sábado, 27 de novembro de 2010

Lembrança musical

Algo despertou de repente na minha mente: um dia, na casa onde fiquei hospedada na Nova Zelândia, assisti a alguns clipes que passavam num canal de TV estilo MTV (digo, quando a MTV SÓ passava clipes). Dei sorte porque a maioria dos artistas eram muito bons e eu desconhecia vários. Quem me conhece sabe, eu não sou o melhor exemplo que existe de pessoa antenada musicalmente. Na hora peguei o papel mais próximo e anotei o nome daqueles que me despertaram mais interesse, algo que decidi relembrar com este post.

Jack Peñate - Pull My Heart Away: foi a partir deste clipe que decidi anotar os nomes dos artistas que eu não conhecia. A música gruda na cabeça - sorte que ela é muito boa. E o Jack Peñate é uma graça.



Blitzen Trapper - Furr: esse á para quem adora folk, com direito a gaita e clipe retrô feito com montagens.



The Black Keys - Tighten Up: Se pudesse definir o clipe e a música em uma palavra, seria "cool!" (é, com ponto de exclamação). 



Hanna Grace - Hush now: Finalmente uma cantora. Além da boa música, o clipe me cativou por ser inspirado em cena de filmes.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Comédia 081 - O Jovem Frankenstein


Ficha técnica
Título original: Young Frankenstein. Ano: 1974. País: Estados Unidos. Direção: Mel Brooks. Com Gene WilderPeter Boyle, Marty FeldmanCloris LeachmanTeri Garr. 104 min - Preto e branco.

O filme
Esta não é só mais uma paródia do diretor Mel Brooks. O Jovem Frankenstein é uma comédia absurdamente engraçada inspirada na famosa obra literária da inglesa Mary Shelley. A diferença é que aqui o cérebro de um ser humano "anormal" é transplantado no corpo de um sujeito avantajado, dando origem a um monstro assustador, porém sensível. Além de o elenco principal ser um show de talento cômico, há ainda uma ponta de Gene Hackman como o velho cego. Curiosidade: o filme foi indicado ao Oscar de melhor roteiro adaptado.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Quando duas forças criativas se aliam em Lonely Avenue

A capa de Lonely Avenue destaca: "Ben Folds acrescente música e melodia às letras de Nick Hornby".  Líder do finado e excelente trio Ben Folds Five, o multiinstrumentista de estilo despojado e óculos de aros grossos - algo que lhe confere uma aparência de nerd amigável é uma das mentes mais criativas e audaciosas do pop rock norte-americano. Já o inglês Nick Hornby é um dos escritores mais aclamados da atualidade, autor de obras adaptadas para o cinema, como Alta Fidelidade e Um Grande Garoto. Mas como esses dois sujeitos talentosos decidiram trabalhar juntos em um álbum musical?
Em 2003, Nick Hornby lançou o livro de não-ficção 31 Canções, no qual cita as músicas que marcaram a sua vida. Entre elas, Smoke, do Ben Folds Five. Em entrevista à revista britânica The Word, Ben Folds conta que quando soube da admiração de Hornby por Smoke (e, consequentemente, da citação no livro), enviou um e-mail ao escritor destacando não ser o autor da música, coescrita por sua ex-esposa, Anna Goodman. Foi em uma dessas trocas de mensagem que o compositor fez uma proposta inesperada ao autor inglês: um álbum colaborativo. 
Alguns anos se passaram e, finalmente, o projeto se concretizou em 2010. Se você é daqueles que preza CDs com encartes recheados de informações e letras de música, não se decepcionará com a  edição de Lonely Avenue. Há fotos, notas sobre a "razão de existir" de cada letra de Hornby e um curioso e-mail de Ben Folds revelando ao amigo a dificuldade que teve para compor e encaixar a melodia de Belinda. Um primor. 
Em se tratando de conteúdo musical - as canções em si -, qualquer fã de Ben Folds reconhece o cuidado com o qual cada nota, melodia e tom foram pensados. Há muito piano, claro, do estilo rocker ao romântico. Já as letras de Nick Hornby são como parábolas. From Above, primeiro single do álbum (assista ao video abaixo), conta uma daquelas histórias óbvias sobre alma gêmeas. A diferença é que, apesar de simples, tanto a letra quanto a música funcionam perfeitamente bem. 
Por outro lado, Doc Pomus é uma homenagem ao compositor de mesmo nome. Com Mort Shuman, Pomus escreveu várias canções gravadas por Elvis Presley, e o que Hornby fez foi justamente tornar a biografia que o inspirou (Lonely Avenue, de Alex Halberstadt) acessível. Há ainda uma música inspirada na esposa do escritor (Practical Amanda); outra, em uma poeta norte-americana (Saskia Hamilton); e, ainda, no jovem que engravidou a filha de Sarah Palin em 2008 (Levi Johnston's Blues). 
E com uma canção tão bela como Picture Window, que narra uma noite de ano novo no quarto de um hospital e a inutilidade de ter esperanças num momento como esse, é surpreendente que tenham escolhido justamente A Working Day para abrir o álbum ("I'm a loser, I'm a poser/ Yeah really, it's over/ I mean it and I quit/ Everything I write is shit"). Ben Folds e Nick Hornby realmente sabem o que e como fazer.



terça-feira, 23 de novembro de 2010

O último/ A última...

... filme visto: Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1 (Harry Potter and the Deathly Hallows - Part 1)
... episódio de série visto: Conspiracy Theories and Interior Design (S02E09), de Community
... revista lida: Total Film (nov/2010)
... álbum comprado: Ben Folds & Nick Hornby - Lonely Avenue
... DVD comprado: Box com as duas temporadas de Flight of the Conchords
... música ouvida: I'm Gonna Be (500 Miles), do The Proclaimers
... incursão em rede social: Flickr (OK, não é bem uma rede social, mas pode ser usado como tal)
... sonho realizado: minha viagem à Nova Zelândia
... coisa incrível que vi: um vulcão adormecido em Auckland (NZ)
... ataque de melancolia: hoje (desde que voltei de viagem, eu tenho pelo menos um por dia)

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

...e é isso

Agora não posso jogar a culpa no meu instinto impulsivo. Eu esperei e esperei. Depois eu dei outra chance e esperei um pouco mais. E nada. A saída que encontrei (a melhor para mim, diga-se) foi clicar no botão excluir depois de enviar uma mensagem curta e direta, para não dizer sincera, que é como tenho sido. 
Às vezes é melhor apenas ter aquelas poucas e boas lembranças na cabeça e esquecer do resto com o tempo. É claro que a gente sempre quer dar continuidade a alguma coisa boa que nos aconteceu, mas sabemos que não depende apenas de nós - há outros também. E se até aqui já decepcionou pela demora, o que dizer sobre lá na frente? O que dizer é que não existe a menor possibilidade sobre lá na frente e o melhor a fazer é se conformar e cortar aquele laço frouxo.
O que suscita melancolia é constatar que já aconteceu outras vezes e o procedimento padrão se torna mais automático. As coisas empalidecem e a razão toma o lugar da emoção. Agora mesmo basta um simples clique para ativar a ação "esquecer" e torcer para que o subconsciente não pregue armadilhas de mau-gosto.

domingo, 21 de novembro de 2010

Da série...

...mais um Weasley pra minha lista


Domhnall Gleeson (Bill Weasley)

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Amores à parte

Assim que ela conferiu a hora no relógio de pulso, ele entrou pela porta de vidro tentando disfarçar o nervosismo. Esticou o pescoço para a beijar, mas ela estendeu a mão direita e perguntou como estava.
- Tranquilo, tranquilo. 
- Então podemos começar?
- Claro, claro.

Ela deu um leve sorriso ao notar a repetição de palavras e começou o questionário.

- Você diz aqui que, apesar de ter certeza das boas referências, não se sentiria confortável se eu ligasse para alguma delas. - ela disse, levantando lentamente o olhar da folha de papel para o rosto levemente corado à sua frente .
- Sabe como é, são águas passadas. Elas não vão ter muito o que dizer sobre mim, talvez ainda tenham mágoas...
- Hum, sei. Então terminou com todas elas?
- Não! - negou ele, tentando se defender. - A Judite não quis saber de mais nada. 
- Ah, aqui está o número dela. - respondeu em tom seco, pegando o celular na bolsa e digitando o número de Judite.

Telma era uma mulher de negócios. Se tinha que resolver alguma coisa, não pensava duas vezes e logo encontrava uma solução. O problema é que aplicava esse raciocínio estratégico em todas as relações que tinha, inclusive as familiares e amorosas. Aliás, antes de chamar uma relação de "amorosa", ela se dava ao trabalho de fazer exatamente isso que estava fazendo com um rapaz que conhecera uma semana antes numa galeria de arte: analisava um currículo com as informações pessoais e checava alguns dados.

- Espera! Me diz por que você faz isso... Por que quer me investigar assim se só nos vimos uma vez e conversamos durante um bom tempo? Por que? - indagou o rapaz, que tentava se convencer de o fato de ela ser bonita não compensar tamanha invasão de privacidade.
- Você tem medo, Renan? - questionou Telma, com tom sarcástico e a língua entre os dentes ao dizer o nome dele.
- Você é linda, inteligente, interessante. Mas não vale a pena eu expor meus erros do passado para ter uma chance contigo.
- Hum, você se arrepende de algo que tenha feito? - questionou a moça, como se fosse uma inquisidora disposta a absolver um herege preparado para se redimir. 
- Sim, algumas coisas. Mas é passado! Faz meses que não me aproximo de alguém, e quando me aproximo tem que ser justamente uma mulher como você.
- Renan, fique calmo. - segurou delicadamente os pulsos do rapaz e sentiu a pulsação desacelerar aos poucos.
- Telma, pelo amor de Deus. Vamos sair daqui e tomar alguma coisa num lugar mais agradável? 

Ele pegou o currículo e amassou, fazendo uma bola deformada e atirando de maneira certeira na lixeira mais próxima. Telma arregalou os olhos e aceitou o convite. Dois anos depois ela contaria essa história às amigas, mostrando a aliança de noivado e suspirando:
- Agora o próximo passo é melhorar aquela galeria de arte dele. Cadê meu celular para eu dispensar aquele pintor de Floresta Amazônica? - e se levantou da cadeira para tratar dos negócios do casamento.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A minha família

Que eu adoro a série Modern Family, muita gente deve saber. O seriado vencedor do Emmy retrata três famílias de classe média americana no formato de mockumentary (falso documentário): o casal gay e a filha adotiva vietnamita; o coroa, a esposa colombiana divorciada e o filho dela; o casal (quase) tradicional com três filhos. Acredito que cada fã do programa tenha seu núcleo e personagem preferidos. No meu caso, simplesmente adoro os Dunphy desde o primeiro episódio.


Claro que muito se deve ao fato de Phil (Ty Burrell) ser o pai mais sem noção e engraçado da TV - Homer Simpson e Peter Griffin já tiveram seus dias dourados. Viciado em tecnologia, ele tenta parecer um paizão moderno diante dos filhos, com direito a coreografia de High School Musical para se "enturmar". 
Depois de um tempo sem assistir ao seriado, fiz uma minimaratona para me atualizar e cheguei à conclusão de que gostaria de ter uma família como os Dunphy. Digo, se eu fosse casar e formar uma família, não seria ruim se ela acabasse sendo parecida com eles. Só não gostaria de ter uma filha como a Haley, porque já foi difícil estudar com menina chata que nem ela, mas a Alex (nerd e filha exemplar) e o Luke (o caçula destrambelhado) são dois fofos. 
A forma como a série mostra o casal Phil e Claire (Julie Bowen) tem tanto momentos impagáveis quanto de ternura, porque não dá para imaginar a Claire perder a paciência com o marido a ponto de acabar com o casamento. Apesar dos defeitos, ela sabe que para uma família como a dela, o Phil é o melhor marido e pai do mundo.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Borocoxô way of life

Já estou tratando minha atual condição como "depressão pós-viagem" (ou DPV). Eu não quero sair de casa, não quero ouvir e não quero falar. Eu não merecia nascer no Brasil, um lugar onde ler ou assistir o notíciário se torna uma incansável tortura. Não que onde eu estivesse fosse o lugar mais perfeito do mundo, mas comparar com isso aqui me dá vontade de chorar. 
Agora entendo porque muita gente deixa a vida que tinha aqui pra trás. Do que adianta ter diploma universitário no Brasil? Do que adianta viver num país que considera um grande avanço ser sede da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos? Eu preferiria viver modestamente na ilha e não ter preocupações a partir do momento em que abro meu portão a ter que aturar essa ladainha de "sou brasileiro com muito orgulho".
A melancolia não para por aí: eu fiz amigos de culturas diferentes e achei isso o máximo. É tão enriquecedor você aprender sobre uma cultura com uma pessoa com a qual você acaba cultivando laços de amizade. E a educação das pessoas, a gentileza, a paciência... aqui, se eu pedir pro cobrador me avisar em qual ponto devo descer do ônibus, ele faz cara feia. Lá, se alguém te vê segurando um mapa na rua, oferece ajuda.
E o pior (sim, o pior!) é que não consigo parar de pensar numa pessoa que, provavelmente, nunca mais verei. Pelo menos não ficou aquele arrependimento de "e se eu não tivesse ido embora", porque de fato não fui e fiquei mais tempo. Perdi o ônibus e voltei a pé, mas tive uma companhia melhor do que o esperado. Restam suspiros e uma vontade imensa de esquecer tudo e voltar a dormir bem à noite. 

*A autora se considerava forte demais para encarar o fato relatado no último parágrafo, mas teve uma recaída "mulherzinha" e agora até deu pra cantarolar músicas do Travis e do Coldplay. Ela precisa de uma lobotomia urgente para voltar a ser quem era - uma rabugenta que acreditava na autossuficiência solitária do ser  humano. 

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Comprinhas

Na minha viagem à Nova Zelândia, eu tinha que me presentear com algo além dos passeios e das viagens. Veja algumas coisinhas que comprei enquanto estive lá:

Box com as duas temporadas de Flight of the Conchords

Álbum duplo do Django Reinhardt

Lonely Avenue, com letras de Nick Hornby e música de Ben Folds

Caneca do Tintin, comprada na loja da Weta Cave (a produtora de Peter Jackson) 

 Revistas de cinema: edição australiana da Empire e a inglesa Total Film

Um megadicionário inglês para manter meus estudos no Brasil

Não tirei foto das roupas, mas comprei pouca coisa - e tudo fabricado na China! Um casaco, uma blusa de manga longa e uma touca (para me manter aquecida). Ah, fora a outra bolsa que precisei comprar para trazer as coisas.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Crônica de uma noite de sexta-feira (em Auckland)

"Sweet dreams 'till sunbeams find you,
Sweet dreams that leave all worries behind you.
But in your dreams, whatever they be.
Dream a little dream of me."

(Dream a little dream of me, de Gus Kahn)

Caminhava lentamente pelas ruas de Auckland em uma noite de sexta-feira à procura de um lugar para jantar que não fosse caro e nem suscitasse uma indesejável melancolia por estar só. Durante o dia tinha visitado o museu e, no início da noite, encontrei um álbum duplo do Django Reinhardt por um preço inacreditavelmente baixo (menos de 8 reais). Isso já tinha valido a minha sexta-feira.
No caminho, vi uma ruazinha estreita com vários bares e decidi arriscar o caminho. Perto dali, virando a próxima esquina, me dei conta de quem realmente sou. Naquele momento o bar do hostel estava cheio de gente, assim como outros bares da cidade, com música alta, bebidas e muita falação. Eu queria justamente evitar isso na minha caminhada noturna e solitária, e me deparar com aquela pequena livraria me fez sentir quem sou. Tudo o que eu precisava era de um bom dicionário inglês para trazer ao Brasil - algo que poderia comprar em uma megastore da cidade -, mas entrar ali e percorrer os olhos famintos, tanto de fome quanto de curiosidade, fez com que eu simplesmente me sentisse a pessoa mais estranha do mundo. Eu poderia querer beber, dançar e conversar àquela hora, mas não: aquela livraria se tornou o local mais agradável no qual eu gostaria de estar (ainda que tenha sido apenas por alguns minutos).
Comprei o dicionário e fui embora, lamentando por não poder comprar todos os livros que quisesse. Uma vontade imensa de escrever sobre como me sentia lutava com outras duas vontades: jantar e ouvir algo que me fizesse sentir em casa (a.k.a. Josh Ritter). Eu também não conseguia parar de lembrar o meu momento "Antes de amanhecer" em Christchurch, quando conheci uma pessoa que me fez sentir algo que há muito tempo não sentia. Brotou uma sensação que não era saudade do Brasil ou da família, mas uma incerteza sobre o futuro e uma certeza de que, esteja onde estiver, eu sou sempre a mesma pessoa.
Minha pequena epopeia noturna chega ao fim no momento em que recordo o que senti e pensei e anoto no caderno, contendo lágrimas ao ouvir algumas músicas - deixando-as escaparem, porém, enquanto ouço "Dream a little dream of me", na voz de Doris Day. A única certeza no momento é que tenho sorte por ser quem sou.