terça-feira, 29 de julho de 2008
Confissões de uma mente sem lembranças
domingo, 27 de julho de 2008
KITH
terça-feira, 22 de julho de 2008
Eckhart versus Ledger
Não sou fã de loiros, mas sou fã de Aaron Eckhart
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Confissões da carne
Eu tive um sonho: estava tentando desesperadamente me tornar vegetariana – e não conseguia. Já ouvi dizer que nossos sonhos ou pesadelos revelam algum desejo ou medo preso ao nosso subconsciente. Faz alguns anos que eu penso nessa questão do vegetarianismo, e agora essa reflexão se tornou mais frequente, não por influência de ninguém, mas por questão ecológica mesmo.
No dia seguinte ao sonho, no horário de almoço do trabalho,estava em um self-service. Naquele instante, com o prato nas mãos, relembrei o sonho. Decidi imediatamente que não comeria carne. Pronto. Uma refeição livre de assassinatos.
Hora do jantar, em casa. Adoro frango assado, mas optei por seguir minha decisão. À noite, me senti como o leão de Madagascar (aquela animação tosca da DreamWorks), obrigado a se tornar um vegetariano, mas que vê no melhor amigo a tentação de devorá-lo. Não foi por eu ter passado um dia inteiro sem comer carne – afinal, isso já aconteceu muitas outras vezes –, mas pela pressão que acabei impondo a eu mesma de ser, pelo menos por uma semana, vegetariana.
Na hora do almoço do segundo dia, consegui passar longe da carne – com um tanto de sacrifício, confesso. Só que o jantar não escapou. Senti-me, ao mesmo tempo, uma vítima da comida boa que minha mãe faz e uma traidora dos animais indefesos criados justamente para me alimentar, um ser humano preguiçoso e hipócrita.
Mas eu não desisti. Estou tentando, aos poucos, me tornar uma vegetariana. Espero o apoio de amigos, sejam eles herbívoros ou onívoros. É preciso ser paciente e ir aos poucos. E, sim, isso está parecendo um discurso de Onívoros Anônimos...
sexta-feira, 18 de julho de 2008
Sam tocou de novo
Sam sentou ao piano e tocou nossa música. Os versos soavam mais tristes do que nunca, acompanhados pela melodia melancólica da canção. Uma lágrima insistiu em escapar do globo ocular, mesmo eu lutando bravamente para contê-la. Não sabia que ele estava por perto, logo atrás de mim. Aproximou-se, fez um comentário irônico sobre a canção e sentou ao meu lado. Fitou meus lábios trêmulos e lançou um olhar de compaixão. Como odiei aquilo. Sam percebeu e interrompeu a canção quando entoava o refrão. Ficou nos observando, aguardando o início da discussão, até que ele finalmente se dirigiu a mim e pronunciou meu nome com desprezo. Seu hálito cheirava a whisky, e fui obrigada a virar o rosto. Sam começou outra música, mais alegre. Talvez quisesse mudar o ambiente, que se tornava mais sufocante conforme eu era acusada de tê-lo obrigado a agir daquela maneira. Olhei em seus olhos – aqueles olhos, agora vazios, onde um dia mergulhei e me extasiei – sem dizer uma só palavra. Comecei a enrubescer; fiquei com as pernas bambas e a mente tortuosa. Em câmera lenta, depositei a pequena taça com licor em cima do balcão, e levei minha mão aberta ao sei rosto. Ele não reagiu ao tapa, apenas parou de falar. Sam lançou um olhar surpreso para mim e engasgou enquanto cantava algo sobre a pessoa amada ser o pote de ouro no final do arco-íris. Levantei, paguei minha bebida e saí dali.
terça-feira, 15 de julho de 2008
Tepemer ou não tepemer? Eis a questão
Eu já tive crises de TPM. E eu não usava isso como mera desculpa para falar besteiras sem pensar ou chorar por impulso, já que algumas vitimas foram professores da faculdade. Sempre me considerei (não que fosse) uma daquelas alunas exemplares e esforçadas, em busca da perfeição e dos elogios alheios. Quando algo não saía do jeito que eu previa, dependendo do período do mês e da efervescência hormonal, o melhor que poderiam fazer por mim seria sair de perto. Lembro de um professor que deu uma nota mais baixa do que eu esperava, e teve que ouvir umas boas besteiras. Uns dois dias depois, quando eu descobri de onde vinha aquela rabugice, decidi pedir desculpas a ele e explicar minha explosão.
- Eu não devia ter dito nada daquilo, mas não estava bem naquele dia. Era TPM.
- Ah, entendo. Coisas de mulher.
Outro que presenciou um ataque foi (oh não...) o coordenador do curso. Mas dessa vez eu demorei mais para ligar o fato ao acontecimento mensal. Fui reivindicar algo, e acabei me exasperando. Comecei a chorar e a desabafar, como se estivesse num psicólogo – não, não... naquele dia estava mais para psiquiatra mesmo. Até que no final foi bom, pelo menos botei para fora. Só que nunca pedi desculpas ou expliquei o motivo daquela reação. Melhor deixar assim.
A irritabilidade da TPM é algo que a gente só examina depois que o estrago foi feito. Já é possível prevenir, pois existem medicamentos contra TPM, mas quem disse que eu quero ficar tomando formulações químicas para algo com o qual tenho de aprender a lidar? Parece que querem criar um exército de mulheres perfeitas: turbinadas, com cabelos alisados, bronzeado duradouro, pós-graduadas em sexo tântrico, sem celulites, sem rugas, sem barriga e... sem TPM? Excuse moi, mas esses lapsos mensais fazem parte do meu charme.
terça-feira, 8 de julho de 2008
segunda-feira, 7 de julho de 2008
A importância de não ser coisa alguma
Estava lendo – mais uma vez – sobre agnosticismo na Wikipédia. No momento, a vertente no qual eu me enquadro melhor é a seguinte:
Ignosticismo - Embora se questione a compatibilidade deste grupo com o agnosticismo ou ateísmo há quem o considere como um grupo agnóstico. Este grupo baseia-se na ideia de que é mais importante definir de forma coerente Deus e que a existência ou não de Deus é um mero pormenor secundário sem relevância. Um Ignosta diria "Não sei. O que considera "Deus"?".
Ateus ou materialistas: Douglas Adams (autor de Guia do mochileiro das galáxias), Woody Allen, Matt Bellamy (Muse), Ingmar Bergman, Björk, Fidel Castro, Noam Chomsky (sociólogo), David Cronenberg (diretor de Senhores do Crime), Marie Curie (física), Dave Foley (Kids in the Hall e série Newsradio), Jodie Foster, Noel Gallagher, Bob Geldof (idealizador do Band-Aid e do Live Aid), Jean Luc Godard, Katharine Hepburn, Angelina Jolie, Diane Keaton, Kevin Kline, Bruce Lee, Vladimir Lênin, John Malkovich, Ian McEwan (autor de Reparação), Cillian Murphy (ator de Extermínio), Randy Newman (compositor), Jack Nicholson, Oscar Niemeyer, Friedrich Nietzsche, Joaquin Phoenix, Ray Romano (criador e ator da série Everybody loves Raymond), Robert Smith, Steven Soderbergh (diretor de Traffic), Ted Turner (fundador da CNN), Roger Waters, Tom Wolfe (jornalista e autor de Fogueira das vaidades), Frank Zappa.
sexta-feira, 4 de julho de 2008
Pausa para o recreio
quinta-feira, 3 de julho de 2008
Sons vazios
Ela estava em pé, próxima à janela do quarto, observando o trânsito silencioso daquela manhã de domingo. Do segundo andar não tinha uma vista muito privilegiada do parque; conseguia ver o portão azul totalmente aberto, que permitia a entrada de atletas amadores e famílias com crianças ansiosas montadas em bicicletas. Enxergava também um banco de cimento e um casal de idosos ali sentado, o marido lendo o jornal e a esposa assistindo aos passantes.
Deitado na cama, ele parecia dormir profundamente. Sempre parecia estar em um sono interminável, e a única coisa que poderia acordá-lo seria a claridade da janela ou uma leve sacudida. Ela poderia ligar o rádio, usar o liquidificador ou bater a porta do banheiro que ele não acordaria. Não ouviria também um sussurro próximo desejando bom dia ou um convite para levantar e aproveitar aquele dia ensolarado e fresco. Aproximou-se suavemente e lhe deu um beijo no rosto. A barba por fazer arranhou os lábios quando ele se moveu naquele instante, um pouco assustado. Quando percebeu que era ela, abraçou sua cintura e acariciou os cabelos lisos, retribuindo o beijo que o acordara. Ela apontou para a janela e demonstrou por meio de gestos e expressões o quanto gostaria de estar lá fora, no parque. Ele compreendeu e sinalizou que preferia tomar o café da manhã antes de sair.
Enquanto ele se trocava, ela recordou uma canção antiga que o avô costumava tocar na vitrola. Entoou os primeiros versos, deus uns passos de dança e estendeu o lençol sobre a cama. Fechou os olhos e continuou a cantar, dando pequenas pausas para relembrar palavra ou outra que havia escapado à memória. Quando percebeu o que estava acontecendo no quarto, ele parou e a fitou atentamente. Sentiu-se excluído do mundo dela, deixado de lado, sem poder compartilhar o que parecia deixá-la em êxtase. Era a mesma sensação de quando era mais jovem e a família se reunia em frente à TV, elogiando estranhos que se apresentavam e lançavam olhares de sofrimento às câmeras.
Ela terminou a canção e abriu os olhos. Estava sozinha no quarto, com a cama ainda desarrumada. Foi à cozinha e o encontrou sentado à mesa, com o olhar fixo na parede de azulejos brancos. Suspirou e sentou ao seu lado. A partir daquele dia, não cantou em sua companhia, pois sabia o que ele mais queria: poder ouvi-la. Olhou em seus olhos, sorriu e deu uma mordida no biscoito. Era crocante, mas não fez barulho.