Aconteceu há dez anos durante um debate na mostra A Elegância de Woody Allen, realizada no Centro Cultural Banco do Brasl (carinhosamente chamado de CCBB), em São Paulo. Naquela época. fiz verdadeiras maratonas para ver os filmes de Woody Allen, sendo que nesse dia tinha visto Um assaltante bem trapalhão e Annie Hall, e estava ansiosa pelo esperado debate, composto por cineastas e críticos de cinema. Lembro-me de estar sentada na terceira fileira, com uma velhinha falante ao meu lado. Ria do jeito dela ao interferir no debate, "tumultuando" com comentários engraçados, do tipo "ele é magrinho, baixinho e feinho", em referência à forma física de Allen, algo que não o impediu de conquistar várias mulheres durante a vida.
Eu, que sempre fui tímida, aos 25 anos não era diferente. O microfone saltava de pessoa em pessoa na plateia, cada uma fazendo suas observações sobre o diretor, com perguntas ou comentários, quando surgiu uma ideia de tema para abordar. Ainda que a sala estivesse com poucos espectadores, comecei a ficar nervosa só com o fato de falar algo no microfone em frente a verdadeiros especialistas ali na minha frente. Sempre fiquei nervosa para falar em público, com medo de gaguejar, errar e me expressar mal.
Levantei a mão e a moça que leva o microfone me fez levantar para buscá-lo. Quando voltei para o meu lugar o pior aconteceu: a poltrona era daquelas cujo assento dobra quando não há ninguém sentado, então no momento em que sentei, cai no chão. Foi absolutamente humilhante para mim, o fim do mundo mesmo. Se tivesse um irmão gêmeo, faria com que ele encostasse seu anel no meu e diria "Super Gêmeos, ativar: avestruz!", e assim poderia enterrar minha cabeça em algum lugar para que ninguém notasse a vermelhidão de meu rosto.
Levantei-me querendo morrer, até que ouvi alguém dizer "coitada". Coitada? Quer dizer que o tombo foi tão feio assim? E ainda tive que me recuperar rapidamente, com os debatedores na minha frente, me olhando, e eu com o microfone na mão tentando fazer a pergunta e sumir dali... foi embaraçoso.
O debate terminou e no caminho de volta para casa eu só ficava imaginando o que as pessoas haviam pensado, aqueles que estavam atrás de mim poderiam rir à vontade, eu não saberia mesmo. E a mulher que me fez levantar para pegar o maldito microfone, será que fez isso com mais alguém depois? Enfim, aquilo foi tão traumático para mim que ainda hoje, dez anos depois, não consegui dizer a palavra "desativar!".
domingo, 6 de dezembro de 2009
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Um comentário:
Acontece. Todos temos um Kramer dentro de nós. rs
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