terça-feira, 26 de junho de 2012

À Nora Ephron

Uma garota de 9 anos de idade para em frente ao cinema e observa o cartaz do filme com os olhos brilhando. Já havia visto algo sobre ele em um programa de televisão e lera em uma revista sobre o que se tratava. Como gostaria que os pais a levassem para a sala escura da grande tela e a deixassem assistir àquela história de amor que, mesmo sem saber exatamente como era, já achava linda! 
Não foi ao cinema. Decepcionou-se pelo resto do dia. O tempo passou. O filme chegou à videolocadora. Seria a chance de finalmente assisti-lo. Na sala, com os pais, colocou a fita no videocassete e aguardou a história começar. Foi se envolvendo a ponto de chorar em uma cena, baixinho para não fazer barulho. As lágrimas rolaram bochecha abaixo. Era a história de amor mais linda do mundo.
Queria ser a protagonista. Oh, como queria! Tão linda, carismática e sensível. Apaixonada pela história triste de um viúvo, por sua voz ecoando no rádio a milhas de distância. Oh, a distância! Depois de adulta, quantas vezes precisou lidar com isso - e sempre soube lidar melhor do que os outros.
Este filme a inspirou a se apaixonar por outro. Viu o DVD de Tarde Demais Para Esquecer na prateleira da loja e comprou instintivamente, sem ao menos ter assistido previamente. Nem precisava - sabia que seria lindo, afinal era o favorito da personagem que, na infância, desejava ser.
Cresceu. Nunca viveu uma história de amor como aquela. Ainda chora vendo filmes e sonha com algo especial - com aquele sentimento crescente dentro do peito sendo correspondido. Não quer um amor de cinema, mas algo real e tocante. Espera.
Por isso, foi com grande pesar que recebeu a notícia da morte de Nora Ephron. Do orgasmo falso na lanchonete em Harry & Sally (o qual escreveu) à paixão gastronômica de Julie & Julia, uma artista que inspirou e divertiu. E, principalmente, o romantismo incurável que fez exalar de uma película simples e bela chamada Sintonia de Amor

Lenço na mão: um adeus a Nora Ephron

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