quarta-feira, 10 de julho de 2013

Corrente invisível

Naquela noite escura e fria
Mais do que fugir ou se esconder
Apenas o que ela queria
Era ser ouvida por alguém
Enquanto recostava a cabeça pesada
Cheia de pensamentos em vaivém
Como o pêndulo incessante do velho relógio
Que a despertava em badaladas
Encerrando pesadelos noturnos
Enquanto revirava o corpo entre as cobertas
Encarando o teto com os olhos soturnos
E a boca levemente entreaberta

Submersa nas próprias lembranças
Agitava braços e pernas
Na tentativa de recuperar o fôlego
E manter apenas as recordações ternas
Mas o rosto cansado e sôfrego
Não disfarçava o sentimento de rancor
Que persistia dia após dia
Embebido não só em incerteza e dor
Mas também em crise e melancolia

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