domingo, 31 de março de 2013

Impressões pessoais sobre o Lollapalooza - 2º dia

Eu poderia escrever um post inteiro sobre o show do Black Keys no Lollapalooza Brasil, mas optei por um texto gigante abrangendo o que vi no segundo dia do festival - enfim, minhas costumeiras impressões pessoais. Dia 30 de março era a única data do ano que me fez olhar no calendário e fazer contagem regressiva. Afinal, já tinha comprado o ingresso assim que as vendas abriram e estava em êxtase para ver The Black Keys. Mas assim que a programação saiu, uma decepção: Franz Ferdinand e Alabama Shakes no mesmo horário. Com o tempo, fui montando minha grade para decidir o que assistir, mas eis que no próprio dia acabei remexendo tudo: ficaria apenas no palco Cidade Jardim, para ter uma visão melhor de todos os shows dali, principalmente do Black Keys.
Sem chuva, mas com lama. Sob o sol forte, logo fiquei perto da grade de segurança - a de trás, não do palco - para poder sentar e descansar nas pausas entre as apresentações. Minha pressão estava um pouco baixa, não podia dar uma de "super-mulher", com o risco de passar mal ali. Consegui ganhar alguns copos de água dos seguranças, o que compensou mais ainda.

Gary Clark Jr.: Perdi, mas ouvi
O início
Começou bem morno, com Toro y Moi, projeto do artista Chazwick Bundick. Musiquinha para ouvir sentado ou em um clube pequeno, calminha. Só para quem gosta mesmo.
Quando terminou, pude escutar Gary Clark Jr. do palco Alternativo. Bateu vontade de ir para lá, mas estava muito calor e eu só queria ficar sentada, já que assim conseguia uma sombrinha também. O show pareceu bom, mas depois li que problemas técnicos atrapalharam o guitarrista e vocalista norte-americano. Uma pena.

O baixista sensacional do TDCC
Hora de dançar
Two Door Cinema Club (TDCC) não é uma grande banda, mas faz bem aquilo com o qual se compromete: indie pop dançante. Músicas fofas, melodias para dançar, pular e sorrir e presença simpática no palco fizeram da apresentação dos irlandeses uma ótima maneira de se aquecer para o que viria a seguir. Os rapazes são uma graça, principalmente o baixista Kevin Baird, que estava sem óculos. Um fã mais brincalhão segurava um cartaz escrito "Ron, Harry e Neville", em referência à aparência física do trio principal.
Quando terminou, Alabama Shakes começou a tocar no palco alternativo e meu coração doeu: estava lindo ouvir dali. Como queria arriscar e ver a Brittany Howard cantar com sua banda! Mas fiquei ali, dei mais uma sentadinha, comi outra barra de cereal e batatinha e me preparei para o tumulto a seguir.


O gigante Josh Homme, do QOTSA
Banda de peso
Queens of the Stone Age (ou QOTSA) entraram no palco com pinta de banda principal da noite. E poderia ter sido. É inquestionável que o som pesado do grupo liderado por Josh Homme move massas e obriga a pular. Bem, se eu tivesse mais espaço para isso, teria feito. O problema (pequeno, diga-se) é que não sou familiarizada com a discografia deles E várias pessoas perto de mim, fãs, não pareciam estar empolgados o bastante. Assim, como se movimentar se estão todos lá parados, com o risco de acabar caindo em cima sem querer? Resumindo: foi um show foda, com presença e muita força. Mas, cumprindo aquilo que uma banda desse gênero promete. Ou seja, sem mais nem menos.

Dever cumprido
Após o final de QOTSA, muitas pessoas deixaram o palco Cidade Jardim. Talvez porque não quisessem ver The Black Keys ou preferissem aproveitar o tempo (1h45 para o início da apresentação seguinte) de outra forma. Mantive-me firme, embora o bocejo estivesse tomando conta de mim - e estava sentindo um pouco de cólica. Fui mais para frente, em busca de uma interação maior com o show. Ali estavam fãs fervorosos. O terceiro vocalista ruivo da noite (depois de TDCC e QOTSA), Dan Auerbach, surgiu com o olhar melancólico de sempre, acentuado talvez pelo recente divórcio com o qual está lidando. As olheiras eram as mesmas e a humildade no palco também. Ele e Patrick Carney estavam ali para tocar 20 músicas e fechar a noite de maneira satisfatória. Mas, ao meu ver, foi perfeita. Como já assisti a milhares de vídeos ao vivo, analisando sob a perspectiva imparcial, a apresentação foi objetiva e coube dentro do que o duo e a banda de apoio vêm fazendo.
Não é música pesada e ensurdecedora, é algo que às vezes beira o transcendental. Embora o som pudesse estar melhor, foi possível constatar porque Dan é um os melhores vocalistas do momento: é possível enxergar sua alma em canções como Little Black Submarines, Everlasting Light e Nova Baby. Quando fecha os olhos e se concentra, a voz flui; faz movimentos e gestos com as mãos, tendo autocontrole com o dom vocal. Afinal, não reproduz simplesmente aquilo que escutamos nos álbuns, mas se rende ao público


Pat e Dan em uma apresentação marcante
Patrick, que acaba funcionando também como uma espécie de relações públicas, dando entrevistas e muitas vezes falando pela dupla, tem aquele jeitão desajeitado, mas quando começa a tocar, suas batidas fortes ecoam. Começou de óculos, depois os tirou, colocou de volta, tirou de novo... imagino como também sofria com o calor. Dan, que entrou com a famosa jaqueta de couro preta, tirou-a logo no começo. Curioso também notar que o figurino costuma ser o mesmo - Dan, por exemplo, vestia a mesma camiseta de um dos shows do Coachella 2012.

Não foi uma apresentação de arena. Não foi porrada atrás da outra. Eu não sabia cantar todas as músicas, embora conhecesse e soubesse os nomes de todas. Mas vê-los ali, de perto, foi inesquecível. Dan abatido, surpreendendo-se com o público brasileiro, dando um sorriso aqui e outro ali. Foi melancólico, sob certo aspecto, mas belo e doce. São os mesmos caras das entrevistas que leio. Gente comum, colegas que formaram uma dupla e tocaram durante anos até dar certo. Li muitas críticas sobre o show, dizendo que foi apagado em comparação com QOTSA. Não cabe a uma fã como eu exacerbar revolta ou discordância, mas sob meu ponto de vista, foi algo lindo de ver, ouvir, acompanhar e sentir. Foram histórias pessoais intercaladas com músicas. Para mim, textos que contenham frases como "apenas banda do momento", "show apagado" e "não merecia ser headliner" são apenas pontos de vista de críticos especializados em música, que têm como trabalho analisar objetivamente, superficialmente e até friamente, tal qual aprenderam na faculdade. A diferença de um "show de verdade" com qualquer outro está no que ele significa para você. Neste caso, o maior valor do show foi ter sido emocionalmente envolvente.

Emoção à flor da pele com Little Black Submarines

domingo, 24 de março de 2013

Desconhecidos

Pagou a entrada e passou pela portinhola aberta por um segurança mal humorado. Era um lugar feio e sem cor, salpicado por pessoas reunidas em pequenos grupos e conversando de maneira pouco animada. Após comprar uma bebida, circulou e resolveu parar e encostar em uma parede bem iluminada. À sua frente, uma moça com olhar distante suspirava enquanto observava um grupo de amigos.

- Oi, você está sozinha por aqui?
Ao ouvir a pergunta, não conseguiu disfarçar o desânimo. "Tudo o que eu queria - uma pergunta clichê vinda de um cara qualquer", pensou.
- Não, não estou. Na verdade vim acompanhada de um grupo de colegas de trabalho - respondeu secamente, olhando para o relógio.
- Ah, é que estou sozinho. Você sabe como é complicado sair sozinho. Porque as pessoas dizem que se você não tem amigos e não conhece ninguém, precisa sair de casa para mudar a situação. Mas aqui estou... sozinho e mais solitário do que se estivesse no meu quarto, ainda que tenha esse monte de gente ao redor.
Instantaneamente, ela se interessou pela conversa. Voltou o rosto para ele e passou a repará-lo. Enquanto o synthpop tocava ao fundo, ele segurava um copo plástico e olhava para os lados de maneira desconfortável. Parecia gostar da música, mas não daquele ambiente acinzentado e sujo.
- Entendo o que está dizendo. Vim com pessoas com quem mal converso. Só estou aqui por boa vontade de me integrar ao grupo. Mas eles parecem ignorar minha presença. Você mesmo perguntou se eu estava sozinha - comentou, em tom de ironia.
- Então, tecnicamente, estamos ambos sozinhos. Numa noite de sexta-feira e num lugar com boa música, mas pouco amigável.
- Você é novo na cidade? - perguntou curiosa.
- Bem... não. Por que?
- Disse que não tem amigos e não conhece ninguém.
- "Ninguém" é modo de falar. Pessoas vêm e vão. Um dia você conhece alguém e conversa animadamente. Depois, chama essa pessoa para dar uma volta com você e escuta que "não anda tendo tempo ultimamente". Acostumei-me.
- E noutro dia, alguém te diz que precisa ser mais sociável no trabalho, daí você sai com as mesmas pessoas que vê o dia inteiro todos os dias e ninguém dá atenção para o que diz. Preferem falar mal das pessoas com quem convivem...

Ele a encarou de maneira terna, como se a compreendesse. Bebeu o último gole e jogou o copo no lixo. Fez alguns movimentos com as mãos, denotando nervosismo, e finalmente olhou nos olhos dela e perguntou:
- Qual o seu nome? 
- Ticiane.
- Bom, Ticiane, você quer dançar? 
- Dançar? Ninguém mais está dançando...
- O que temos a perder? Nada! E eles? Uma ótima música trocada por conversas agressivas.

Sorriu e pegou em sua mão. Dançaram juntos, de maneira atrapalhada, enquanto as pessoas ao redor lançavam olhares e risos debochados. Ela fechou os olhos e pensou que talvez aquela seria sua noite de sorte - mesmo se nunca mais visse aquele desconhecido que a tirou para dançar.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Outras notas cinematográficas

Bem-vindo ao jogo: Jogos de pôquer - e apostas - são o pano de fundo deste romance sobre um jogador compulsivo e talentoso (e bonito: é o Eric Bana) que acaba se apaixonando por uma moça "certinha" que desaprova seu modo de vida - bem, é sempre assim. Não traz nada muito novo, mas ao menos é empolgante.

Golpe de Mestre: Depois do excelente Butch Cassidy (1969), o diretor George Roy Hill se reuniu novamente com os astros Robert Redford e Paul Newman em um filme melhor ainda - Golpe de Mestre (1973). O roteiro é sensacional, conseguindo criar suspense e lançando mão do humor no momento certo. Sem contar o elenco e a direção impecável.

eXistenZ: Gosto muito do David Cronenberg, então certamente esperava mais desta ficção científica com um Jude Law supernovinho e uma Jennifer Jason Leigh linda e ótima como sempre. Pretensioso e com um final boboca que acaba anulando algumas das boas ideias da história.

A Época da Inocência: Martin Scorsese é um dos maiores diretores do cinema, mas este romance sempre esteve na prateleira dos "esquecidos" de muitos cinéfilos. Depois de finalmente assistir, entendo - chato, arrastado e desinteressante, sobressai-se pelo quesito técnico, especialmente direção de arte e figurino.

Deus da Carnificina: Ótimo filme de Roman Polanski (superior a O Escritor Fantasma) baseado em uma peça teatral com grandes atuações de cada membro do elenco: Jodie Foster, Kate Winslet, John C. Reilly e Christoph Waltz. O enredo equilibrado consegue balancear momentos dramáticos e cômicos, dando preferência ao último. 

Sem Segurança Nenhuma: Mistura de ficção científica com comédia romântica que busca abordar viagem no tempo de maneira diferente. É um filme eficiente que encontra bastante química na dupla de protagonistas Aubrey Plaza e Mark Duplass. Se focasse mais na trama central, poderia ser mais promissor.

Sete Psicopatas e um Shih Tzu: Sam Rockwell e Christopher Walken (e a pontinha de Michael Stuhlbarg) já valem uma conferida nesta comédia de humor negro do mesmo diretor de Na Mira do Chefe. Mas o excesso de reviravoltas acaba tirando um pouco a graça.

Brassed Off: Um dos filmes do começo de carreira de Ewan McGregor (pós-Trainspotting e Emma). Comédia dramática que, assim como Ou Tudo Ou Nada, apresenta uma leitura da era Thatcher e a crise no setor operário, no qual os personagens precisam encontrar outra forma de trabalho - neste caso, uma banda de fanfarra. 

Detona Ralph: Boa animação da Disney, que começa maravilhosamente bem até... aparecer uma personagenzinha irritante (Vanellope, dublada pela igualmente chata Sarah Silverman). Vale a pena conferir, mas da safra de indicados ao Oscar, prefiro ParaNorman.

Os Infratores: Depois dos imperdíveis A Proposta e A Estrada, o diretor australiano John Hillcoat recrutou Shia LaBeouf, Tom Hardy e Jessica Chastain neste drama violento que, no final, é inferior aos filmes citados. O roteiro de Nick Cave não chega a ser tão bom quanto o que escreveu para A Proposta, que era mais cru e menos sentimental.

domingo, 17 de março de 2013

Dia de São Patrickão

"Sábado nublado
Peguei um metrozão
Pra encontrar as amigas
pro São Patrickão
Chegando lá, fiquei quietinha
Só tinha coxinha
E os coxinha tava irritado
Porque o lugar tava lotado"

E assim começou minha odisseia rumo ao meu primeiro Saint Patrick's Day devidamente comemorado: no Irish pub All Black. Depois de quase uma hora na fila, conseguimos entrar. E eu estava afoita para beber um pint de Guinness. Lá fui eu, a primeira a terminar o copo. Depois de um chopp de sabor forte, nada melhor do que refrescar, com umas batatas regadas a molho apimentado. Stella Artois para todas!
O efeito do álcool potencializou meu desejo de escrever uma mensagem para determinada pessoa. Nem sei se ele lê meu blog (se lê, céus, vai visualizar este post!). Lá fui eu, toda sincera, contar que só pensava nele e que tinha sonhado com o dito cujo. King Edward. Mas eu fui sincera, só precisava de uma coragem extra para superar minha timidez e meu excesso de bom senso.
Fiquei mais leve. Depois disso, uma amiga sugeriu um shot de tequila. Tequila! Eu, a mais sóbria, a pessoa com "zero" histórias sobre bebedeira e porre para contar. A sensata. Já que estava lá e não tinha nada a perder, OK! Um shot de tequila para cada uma. Aprendi: "Limão, sal, tequila e limão. Beba de uma vez!"
Só sei que alguns minutos depois, já estava flutuando. Tão fora de mim que tomei coragem de pedir um Bloody Mary. detalhe: Nunca tinha bebido Bloody Mary, mas sempre quis experimentar - só me faltava a coragem de pedir.
Algum tempo depois, eu já tinha a certeza: era meu primeiro porre e tinha pelo menos uma história do tipo para contar. Meus lábios estavam dormentes e minha vontade de falar besteira estava num nível mais alto do que o comum. E perto de pessoas que trabalham no mesmo lugar que você, não é um um bom sinal. Mas... dane-se!
Eu, que sempre gostei de dançar (música boa), aproveitei para levantar da cadeira e ensaiar alguns passos. Rock 'n Roll All Nite. Woo-hoo! Quem diria que os "abutres" aproximariam da mesa, momentos depois, para dizer "meu amigo falou que você dança bem." E eu: "Obrigada! - sinal de joinha".
Foi assim... bom! Divertido! Um anestésico chamado tequila e uma mistura de fermentado com destilado que eu simplesmente testei e aprovei... até precisar ir embora.
Sendo a moça que mora mais longe, peguei o primeiro taxi. Preferencial! Depois de dizer meu endereço, mandei a seguinte frase: "Ai, minhas amigas me levaram para o mau caminho..."
OK, o taxista aproveitou que eu estava meio grogue e fez um caminho mais longo. Percebi tardiamente. Mas cheguei em casa e ele me deu uns 20 reais de desconto. OK doc. Não foi tããão mal.
E assim foi o caminho todo: vim pensando num post para o blog. Uma postagem especial. Inédita. Sob o efeito alcoólico (sim, já postei bebadazinha antes, mas isto aqui é outro nível). Cheguei em casa. Liguei o PC. Sentei na cadeira. Digitei. Construí frases. Criei um texto. Reli. Corrigi. Postei. 
É a vida... Jornalista! Preciso registrar momentos marcantes. Histórias inusitadas. Expor-me. E com a minha sinceridade de (quase) sempre.

PS 1.: Minha sorte foi não ter a possibilidade de comprar uma passagem com destino a B. Senão, meu querido, já estaria com a viagem de minhas férias garantida.

PS 2.: Socorro!

segunda-feira, 11 de março de 2013

O último/ a última...

... filme visto: Frankenweenie
... filme visto no cinema: Django Livre
... episódio de série visto: The Walking Dead - S03E12
... música escutada: The Black Keys, Give Your Heart Away
... álbum escutado: Inteirinho? Colin James & The Little Big Band 3, de Colin James
... banda nova na lista de favoritas: Delta Spirit
... ataque de ansiedade: Lollapalooza chegando!
... ataque de gulodice: picolé de coco da Diletto. Yummy!
... overdose alimentar: pistache. Yummy²!
... comprinha de mulher: vestido lindo >.<

domingo, 3 de março de 2013

Desafio musical - parte 49

241) Uma música para patinar no gelo: Johann Strauss II, Le Beau Danube Bleu 
Nunca patinei no gelo, mas se eu fosse delicada, acho que esta música cairia bem.




242) Uma música que você ame por influência da sua família: Adoniran Barbosa, Trem das Onze

Acho que o Adoniran é o único sambista de que realmente gosto. Meu pai tinha um CD dele que eu adorava escutar, é tão divertido.




243) Uma música que tenha duas ou mais pessoas cantando ao mesmo tempo letras diferentes - Tom Jones & Cerys Matthews, Baby It's Cold Outside 

A música tem muitas versões, mas esta foi a primeira que ouvi. 




244) Uma música que tenha marcado algum ano da sua vida: Oasis, Wonderwall

1996. 





245) Uma música de uma banda que, na sua opinião, mudou muito: Radiohead, High and Dry
Desta fase eu ainda consigo escutar.