sábado, 6 de março de 2010

Literatura inspiradora

À primeira vista, não me interessei por Cinco contos apenas pelo fato de a autora, de Katherine Mansfield, ser neo-zelandesa. Na verdade, adoro a forma narrativa dos contos e me chamou a atenção de se tratar de uma escritora. E como gosto de produzir textos, quis conhecer mais uma mulher que se aventurou pelas letras.
O trecho citado, retirado do conto "Tomada de hábito" (tradução do original "Taking the veil", de 1922), contém uma das melhores definições de amor (ou paixão) que já encontrei - talvez com a qual mais me identifico. 


"Algo horrível tinha acontecido. Inesperadamente, no teatro, a noite passada, quando ela e Jimmy estavam sentados um ao lado do outro no balcão nobre, sem nenhum aviso prévio - na verdade, Edna tinha acabado de comer uma amêndoa coberta com chocolate e devolvera a caixa para Jimmy - ela se apaixonou por um ator. Realmente se apaixonou.
Era um sentimento diferente de qualquer coisa que tinha imaginado antes. Não era nem um pouco agradável. Muito menos vibrante. A não ser que você possa chamar de vibrante a mais terrível sensação de abandono, agonia, infelicidade e desespero. Combinada com a certeza de que se aquele ator cruzasse com ela na calçada, enquanto Jimmy estivesse procurando um cabriolé, ela o seguiria até os confins da terra. (...)"


MANSFIELD, Katherine. Tomada de hábito. In Cinco contosRio de Janeiro: Paz e Terra, 1996.

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