Nunca consegui esboçar um romance. No máximo, escrevo contos e crônicas; raramente surge um poeminha curto e quase despretensioso - porque poetizar é coisa de poeta ou de gente pretensiosa. Mas nunca tive uma ideia que passasse de algumas parcas linhas e se desenvolvesse de forma satisfatória, gerando uma grande história. O que escrevo são como os fatos cotidianos ou os sentimentos de determinados momentos: curto e objetivo.
Talvez se eu fosse uma grande aventureira, uma desbravadora, conseguiria ideias suficientes para criar um romance de páginas e páginas, e não as linhas e linhas que o fruto da minha imaginação consegue render. Talvez se eu tivesse uma história pessoal muito forte e interessante pudesse usá-la como inspiração. E, claro, se eu tivesse todo o talento e a dedicação daqueles que um dia conseguiram escrever uma história em prosa - e aqui não discuto se o resultado final foi bem-sucedido ou não, mas a capacidade de desenvolver uma ideia e conseguir criar uma história mais longa com ela.
Parece-me que tudo o que me acontece, observo ou simplesmente crio é resultante de uma ação, fato ou pensamento efêmero. Por isso, em poucas linhas consigo reunir e costurar o texto. Jamais é preguiça, mas falta de um assunto melhor sobre o qual discorrer; um tema profundo com personagens também profundas. Uma trama e um enredo que suplicam por mais palavras, frases, parágrafos... Esfomeados por continuidade e desenvolvimento; ansiosos por saber como a história irá se desenrolar.
Enquanto uma ideia não acontece, salpico o teclado com pequenas histórias que brotam dia sim e dias não. Tudo assim, com um pouco de razão e um pouco de sentimento; um pouco de medo e um pouco de pretensão; um pouco de experimentação e um pouco de emoção; um pouco de mim e um pouco de outros.
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