sonho de Liberdade, mas deixei de revê-lo justamente por causa de Crepúsculo dos Deuses.
 
Mas, este post tem o intuito de ir além da minha adoração a essa película. E, aviso com antecedência, que o texto abaixo é repleto de SPOILERS. Portanto, se ainda não assistiu e pretende vê-lo, não leia os parágrafos abaixo.
 
Crepúsculo dos Deuses sempre me chamou atenção pelo cinismo, sarcasmo e ironia. É um pacote completo com estes substantivos abstratos. Porém, desta vez, o filme me soou mais melancólico. Confesso que me senti até mesmo perturbada. Todos os personagens são humanos. Não há vilões, mas pessoas que possuem grandes dilemas, alguns mais sérios do que outros. Há atitudes questionáveis, mas muito sentimento.
A começar por Joe Gillis, um roteirista em crise de criatividade e cheio de dívidas. Bonito e charmoso, é o cinismo em pessoa. Por acaso, ele conhece a diva Norma Desmon, uma ex-estrela de cinema. Joe deve meses de aluguel e seu carro será confiscado para cobrir suas dívidas. Ele já caiu na real que não lhe resta nada além de abandonar Hollywood e retornar à sua cidade natal, no interior de Ohio, e voltar a ser um João Ninguém em um subemprego monótono. Mas é o acaso que lhe inspira ambições.
Norma Desmond, o acaso, é uma milionária de 50 anos de idade, que foi a maior estrela do cinema mudo. Com o advento do som, ela, assim como dezenas de outros astros de sua época, foram engolidos pelo ostracismo. Mas Norma ainda tem fãs: recebe centenas de cartas por mês, todas de admiradores sedentos por seus autógrafos. Ela continua rica graças a investimentos que rendem milhões (petróleo, por exemplo). No entanto, por trás dessa mulher poderosa, esconde-se um ser humano solitário, dependente e depressivo.
Joe se aproveita das fraquezas de Norma. Ela é atraída pelo seu charme irresistível e admira seu talento (ele a ajuda a reescrever o roteiro de um grandioso filme bíblico que marcará o retorno da diva às telas). Apesar de ele se incomodar com a personalidade possessiva de Norma, acaba cedendo justamente por sua ambição - pretende conseguir o que quer e abandonar a mansão da milionária assim que puder.
Sendo um personagem tridimensional, Joe não é um mero aproveitador ou gigolô: ele sente culpa pelo que faz. Quando abandona Norma, fica sabendo que ela tentou cometer suicídio. Imediatamente, volta para vê-la, pois não quer que ela fique mal. Sente compaixão, não quer engana-la. Mas suas mentiras enrola ambos.
Norma, por sua vez, é manipuladora. Sua paixão por Joe é verdadeira, mas ela sofre de problemas psiquiátricos (parece ser bipolar) e sempre foi acostumada a conseguir o que quer. Sabe que Joe precisa de seu dinheiro, e não se importa em compra-lo - contanto que ele não a abandone e a ajude a curar sua solidão, ela faz o que for preciso para tê-lo  por perto.
Max Von Mayerling, o mordomo, foi o primeiro marido de Norma e ainda a ama após décadas. Ex-diretor de cinema (foi ele quem a revelou), humilhou-se a ponto de suplicar para servi-la a vida inteira. É ele quem cria o "mundo de fantasia" na qual Norma habita: as cartas de fãs são todas dele; ele esconde a verdade sobre a possível volta da ex-estrela às telas e insiste para que Joe não a abandone. Para ele, o bem-estar de Norma é o que importa: não quer vê-la sofrer nem se autodestruir.
O trio principal é o que suscita mais reflexão. O espectador tende a julgar cada um deles, cada atitude. Mas, acaba sendo impossível, pois quando você conhece a história pessoal dos personagens, acaba entendendo suas ações - sem concordar com elas, obviamente.
Por fim, há uma personagem coadjuvante que cativa por sua inteligência e personalidade forte: a jovem roteirista Betty Schaefer, namorada de Artie, melhor amigo de Joe. Betty convida Joe a escrever um roteiro derivado de um projeto rejeitado dele. Escondido de Norma, ele passa noites ao seu lado, trabalhando - o noivo dela é assistente de direção e está filmando em outro estado. A relação deles é estritamente profissional. Porém, chega um momento em que eles ficam mais próximos e, um dia, Betty confessa aos prantos que foi pedida em casamento, mas não ama o noivo: ela está apaixonada por Joe. E ele corresponde. De uma relação sem malícia alguma surge uma paixão complicada, pois nenhum deles quer ferir Artie. Por outro lado, Joe não se importa tanto com os sentimentos de Norma, afinal sente que está cumprindo sua obrigação de fazer-lhe companhia.
 
Resumi ao máximo aquilo que me criou um sentimento de melancolia na história. Paixões não correspondidas e paixões não planejadas. Uma mulher depressiva capaz não apenas de se destruir, mas destruir vidas alheias (ela assassinou Joe quando percebeu que não poderia tê-lo). Seres humanos perdidos que dão sua vida pelo dinheiro (Joe) ou por um amor não correspondido (Max). Não é Hollywood, não é a década de 1950: essa história poderia se passar em São Paulo, no ano de 2015.
 

sábado, 17 de outubro de 2015

Um dos filmes mais belos do mundo

Há uma semana, tive a oportunidade de rever no cinema um dos filmes mais belos que já assisti na vida: Paris, Texas. Dirigido por Wim Wenders em 1984, vi pela primeira vez em 2007. Acho cada fotograma precioso, tudo se encaixa de maneira perfeita: a história, o enredo, os diálogos, os personagens, as atuações, a direção de fotografia, os cenários, os figurinos, a trilha sonora.

É um filme sensível, mas longe apelar para a lágrima fácil. Cada detalhe revela algo sobre seus personagens e histórias: o boné surrado do Travis (o andarilho que inspirou a banda escocesa de mesmo nome); o jogo de cama de Star Wars do Hunter (o garotinho sensacional); a cor do carro de Jane (Natassja Kinski, naturalmente bela, cativante e talentosa)...

Aliás, um dos aspectos de que mais gosto no filme é seu jogo de cores, especialmente tons verdes e avermelhados, ora opacos ora brilhantes, como néon. São cores contrastantes, e seu uso vai além do aspecto estético e cria uma identidade a cada cena na qual são empregadas. Afinal, nada é em vão sob o olhar meticuloso de Wim Wenders, um diretor talentoso na construção de planos e cenas.

No final, Paris, Texas é um daqueles filmes que, conforme chega ao final, dá um nó no peito, mas afrouxa conforme os créditos finais sobem. A música de Ry Cooder une dedilhados áridos a melodias suaves, embalando cada desejo e esperança, fazendo com que sejamos todos como Travis: pessoas que erram, perdem-se e se encontram, conscientes de tudo o que fizeram e esforçadas para corrigir os erros não em benefício próprio, mas daqueles que amam.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Tirando o pó - ou "6 meses depois"

Saudades de escrever aqui. Eu sei que, teoricamente, acabou, mas queria tirar um pouco o pó. Surpreendentemente, os acessos ao blog continuam altos - talvez até maiores do que antes, visto que não atualizo há mais de 6 meses.
Às vezes, sinto falta de comentar minhas besteiras do dia a dia. Sei lá, outras redes sociais parecem que não dão conta. Aqui eu sentia mais liberdade de ser eu mesma - até sentir essa liberdade ser podada.
Meu outro espaço não é a mesma coisa. É muito mais restrito, meus temas são totalmente outros. Aqui eu era mais teenager. Então, sinto falta de reler os meus próprios registros despretensiosos - a que se acha rs.
Sim, apesar de ter estado deprimida em grande quantidade de posts publicados por aqui, eu ainda me divertia ao reler meus relatos - alguns deles.
Quem sabe eu volte aos poucos? Ou não. Pode ser um ensaio e eu desista a qualquer momento. Ah, bom demais não precisar me comprometer com nada e ninguém - textos regulares e leitores. Afinal, já tenho leitores em outros meios. Não. Brincadeira. Não seria pedante a ponto de desconsiderar os curiosos de boa índole que por aqui já passaram.
Bem, foram tantas séries e filmes para contar! Outras coisas não, acho que interessam mais a mim, né? Personagens reais e fictícios. Se eu escrever crônicas, ninguém vai saber mesmo até que ponto é verdadeiro ou imaginário, como muita coisa que já publiquei.
Posso desistir a qualquer momento. Mas pode ser até legal, enquanto durar.

domingo, 5 de abril de 2015

Fim do blog

Este blog será descontinuado. Em breve criarei outro espaço, em outro endereço e com outro nome. Peço aos interessados em continuar acompanhando que deixem algum contato no comentário - pode ser email ou o que preferir -, pois não vou publicar o comentário, apenas ler. Ou quem já tem contato comigo, é só pedir (não vou mandar correntes de email nem de mensagens no Facebook).

O presente blog não será deletado. Apenas deixará de ser atualizado.

sexta-feira, 3 de abril de 2015

Uma música para abril

Simon & Garfunkel - April Come She Will 
April come she will
When streams are ripe and swell with rain
May she will stay
Resting in my arms again

June she'll change her tune
In restless walks she'll prowl the night
July she will fly
And give no warning to her flight

August die she must
The autumn winds blow chilly and cold
September I'll remember
A love once new has now grown old


terça-feira, 31 de março de 2015

Mais uma etapa

Sinto-me como se tivesse finalizado mais uma etapa. Há anos planejava começar uma pós-graduação, porém não encontrava um curso que me agradasse, ou eram todos caros demais para o meu bolso. Quando consegui me estabilizar e calculei que seria possível conciliar com o trabalho e, o mais importante, pagar, fiz a matrícula.
O curso atrasou, demorou uns dois meses para começar, porque ainda estavam formando a turma. Foram praticamente dois anos de aulas - e férias e tempo de preparo para a monografia -, com seus bons momentos, decepções, estresse, aprendizado, sono. Dias de desgaste, dias de aproveitamento. Nada é perfeito, fato. Sinto como se tivesse aproveitado o que me foi oferecido, mas, como geralmente acontece em cursos que pagamos do nosso próprio bolso, esperava mais. 
No mais, fiz ótimas amizades no curso, tive professores sensacionais e consegui refletir melhor sobre minha carreira, meus descontentamentos e até sobre esse meu jeito idealista. Minha monografia não foi simplesmente uma obrigação para tirar o certificado: eu me empenhei de verdade, busquei força nos momentos menos propícios e aprendi muito com ela. Li autores excelentes, aprendi coisas que jamais aprenderia se não fizesse esse trabalho. 
Ser aprovada com uma boa nota demonstra que nada foi em vão - e que posso continuar com minha linha de pesquisa, se quiser. Ainda não decidi o que fazer, sinto como se fosse um pouco cedo para isso. Quero descansar um pouco a mente e me dedicar a outras atividades por um tempo, pois não penso em começar outra etapa tão logo.
Foi uma fase importante para mim, pois em alguns momentos me senti insatisfeita e pensei em desistir, mas fui insistente - se já tinha chegado até ali, deveria me esforçar para prosseguir. Acho que é um cansaço comum, ainda mais nos dias de hoje em que, com qualquer pessoa que converse, denoto o mesmo cansaço. Antes de considerar isso uma conquista profissional, devo pensar que foi uma conquista pessoal, pois foi uma escolha minha, eu decidi fazer uma pós naquele momento determinado e prossegui. 

Enquanto ainda não faço ideia da minha próxima etapa, quero aproveitar o final desta da qual me despeço.

sexta-feira, 27 de março de 2015

O "questionário do amor" (parcialmente) respondido

Estava lendo esta reportagem da Galileu sobre como a ciência e a tecnologia podem ajudar a encontrar o amor. Achei interessante, mas sabemos que o que funciona para uns, pode não funcionar para outros - tipo esses gadgets que "dão carinho", mandam mensagens românticas automaticamente etc. Cada pessoa tem um repertório, e o desespero para encontrar alguém e ser amado é mais destrutivo do que qualquer coisa.

Com todos os poréns sobre o texto e suas previsões (eu quase parei de ler quando citaram Ela rs), no final tem um questionário que dizem poder ajudar a fazer duas pessoas se apaixonarem: cada uma responde o seu e depois uma encara a outra por 4 minutos, sem desviar o foco da atenção. Achei um tanto engraçado, porque eu não consigo olhar direito as pessoas nos olhos, mas a parte das perguntas é interessante. Vamos ver se alguém fica 50% apaixonado por mim MESMO depois de ler minhas respostas sinceras - para não dizer expositivas.

O professor Arthur Aron elaborou um método para criar intimidade romântica. escolha alguém que combine com você, e Façam as perguntas um ao outro na sequência apresentada. lembre-se de responder com honestidade. 

1. Se pudesse escolher qualquer pessoa no mundo, quem você convidaria para jantar?
Tom Hiddleston - usando aqueles óculos hipster do Comic Relief.

2. Gostaria de ser famoso? Como? 
Sim, somente pelo meu trabalho, meus textos, meus (futuros) livros.

3. Antes de fazer uma ligação telefônica, você ensaia o que vai falar? Por quê? 
Sim. Porque gaguejo e me perco no meio das frases.

4. Como seria um dia perfeito, para você? 
O dia perfeito seria sem planos, mas aconteceria como se tivesse um roteiro: todas as coisas que gosto aconteceriam, sem eu esperar por elas.

5. Quando foi a última vez que cantou sozinho? E para alguém? 
Sozinha não lembro, provavelmente distraída fazendo alguma coisa em casa. Para alguém, que eu me lembre, foi em 2010, para um intercambista que conheci na Nova Zelândia.

6. Se pudesse viver até os 90 anos e ter o corpo ou a mente de alguém de 30 durante os últimos 60 anos de sua vida, qual das duas opções escolheria? 
O corpo, porque acho mais necessário uma mente amadurecida e evoluída, não quero pensar do mesmo jeito que penso agora com 90 anos. É mais uma questão de não querer ter sempre a mesma cabeça do que de vaidade.

7. Tem uma intuição secreta de como vai morrer? 
Sim. E é secreta.

8. Diga três coisas que acredita ter em comum com seu parceiro. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

9. O que faz você se sentir agradecido na sua vida? 
Pelos amigos e pessoas que demonstram o que sentem por mim por meio de suas ações (carinho, respeito, compreensão, admiração...).

10. Se pudesse mudar algo no modo como foi educado, o que seria?
Queria que tivessem exigido bem menos de mim.

11. Use quatro minutos para contar a seu companheiro a história de sua vida. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

12. Se amanhã você pudesse se levantar desfrutando de uma habilidade nova, qual seria? 
Poder voar.

13. Se uma bola de cristal pudesse contar a verdade sobre sua vida, o que você lhe perguntaria? 
Eu tenho algum propósito neste mundo?

14. Há algo que há muito tempo deseja fazer? Por que ainda não fez? 
Sim, não fiz porque não tenho dinheiro.

15. Qual é a sua maior conquista? 

16. O que mais valoriza em um amigo? 
A preocupação e a pró-atividade - aquela pessoa que pergunta de você e te chama para fazer alguma coisa, não fica só esperando isso vir do outro.

17. Qual é sua lembrança mais valiosa? 
Minha viagem sozinha à Nova Zelândia.

18. Qual é sua lembrança mais dolorosa? 
Pensar em todas as vezes que quis fazer mal para mim mesma.

19. Se você soubesse que vai morrer daqui a um ano de maneira repentina, mudaria algo em sua maneira de viver? Por quê? 
Não. Porque não adiantaria, se vou morrer de qualquer jeito.

20. O que significa a amizade para você?
Compreensão, apoio, respeito e jamais julgar o outro por qualquer coisa.

21. Que importância têm o amor e o afeto em sua vida? 
São importantes, embora não sejam necessários o tempo inteiro.

22. Compartilhem, de forma alternada, cinco características que consideram positivas em seu companheiro. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

23. Sua família é próxima e carinhosa? Você acha que sua infância foi mais feliz que a dos demais? 
Às vezes. Não acho que minha infância foi mais feliz que a dos demais.

24. Como se sente em relação a sua mãe? 
Ambiguidade.

25. Diga três frases usando o pronome “nós”. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

26. Complete esta frase: “Gostaria de ter alguém com quem compartilhar...”. 
...meus momentos de felicidade e meus receios.

27. Se fosse terminar sendo amigo íntimo de seu companheiro, divida com ele algo que seria importante que ele soubesse. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

28. Diga a seu companheiro do que mais gostou nele. Seja muito honesto, e diga coisas que não diria a alguém que acaba de conhecer. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

29. Divida com seu companheiro um momento embaraçoso de sua vida. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

30. Quando foi a última vez que chorou na frente de alguém? E sozinho? 
Na frente de alguém: Anteontem. Sozinha: Anteontem também.

31. Conte a seu companheiro algo de que já gosta nele. 
Opa, pulo essa porque só vale no experimento.

32. Há algo que seja tão sério a ponto de não ser adequado fazer piadas a respeito? 
Sim, fazer piadas sobre a aparência dos outros e sobre acontecimentos que possam representar dor para as pessoas.

33. Se fosse morrer esta noite, sem a possibilidade de falar com ninguém, o que você lamentaria não ter dito a uma pessoa?  Por que não disse até agora?
Nada, pois acho que se não disse antes, não me faria sentir melhor nem mudaria nada se dissesse agora.

34. Sua casa está pegando fogo, com todas as suas coisas dentro. Depois de salvar seus entes queridos e seus bichos de estimação, sobra tempo para fazer uma última incursão e salvar um único objeto. Qual você escolheria? Por quê? 
Meu notebook, porque é minha ferramenta de trabalho e social.

35. De todas as pessoas que formam sua família, qual morte seria mais dolorosa para você? Por quê? 
Que pergunta f*da. Não sei responder. Mesmo.

36. Divida um problema pessoal e peça a seu companheiro que diga como ele teria agido para solucioná-lo. Pergunte também como ele acha que você se sente em relação ao problema que contou.
Opa, pulo essa porque só vale no experimento (mesmo se valesse, não diria aqui).