domingo, 31 de maio de 2009

O pequeno grande Buster Keaton

Sou fã de Charlie Chaplin. Admiro seu trabalho e considero sua contribuição para o cinema uma das maiores que um artista poderia fazer. É inquestionável que ele foi um grande nome do cinema mudo, com suas comédias que faziam crítica social ora de um modo pastelão, ora extremamente político. Mas Chaplin não esteve sozinho na empreitada de levar a comédia ao público de cinema na década de 20. Entre outros artistas da época, havia outro homem de 1,65 (mesma altura de Chaplin), famoso por encarnar o mesmo tipo de personagem: Buster Keaton.
Nascido Joseph Frank Keaton VI, ganhou aos seis meses de idade o apelido Buster (destruidor) do famoso mágico Houdini, após cair de vários degraus da escada de um hotel sem se machucar. Desde criança fazia espetáculos de vaudeville com o pai e a mãe no que ficou conhecido como The Three Keatons. A experiência como acrobata circense foi levada ao cinema, mas o que mais chamava a atenção em Buster, além de suas proezas físicas, era o fato de estar sempre sério, o que resultou em outro apelido: Rosto de pedra.
Conheci o trabalho do ator e cineasta em 2007, numa maratona de filmes no Centro Cultural São Paulo, onde foram exibidos
The General, The Saphead, The High Signs, One Week e The Three Ages. Instantanemente percebi que aquilo era coisa de gênio e fui atrás de outros filmes - curtas e média metragens -, aproveitando a programação do Sesc e a oportunidade do DVD: Steamboat Bil Jr.; The Scarecrow; The Boat; The Electric House; Seven Chances; The Balloonatic e Neighbors. Seu tipo de humor me lembra muito os desenhos da Warner, como Pernalonga, e algumas estripulias do Jackie Chan.
Na década de 50, Buster teve ainda participação em dois grandes filmes:
Sunset Boulevard, de Billy Wilder, e Limelight, de Charlie Chaplin, com quem dividiu uma emocionante cena cômica no final.
Abaixo, um video tributo com alguns dos grandes momentos de Buster no cinema:




segunda-feira, 25 de maio de 2009

Dona Marta e o viúvo

- Eu só vou me casar com um homem que seja viúvo.

Esse era o plano de casamento para Dona Marta, solteira aos 46 anos. Conheceu poucos homens na vida e, com alguns deles, passou mais tempo do que deveria. Cansada de assistir à casa se tornar um acampamento de marmanjo toda vez que oferecia o teto e o jantar, tomou a decisão de só se envolver a sério com quem valesse a pena o suficiente para casar. E como todas as tentativas de romance anteriores eram apenas com solteirões que queriam sair debaixo das asas da mãe, mas não tinham maturidade o suficiente para bancar nem metade das despesas de um lar, chegou à conclusão de que experiência seria o mais relevante na hora de encontrar um novo amor.

- Eu te entendo pelos trastes que passaram por aqui, mas precisa ser viúvo? Homem separado não conta? – questionou Irene, sentada à mesa na casa da amiga, bebendo uma xícara de café fresco.
- Não, porque se separou é que aprontou. Mulher da nossa idade só deixa homem disparar de casa se é um mulherengo que não vale nada. E muitos nem são expulsos, fogem com a sem-vergonha que arrumou e deixa a coitada com os filhos e sem pensão.
- Para você não existe meio termo mesmo. Mas por que defende viúvo?
- Ah, é um amor que se consumou até que morte separasse o casal. Ele fica, sofrendo, e só se envolve com outra mulher de verdade quando o amor é tão grande que ele supera a dor.
Dizendo isso, lançou um olhar romântico para a janela e notou uma mancha no vidro. Subiu na cadeira e esfregou um paninho, voltando à conversa com uma conclusão:
- Da nossa idade, só viúvo que sabe valorizar a mulher. Homem só aprende quando a perda é grande, e eu não quero ensinar ninguém os deveres masculinos numa casa.

Algumas semanas depois, Irene conheceu um viúvo. Parente de um vizinho, morava sozinho desde a morte da esposa, há seis meses. Passava uns dias na casa do irmão, a quem não via há muito tempo, e despertou a curiosidade de Irene a ponto de ela traçar um plano para ele e Dona Marta se conhecerem.
- Agora você não reclama mais que eu não venho te visitar. Tem alguém batendo palma lá no portão.
- Ah, é uma pessoa que quero apresentar, o Seu João…
- Lá vem você! Mas eu tô bem assim!
- É viúvo e um homem muito educado.

Dona Marta disfarçou a excitação e Irene foi abrir o portão para o visitante, que cumprimentou a amiga de Irene e se sentou ao lado dela no sofá. A conversa foi tranquila, sem faíscas, mas Irene insistia na ideia de haver um interesse entre os dois. E, de fato, havia. Discretamente, ele pediu o telefone de Dona Marta para convidá-la à quermesse da igreja na próxima semana. Ficaria algumas semanas na cidade e poderiam se ver mais vezes. E se viram tanto que a estadia do homem se estendeu até ele pedir a mão de Dona Marta em casamento.

- Só dois meses depois daquele encontro na sua casa e já quer ir ao altar comigo!
- Mas não era isso que você queria? Um viúvo educado e de boa família? O irmão dele é trabalhador, ele deve ser também.
- E é, pelo que disse. Eu já estou velha e não vou desperdiçar. Não tem como dar errado, o amor dele por mim superou a dor da perda da esposa…

Dona Marta aceitou o pedido e Seu João ficou feliz. O casamento foi marcado para dali a alguns meses, tempo suficiente para ele vender a antiga casa e comprar uma nova na cidade para os dois. Ela não precisaria mais pagar aluguel e teria um homem de verdade ao seu lado.
Às vésperas do casamento, resolver entrar no assunto da esposa do viúvo. Nunca havia colocado a falecida como assunto principal da conversa, mas naquele momento sentiu que tinha liberdade para fazer perguntas mais pessoais, aproveitando a leveza trazida por alguns cálices de vinho tinto.

- João, você ficou muito triste quando sua mulher morreu?
- Por que falar disso agora?
- Porque você sempre evitou falar dela, e agora que vamos nos casar deve estar menos triste, pois um novo amor supera a dor.
- Não sei dizer… triste assim… - a lentidão do raciocínio denotava embriaguez, mas o homem se esforçava – Foi até rápido… ela tinha problema no coração… todo mundo sabia… tomava remédio… fazia tratamento… mas ninguém esperava…
- Ela não sofreu, então? Não mais do que você?
- Não muito… o efeito da bolinha foi… rápido.

Ao ouvir isso, Dona Marta arregalou os olhos e disse precisar ir ao banheiro. Antes, correu para a sala e tirou o telefone sem fio do gancho.
- Alô, Irene. Você não vai acreditar…
- Marta? É você? Tá falando com a voz baixa, o que aconteceu?
- O Seu João matou a mulher! Perdi minha fé nos viúvos também. – e esperou a polícia aparecer na porta de casa após Irene desesperar-se pela vida da amiga.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ali, lá, acolá... menos aqui

Boa noite escassos e queridos leitores! Tudo bem com vocês? Eu estou bem, sim, obrigada. Digamos que aqueles intervalos um tanto longos que eu estava tendo na redação, nos últimos meses, acabaram. E eu tenho outro canto, como alguns sabem, e pretendo me dedicar um pouco mais a ele - já tem resenha nova, do filme A garota ideal, com o chuchuzinho do Ryan Gosling. Em breve, também comentarei Star Trek por lá e, quem sabe, Wolverine.
Aliás, meu Twitter ainda é atualizado com algumas bobagens e dicas interessantes. Uma delas é esta, que rola amanhã em São Paulo. Estarei lá.
Bem, semana passada terminou a segunda temporada da genial The Big Bang Theory, que só volta em setembro. Até lá, vou sentir falta do Leonard, Sheldon, Raj, Howard e Penny. E ainda pretendo fazer alguns tops de melhores momentos da série aqui mesmo.
Quem tiver ideias de temas para crônicas, memes e afins, é só comentar ali embaixo. No mais, até!

domingo, 17 de maio de 2009

Por que os Irmãos Coen são fantásticos?

Duas cenas maravilhosas que argumentam contra qualquer crítica aos Irmãos Coen. 

Sequência de Ajuste Final (Miller's Crossing), película de 1990. Nela, o gângster Leo (Albert Finney) revida a um ataque de forma furiosa sem perder a elegância. Infelizmente não conseguir incorporar a video e a imagem está com baixa qualidade, mas recomendo o filme inteiro. Assista
aqui.

No premiado Onde os fracos não têm vez (No country for old men), de 2007, uma verdadeira aula de cinema sobre como criar tensão sem apelar para a trilha sonora, utilizando o silêncio como elemento para explorar o desconhecido . O video está neste link.

sábado, 16 de maio de 2009

25 momentos "eu não"...

... fumo.
... suporto que fumem perto de mim.
... gosto de pagode, axé, forró, sertanejo e derivados.
... vou à academia.
... como carne vermelha e de aves.
... sou muito sociável.
... gosto de panelinhas.
... assisti Titanic inteiro.
... assisto Lost.
... assisto nenhuma novela.
... gosto de cebola.
... faço as coisas para agradar os outros.
... sei jogar xadrez.
... admiro a Marilyn Monroe.
... entendo a badalação em cima do casal Brangelina.
... leio revistas de fofoca.
... considero paparazzi jornalistas.
... consegui ler Harry Potter e o Cálice de Fogo inteiro.
... consigo em ir em balada dois dias seguidos.
... dirijo.
... sei andar de patins.
... gosto de caipirinha de limão.
... consigo mais levar homem a sério.
... assisto mais Heroes.
... sou shopaholic

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Os filmes do momento

Assuntos recorrentes no meu Twitter, eu não poderia deixar de mencionar aqui também os filmes mais comentados do momento: X-Men Origens: Wolverine e Star Trek.

O filme do herói mutante, como eu esperava desde que anunciaram a sua filmagem, é fraco. Alguns efeitos visuais se assemelham àquelas películas de ficção científica do início dos anos 1990; muitas atuações beiram à canastrice e o roteiro cria sequências dispensáveis e bobocas para várias situações. Falta aquele
magnetismo (aqui não falo apenas de um talento digno de Sir Ian McKellen) da trilogia dos X-Men; um discurso mais politico e científico. Certamente, Hugh Jackman é o ponto de apoio do filme todo, que traz também o ótimo Liev Schreiber como Dente-de-Sabre, infelizmente prejudicado pela má construção de seu personagem. O grande destaque – além de Jackman, carismático e detentor de uma sensualidade irresistível – vai para a eletrizante abertura, umas das sequências mais incríveis para um blockbuster a que já assisti.

Star Trek, guarda certa peculiaridade: Ganhei uma promoção do site Omelete e fui conferir uma pré-estreia surpresa. Crente de que seria Wolverine, no momento que vi uma nave espacial projetada na tela, murmurei sem entusiasmo “é Star Trek”. Não tinha expectativa, uma vez que nunca assisti à série e aos longas realizados. E que grata surpresa. É uma das mais belas histórias de ficção científica espacial que tive o prazer de conferir, além de ser uma gratificante homenagem aos trekkers originais. Zachary Quinto (o malvado Sylar de Heroes) está perfeito como Spock, e as demais escolhas do elenco foram acertadíssimas. A presença de Leonard Nimoy me emocionou e o divertido Simon Pegg fez sua parte – e muito bem – como Scotty. Só não gostei dos efeitos de câmera utilizados pelo J.J. Abrams, como luz excessiva, que causa pequenos borrões de luminosidade e reflexos nas imagens. 

segunda-feira, 11 de maio de 2009

FotC - Melhores momentos


Há alguns dias conferi, finalmente, o último episódio de Flight of the Conchords – ainda não há informações sobre uma terceira temporada para a série. Inspirada nos momentos nonsense protagonizados por Bret, Jemaine, Murray, Mel e outros, segue uma lista com os meus momentos preferidos do programa (videos linkados na palavra em azul):

Mel. Ela é uma fã que coloca David Chapman no chinelo. A obsessão de Mel é tão grande que ela aparece nos lugares e situações mais inoportunas, deixando a dupla de músicos constrangida e assustada. Sem contar seu marido, Doug, que assiste a todas as cenas sem interferir. S01 e S02.

Australianos x neozelandeses. A rixa entre as maiores nações do Pacífico Sul rendeu piadas impagáveis, lembrando muito a rivalidade entre o Brasil e a Argentina, mas com humor mais ácido e piadas mais sarcásticas. S01 e S02.

Sally. Um triângulo amoroso que quase abalou a amizade entre Bret e Jemaine, com a diferença de que a loira não estava nem aí para nenhum dos dois. S01E01 - Sally e S01E05 – Sally Returns.

Think about it. Em uma das músicas mais absurdas e engraçadas da série, é possível ouvir versos como “they're turning kids into slaves just to make cheaper sneakers/ but what's the real cost, 'cause the sneakers don't seem that much cheaper/ why are we still paying so much for sneakers when you got little kid slaves making them?”. S01E03 - Mugged.

“Bret is bullimic”. Em um episódio que gira em torno da forma física de Bret, Jemaine acredita que o colega tenha bulimia e até pede para Mel ajudar a levantar a autoestima do rapaz. S01E06 – Bowie.

Foux da fa fa. Em ritmo da bossa nova, com letra em francês e vocais femininos, Bret Jemaine embalam com essa canção que destaca famosas expressões francófonas, nomes de comida e até personalidades como Gérard Depardieu e Jacques Costeau. S01E08 – Girlfriends.

As fãs que só querem sexo. Após a dupla tomar ácido “acidentalmente”, Jemaine se empolga com o convite de um ménage à trois, até descobrir que Bret também vai participar. S01E10 –New Fans.

A mulher obcecada por Art Garfunkel. Jemaine se envolve com uma fã de Art Garfunkel (da dupla Simon & Garfunkel), que pede para ele tirar os óculos e usar uma peruca igual ao cabelo do músico quando vão transar. S02E07 – Prime Minister.

Bret acusa Jemaine de usar gel nos pelos do corpo, que o culpa por passar o produto na barba. Murray sugere que Bret e Jemaine usem gel no cabelo para parecerem mais cool. O problema é que os dois ficam viciados no produto e não conseguem sair de casa quando acaba. S02E08 – New Zealand Town

O musical. Murray Hewitt, o empresário do Flight of the Conchords, busca uma saída triunfante para a dupla: escreve um musical à la Broadway sobre a vida e as dificuldades de Bret e Jemaine em Nova York. Os dois, claro, encenam o mico em um pequeno teatro. S02E10 - Evicted.

sábado, 9 de maio de 2009

Pai dos burros

Ainda hoje lembro do momento em que fui apresentada a um dicionário, vulgo Pai dos burros. Devia ter cinco anos de idade e morava em um apartamento em São Paulo. A sala era pequena, tinha uma estante modesta e uma mesa de vime e vidro. Em cima da estante, na prateleira ao lado da televisão, ficava o Aurélio, que anos mais tarde descobri ser parente do Chico.
O Aurélio era grande (um gigante para mim, que mal conseguia carregá-lo); a capa preta em couro trazia letras douradas, que identificavam o autor e a editora. Fomos apresentados assim, por acaso.

- Pai, o que significa tal palavra? – ah, memória! Não te perdôo por me fazer esquecer esse detalhe, a palavra desconhecida que me inseriu no mundo das letras.
- Vamos olhar no Pai dos burros.
- Pai dos burros? O que é isso?
- É o dicionário, que tem todas as palavras e o que elas significam – esclareceu, tirando o gigante da estante e colocando em cima da mesa.

Certamente, achei o Pai dos burros incrível. Um livro com todas as palavras do mundo, como eu acreditava. Mas eu não sabia ler e só conseguia entender histórias de livros e gibis graças às ilustrações ou a algum leitor que se dispusesse a lê-las para mim.
Outro gigante de capa de couro e letras douradas que conheci na mesma época foi a Bíblia. Essa eu gostava de folhear para ver as ilustrações, que traziam obras cristãs de grandes artistas renascentistas que reconheci apenas nas aulas de História da Arte, como El Greco e Andrea Del Castagno.
Agora, o Pai dos burros me acompanha todos os dias, na versão digital. Ele me poupa de fazer perguntas aos outros e economiza meu tempo, me apresentando a um mundo cheio de significados, onde eu não preciso questionar “qual é o sentido da vida?”. Basta ir à página.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Tempo, mano velho

O primogênito de toda família. O terror de todo irmão. O mano velho. O tempo. Este que voa como um foguete e às vezes impede que percebamos as agradáveis sutilezas do cotidiano.
Nem sempre é culpa do tempo. Quando ele nos dá uma chance, a preguiça aparece e, em seguida, o ócio. Temos diferentes maneiras de aproveitá-lo, moldamos nossas ideias e vontades conforme ele permite. “Anda sumido”, exclama o amigo. “Falta de tempo”, justifica o outro. É realmente como um irmão mais velho: a culpa vai toda para ele. E não só a culpa como a responsabilidade de dar conta de tudo.
Tempo escasso quando atualmente toda a tecnologia nos coloca a favor de dar conta dele? Micro-ondas para aquecer a comida mais rápido; celular para encontrar mais fácil o colega que não está em casa; máquina fotográfica digital para ver instantaneamente como a foto ficou; passagens aéreas com os preços caindo para tornar a viagem mais dinâmica (e barata). São inúmeros os fatores que a modernidade nos trouxe para pararmos de culpar o irmão mais velho.
No entanto, o ser humano é uma espécie que precisa achar um culpado e se redimir. “Pronto, bota na conta do tempo que ele só tem 60 segundos por minuto, 60 minutos por hora, 24 horas por dia, sete dias por semana...”
Portanto, não é culpa do tempo o fato de eu estar um tanto quanto afastada da vida cibernética. Talvez por eu tê-lo virado do avesso em nossa última briga, ele tenha se tornado mais flexível e menos rígido. Um acrobata de collant azul marinho, um equilibrista que atravessa infinitamente a corda bamba e nunca retorna. Dá uns pulinhos invertendo o pé direito com o esquerdo, dá uma bambeada, mas não cai.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Segunda-feira. Noite. São Paulo

A grande avenida da cidade que nunca dorme brilha com a luz de postes, faróis e centros comerciais. O ar frio dá ares melancólicos à noite de segunda-feira e a calçada está apinhada de gente agasalhada, ora apressada ora tranquila; ora silenciosa e perdida em pensamentos ora falante e acompanhada.
Na calçada, um homem vestido de forma elegante, porém simples, toca flauta para os passantes. Espera que joguem alguns trocados, e eu deposito minhas moedas prateadas e recebo um aceno de cabeça em troca. Paro ali, próxima a ele, e observo o modo como embala canções populares no instrumento. Muitos passam por ele, mas poucos prestam atenção à sua música. Ficar ali, à toa e sem compromisso, soa como o momento de intervalo em um dia cheio.
O sabor do chocolate ainda está em minha boca e recordo o visitante da exposição que me abordou três vezes enquanto eu tirava algumas fotos. Não sei seu nome, mas sua curiosidade quanto à minha presença ali chamou a atenção.
Lanço mais alguns olhares às cenas a minha volta e congelo o tempo em uma concentrada piscada com os dois olhos. O filme é armazenado na memória para ser revelado mais tarde em forma de palavras.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Para mim, Paraty

Paraty estava há tempos na minha lista de cidades brasileiras para visitar em um futuro próximo. E o futuro chegou no presente. Mas agora, é passado. Depois de Petrópolis, queria conhecer um lugar com praia e consegui unir o mar à minha paixão por serras e montanhas em Paraty.
Passei apenas 3 dias na cidade que, apesar de pequena, tem muita opção de lazer. Deu tempo de fazer o tradicional passeio de escuna em algumas praias lindas e de água transparente, e a trilha em um pequeno trecho da Serra da Bocaina, em Trindade, vila com visita obrigatória de amantes do ecoturismo.
Para quem gosta de peixes e frutos do mar, restaurantes a perder de vista no centro histórico oferecem cardápios variados. Além, claro, das famosas lojinhas de artesanatos, presentes, decorações e camisetas. Já os viciados em doces e sorvetes vão ganhar quilinhos extras no passeio pela cidade. Como a minha especialidade são os sorvetes, confesso que apesar de ter conhecido três sorveterias do local gostaria de experimentar ainda mais sabores da guloseima. Recomendo a Pistache e a Miracolo – e resista se puder.
A cultura teatral pode ser conferida no tradicional Teatro Espaço, com peças protagonizadas por bonecos de cerca de 60 cm, movimentados por artistas vestidos de preto que se misturam ao fundo escuro do espaço da apresentação.
Certamente, gostaria visitar a cidade durante o período da Flip para conhecer autores e assistir aos encontros, mas fica para quando eu tirar férias na época do evento.

Links
Paraty, Turismo e Ecologia 
Patrimônio Natural de Trindade 
Teatro Espaço