segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Da série...

... Eu pegaria sim, e daí?
Christoph Waltz

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Mais notas cinematográficas

As aventuras de Pi: Drama e fantasia se misturam neste belo filme dirigido por Ang Lee, indo além do ponto de vista religioso - como alguns insistem em rotular. Longe de ser catequista, embora em determinados momentos pareça abusar do melodrama. Contudo, deve ser visto e analisado como um todo, já que cenas/sequências individuais apenas descontextualizam e enfraquecem a narrativa.

A viagem: Um filme grandioso, mas que carece de autocrítica e em determinados momentos traz um certo pedantismo filosófico - ou pseudo-filosófico mesmo. O trabalho de maquiagem, muitas vezes, torna os personagens grotescos, mas a escolha do elenco consegue aliviar esse ponto fraco.

A loja mágica de brinquedos: Um filme que não vai a lugar algum, desperdiçando apenas o talento e a empolgação do gênio Dustin Hoffman. Além de comprovar, quatro anos antes de Cisne Negro, que Natalie Portman não é uma protagonista muito eficiente.

ParaNorman: Um roteiro ambíguo que utiliza um garoto paranormal capaz de ver e interagir com fantasmas é o ponto de partida desta animação para discutir o bullying e os efeitos da violenta reação dos perturbados. Inteligente e voltado para o público pré e adolescente, perde por arrastar um pouco demais a trama.

Cães de Aluguel: Diálogos afiados sem Quentin Tarantino querer bancar o pretensioso - justamente o que se espera de um ótimo filme. O elenco fenomenal liderado por Harvey Keitel, Tim Roth e Steve Buscemi mostra que não é preciso muita "firula", apenas talento e criatividade para realizar um filme tenso e inesquecível.

Django Livre: Eis que no mesmo dia que assisti ao primeiro filme dirigido por Tarantino, decidi me aventurar por sua obra mais recente. É apenas um espetáculo de violência e referências, que busca humor no exagero, mas contém somente uma sequência que realmente merece risos - a da Ku Klux Klan. Considero o pior do currículo do diretor até o momento.

O lado bom da vida: Comédia romântica convencional, no melhor estilo good feeling. Apesar das boas atuações e de um ou outro momento memorável, é um filme longe de ser marcante. Ah, a trilha sonora é muito boa também.

Eulogy: Comédia engraçadinha que surpreende por Zooey Deschanel atuar melhor do que o costume. Mas o destaque fica mesmo por conta de Ray Romano (da série Everybody Loves Raymond) e seu ótimo timing cômico. Enfim, tão despretensioso que dá para passar o tempo.

O Pagamento Final: Filmão dirigido por Brian DePalma. Al Pacino arrasa, mas Sean Penn rouba as cenas em que aparece. O ótimo roteiro - destaco também a montagem - prende a atenção, enquanto DePalma constrói cenas e sequências com maestria, em especial a parte da estação de trem, remetendo claramente ao clássico Os Intocáveis.

Os Sete Suspeitos: Baseado no jogo de tabuleiro Detetive, é uma comédia oitentista fraca e sem-graça. A intenção dos produtores foi boa, mas é apenas um filme cansativo que dispersa a atenção.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Ópio

"A religião é o ópio do povo", já dizia o filósofo alemão. Mas o meu é outro. Poderia dizer que sonhar acordada funciona como um ópio eficiente, porém é o que me desconecta do mundo que considero uma anestesia. Sonhar acordada é o efeito.
Assuntos para encarregar a cabeça de pensar enquanto fujo de outros temas. Literatura já foi meu ópio, mas atualmente ler é parte do ganha-pão diário. Os olhos cansados embaralhando as letras impressas enquanto sigo da casa-metrô e do metrô-casa. Aponto para outra distração para a fadiga - a música saindo do fone e adentrando minha mente vazia. Identifico-me com palavras e melodias. Repito-as mentalmente, até crescerem dentro de mim e adquirirem valor maior do que minhas expectativas.
Na frente da tela, busco histórias mais interessantes do que a minha. Ficções que amortecem meus receios. Maneiras de reinar em um lado obscuro da vida. Visões esclarecedoras de um mundo - não o meu, o deles. Uma realidade alternativa que me envolve em outro plano - não superior, pelo contrário.
Pessoas já foram meu ópio, com presença confortadora e resposta imediata. Já não são. O que busco é o conforto de estar sozinha, sem porquês, explicações, satisfações, histórias e justificativas. É um hábito com o qual simplesmente me acostumei. Porque estar só não exige esforço. Eu posso ser eu mesma. Minhas ideias fluem melhor. Basta um pouco de ópio para aguentar até o fim do dia.
É o sentimento egoísta se expressando em maior tom. A metrópole me engole lentamente e tudo que me preocupa é "o ópio da vez". Enquanto estão todos com suas vidas feitas, cá estou, absorvendo em doses diárias a droga que produzem. 
Consciente do poço no qual adentro, vejo uma luz acima, mas fujo e consumo meu ópio. Distraio-me por alguns instantes, posso até dizer que me alegro. Exalto. Escrevo. Compartilho um pouco do vício. Sonho. Imagino. Aceno para cima. Mas não subo.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Baby Keys

Dando prosseguimento ao Carnaval recheado de rock-indie-seja-lá-qual-for-o-rótulo, encontrei este vídeo do Black Keys old school. Gravado em um show em Austin, no Texas, no final de 2003. Ou seja: numa época em que eu jamais sonharia gostar de uma banda tão barulhenta e cheia de distorções - afinal, era apegada ao "britpop de menininha". Cheguei à conclusão de que foi com o Keys que abri um pouco mais minha cabeça para gostar de rock de garagem e blues. E pensar que começou com Tighten Up e descambou nesse rock de baixa fidelidade, onde a atitude e o estilo falam mais do que melodia e harmonia. 

Esta foi a raiz de tudo, daqueles Grammys em quatro categorias no domingo passado, do VMA tardio de "banda revelação" - quando já tinham 8 anos de carreira e seis álbuns lançados. Do porão de uma casa na decadente cidade de Akron, Ohio, para o Madison Square Garden. E para o Lollapalooza Brasil!

A humildade já era nítida neste show de 2004: longe de terem a pretensão de serem rock stars, mas talvez um pouco posers - ou seria "entusiasmados demais em fazer o que amam"?  E o espanto com a ascensão rápida - demorou, mas depois de serem notados só se fala deles. De olheiras de noites mal dormidas a declarações dignas de arrumar briga com fãs de Justin Bieber, tudo tem seu preço. E eu, como fã, admiradora, tiete e o que for, só espero ter  muitas outras oportunidades de colocar uma de suas músicas pela primeira vez e vibrar como se fosse uma banda que acabei de conhecer.

Atualizando: E divórcios. Acabei de saber que Dan Auerbach está se separando da esposa. Patrick Carney está no segundo casamento.

The Black Keys no auge dos 20 e poucos anos

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Desafio musical - parte 48

236) Uma música para dar uma volta no parque: Punch Brothers, Patchwork Girlfriend
Tem uma sonoridade alegre e divertida, além de ser fofa demais.




237) Uma música para o frio: The Black Keys, Just a Little Heat
A letra e a voz do Dan Auerbach são à prova de frio. Hot!

 

238) Uma música para ir para o trabalho: The B-52's, Love Shack
Tem que ser uma música alegre, senão já chego no trabalho deprimida.




239) Uma música para voltar do trabalho: Alabama Shakes, I Ain't The Same
Aconteceu comigo - tocou essa música no fone, na volta do trabalho, e me deu vontade de sair correndo.



240) Uma música para ouvir enquanto vai para uma festa: Queen, Don't Stop Me Now
"Tonight I'm gonna have myself a real good time."


domingo, 10 de fevereiro de 2013

Carnaval vs. Vampire Weekend

Adoro como o YouTube às vezes indica videos de bandas desconhecidas e legais para eu ver. Mas bem que poderia personalizar a sugestão também no Carnaval. Afinal, por que eu iria ver esses axezeiros ao vivo se posso rever a apresentação do Vampire Weekend no Saturday Night Live em 2010?


sábado, 9 de fevereiro de 2013

Simplesmente Johnny Smith

Em 2011, fiz um Top 6 de personagens assustadores de adaptações cinematográficas de romances de Stephen King (aqui!). Estou longe de ser uma expert do escritor ou de filmes baseados em suas obras, tanto é que somente hoje assisti a The Dead Zone (ou Na Hora da Zona Morta, como foi lançado o Brasil) do início ao fim. Além de ser dirigido por um dos meus cineastas favoritos - David Cronenberg -, tem um dos atores mais cool do cinema: Christopher Walken.
Daí que Walken é um anti-galã. Na verdade, de tanto interpretar psicóticos e vilões, ele chega a dar medo. Mas o personagem principal de The Dead Zone vai muito além desses estereótipos que o ator colecionou ao longo da carreira - e que o Saturday Night Live soube aproveitar tão bem nas participações dele no programa. Johnny Smith é... pra casar.

Pra começo de conversa, Johnny é professor de literatura e, logo na sua primeira cena, aparece declamando o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe. E mais: com um visual "Harry Potter". Eu nunca imaginei que algum dia na minha vida veria o Christopher Walken e me lembraria imediatamente do bruxo criado pela J.K. Rowling.
Harry Potter e a Montanha Russa Filosofal

Johnny namora outra professora da escola e planeja o futuro a dois, até que um acidente de automóvel o deixa em coma durante cinco anos. O que causa um certo desespero é vê-la insistindo para que ele fique em sua casa naquela noite chuvosa, mas ele responde que "há coisas que vale a pena esperar". OK doc...
E aí, beija bem?

Cinco anos se passaram e Johnny sente ainda como se fosse ontem. Seu amor por Sarah continua forte, mas ela seguiu em frente e já formou uma família. O olhar melancólico de Walken não é para o espectador sentir pena de seu personagem, e sim compartilhar aquele sentimento confuso. Tudo a sua volta está muito diferente. Porém, determinado diálogo chega a dar uma pontada no peito. E acontece no primeiro encontro do ex-casal após ele ter saído do coma.
Olhar 43

Sarah: Todos estão falando de você. É o assunto do momento.
Johnny: Porque eu bati com a cabeça e sobrevivi para contar o que aconteceu?
Sarah: Porque desenvolveu um sexto sentido. É verdade, Johnny? Os jornais não param de falar disso.
Johnny: Fico pensando no trecho do livro A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, a última lição que dei aos meus alunos antes do acidente. Ichabod Crane desaparece. A frase é "Como ele era solteiro e sem compromisso com ninguém, ninguém deu pela falta dele".
Sarah: É disso que tem medo?
Johnny: É isso que quero.

Longe de ser uma obra-prima, tão pouco um suspense superficial e/ou barato, The Dead Zone é um filme que tenta expor na tela - e na maior parte das vezes consegue - o pessimismo e o desespero em transformar o futuro quando se tem a resposta. E como as experiências pessoais e o caráter são importantes na tomada de decisão, ainda que o comportamento impulsivo influencie nos momentos confusos.
Premonição fatal