Já estou tratando minha atual condição como "depressão pós-viagem" (ou DPV). Eu não quero sair de casa, não quero ouvir e não quero falar. Eu não merecia nascer no Brasil, um lugar onde ler ou assistir o notíciário se torna uma incansável tortura. Não que onde eu estivesse fosse o lugar mais perfeito do mundo, mas comparar com isso aqui me dá vontade de chorar.
Agora entendo porque muita gente deixa a vida que tinha aqui pra trás. Do que adianta ter diploma universitário no Brasil? Do que adianta viver num país que considera um grande avanço ser sede da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos? Eu preferiria viver modestamente na ilha e não ter preocupações a partir do momento em que abro meu portão a ter que aturar essa ladainha de "sou brasileiro com muito orgulho".
A melancolia não para por aí: eu fiz amigos de culturas diferentes e achei isso o máximo. É tão enriquecedor você aprender sobre uma cultura com uma pessoa com a qual você acaba cultivando laços de amizade. E a educação das pessoas, a gentileza, a paciência... aqui, se eu pedir pro cobrador me avisar em qual ponto devo descer do ônibus, ele faz cara feia. Lá, se alguém te vê segurando um mapa na rua, oferece ajuda.
E o pior (sim, o pior!) é que não consigo parar de pensar numa pessoa que, provavelmente, nunca mais verei. Pelo menos não ficou aquele arrependimento de "e se eu não tivesse ido embora", porque de fato não fui e fiquei mais tempo. Perdi o ônibus e voltei a pé, mas tive uma companhia melhor do que o esperado. Restam suspiros e uma vontade imensa de esquecer tudo e voltar a dormir bem à noite.
*A autora se considerava forte demais para encarar o fato relatado no último parágrafo, mas teve uma recaída "mulherzinha" e agora até deu pra cantarolar músicas do Travis e do Coldplay. Ela precisa de uma lobotomia urgente para voltar a ser quem era - uma rabugenta que acreditava na autossuficiência solitária do ser humano.
5 comentários:
Pera, pára tudo, você JÁ está de volta?????
Caso sim, eu completamente entendo cada pedacinho do sue sofrimento. Não me sinto daqui, ou ainda pior, o Brasil não me é.
Beijos, Lu.
eu ainda não sei como será qdo estiver no brasil, sim, estiver... mas acho que entrarei tb na mesma dpv é complicado tudo isso... ainda mais qdo se encontra pessoas interessantíssimas... mas Lu, não fique deprê, pense pelo lado de q vc tem novas experiências pra contar e pra compartilhar com pessoas q valem a pena no Brasil e no mundo.
Sun, só passei 5 semanas lá - o suficiente para não querer voltar.
Carrie, DPV é muito ruim, ainda mais para uma pessoa ansiosa como eu. Simplesmente não tenho mais planos daqui pra frente, por enquanto.
Já viesse filme... Só não escrevo sobre pq daria um livro, um livro que ainda estou vivendo.
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