quarta-feira, 26 de junho de 2013

Em busca do peso perdido

Enquanto muitos sofrem para emagrecer, eu emagreço sofrendo. De ansiedade. Sim, ansiedade, meu guia desde a infância, quando ia viajar com a família nas férias e precisava dormir cedo para acordar de madrugada e pegar a estrada. Eu era uma naninca - sim, menor do que já sou - e não me aguentava de ansiedade. Durante a viagem então... coitados dos meus pais! Eu ficava desesperada para chegar logo e encontrar meus primos. Daí, chegava acabada na casa da minha avó.
Sempre fui magrinha. Lembro da minha mãe me levando ao médico e insistir que eu deveria fazer exame de sangue porque devia ter anemia. Bem, nunca tive. O único problema que me recordo era do excesso de glóbulos vermelhos, que sempre me faziam ficar vermelha com qualquer esforço físico - tipo brincar no parquinho. Até hoje fico vermelha com uma facilidade enorme - mas isso também é reflexo da timidez.
Voltando à ansiedade, eu nunca conseguia dormir bem em época de prova e trabalhos. Ela trouxe a insônia consigo - e os costumeiros pesadelos de perder a hora, ir mal no teste, levar esporro dos outros... As minhas crises de ansiedade costumavam ser sazonais. Conforme fui crescendo, outros fatores apontaram para ela. A paixão, como sofro por isso! Desde que descobri realmente do que se tratava, acaba comigo toda vez. É algo incontrolável, beirando o insuportável.
O problema é que, bem, eu não tratava isso como um problema, mas uma característica minha. "Tal qual Woody Allen", ri uma vez. Só que no fundo não tem graça. Ela forma um emaranhado na cabeça, coloca ideias loucas lá no meio, cria teorias da conspiração, destrói a auto-estima e potencializa emoções negativas. Ela evolui para algo ainda pior.
A falta de apetite aparece de maneira bipolar. "Ah, que vontade de tomar um Diletto de pistache!" Passo em frente à sorveteria, olho para o freezer e... "Ah, perdi a vontade. Vou pra casa descansar." Só que assim vai sucessivamente. Logo, o almoço perde o sabor, o chocolate perde a graça e uma tortinha enche o estômago e deixa enojada. 
E o estômago roncando de fome simplesmente se cala ao ver comida. O apetite se contorce e se alimentar se torna uma tarefa. Claro que não é sempre, vez ou outra se consegue "comer com gosto", mas na maior parte das vezes algum tipo de sinal é mandado do cérebro e blinda a necessidade.
O corpo vai emagrecendo. Perde energia. Bate a vontade de dormir a todo momento. Chega a irritação. Já não se sabe distinguir tristeza de cansaço. O peso se esvai, o corpo dói e cada dia é interminável. 
Assim, ao menos, é como vejo o que vem acontecendo. É o meu ponto de vista sobre acontecimentos recentes e como lidei com eles: em silêncio, deixando-os me acometerem. Quando é hora de acordar, o esforço é grande. Aí sim eu me olho no espelho e percebo que não era assim. Nunca fui uma pessoa muito alegre, porém nem tão decadente. Aquela melancolia inerente à minha personalidade se transformou em algo maior - e bate o sinal de que é hora de fazer alguma coisa além de enfrentar cada dia com um enorme sacrifício. 
Em busca do peso perdido, aos poucos tento focar no meu objetivo de melhorar e me levantar. Sem (muito) mimimi e com a necessidade de narrar alguns pontos dessa trajetória, buscando apoio em minhas próprias palavras e dividindo isso com quem possa interessar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Sobre o 'não estar bem'

É um assunto delicado para abordar, mas sinto como se devesse falar sobre isso. Ao mesmo tempo que esse desabafo parece ser necessário, sinto-me retraída para me expor. É, de certa maneira, um tabu: as pessoas não querem ou não gostam de falar sobre isso, principalmente porque acham que denota um sinal de fraqueza. Mas, decidi trocar o último por franqueza.
O fato é que possivelmente estou deprimida. E aqui não falo sobre aquela sensação de tristeza ou melancolia. É algo que tenho sentido há alguns meses e que foi piorando conforme ignorei o que se passava comigo. Longe de ser especialista a ponto de fazer um diagnóstico preciso, resolvi procurar ajuda especializada, pois o que sinto está acabando não somente comigo, mas afetando meu convívio e me afastando das pessoas. E eu não quero magoar os outros por um problema que é meu.
Não sinto mais prazer no que gostava de fazer. Quero me isolar de todos e adotar a ideia de que é melhor assim, sozinha. Nem apetite tenho mais: as refeições são simplesmente empurradas - isso é, quando eu como. Tenho vontade de chorar a todo momento e, quando sinto um pouco feliz, logo em seguida algo me derruba, como um pensamento pessimista e a ideia de perder o pouco do que tenho. 
Quero simplesmente dormir por 24 horas, sem ter meu sono interrompido. Mas, quando me deito, demoro a pegar no sono e durmo mal, acordando em vários momentos. Tornei-me desinteressada e desinteressante. Tudo tanto faz pra mim. Nem pra mim tenho ligado, já que cheguei ao ponto em que tudo o que me importa é partir sem dor. Aliás, a tensão acumulada me traz dores no corpo. Ataques de ansiedade não são raros e simplesmente destroem meu dia, assim como a impaciência e a irritação. E, claro, o cansaço.
Nem sei ao certo o que estou compartilhando. Pode ser que eu pense ser uma coisa, mas é outra bem menos grave. Por outro lado, como eu raramente me preocupo comigo, se cheguei ao ponto de procurar ajuda, é porque realmente não estou aguentando.

Não acredito na máxima do "ser feliz o tempo todo", nem prego a crença no amor. Não busco um sentido pra minha vida, nem agradar todo mundo. Quero apenas melhorar antes que esse inimigo anônimo e invisível me destrua.

domingo, 16 de junho de 2013

Da série...

...Ô lá em casa!
Martin Cannavo

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Compilação

Sobrevivi para contar a história. Ou para guardá-la comigo.

De repente, uma melancolia sutil se apoderou de seu corpo e cresceu conforme pensamentos e ideias reviravam em sua mente. 

A respiração pesada atingiu o fundo da alma e retomou fôlego na forma espiralada de um suspiro. Os olhos piscaram lentamente e fitaram o nada. 

Algo queimava dentro de si, exalando uma desagradável sensação de incerteza, enquanto a noite a encobria com seu manto negro e áspero. 

O bocejo denotava cansaço. O olhar, tristeza. As mãos, ansiedade. Os pés, pressa. E o coração, tudo ao mesmo tempo em um milésimo de segundo.

Tudo girava ao seu redor. As vozes ecoavam lentamente e o calor permeava o ambiente. A sobriedade que ainda restava evaporou, tal qual a idealização minguante que insistia em permanecer na cabeça.

Os lapsos de memória traziam de volta o aroma, que parecia cintilar, até enfraquecer e desaparecer completamente.