A mobília é antiga, a decoração é datada, mas o espaço é aconchegante. Qualquer um pode entrar, conhecer, gostar (ou detestar), voltar (ou sumir). Alguns se identificam, outros se aborrecem. Alguns sempre se lembram, outros se esquecem. A atmosfera de intimidade prevalece, às vezes disfarçada, às vezes escancarada. São muitas histórias; algumas mentira, outras verdade. O passado encontra ali o seu reduto, em memórias e relatos. O presente é volátil. O futuro, inimaginável.
A anfitriã não costuma enviar convites, mas deixa as portas abertas a quem quiser entrar. Aceita elogios, mas não como uma obrigação. As críticas, prefere ignorar. Às vezes, espera que aquela pessoa visite seu espaço, mas já se acostumou ao ar desesperançado. Desejaria a iniciativa, para compartilhar um lugar no sofá e, quem sabe, uma xícara de lembranças ou de confissões.
O espaço já tem mais de seis anos. Às vezes, as semanas sem a presença da dona deixam o pó acumular. Em outras, é tão constante que quem entra não consegue ficar sem assunto. Atualmente, as novidades são poucas e a sujeira é empurrada para debaixo do tapete. Mas mesmo assim, ela revisita o lugar discretamente, em silêncio.
O aniversário não teve bolo, parabéns nem docinhos. Sequer foi lembrado, aliás. Mas o espaço está de portas abertas. Às vezes escancaradas, às vezes encostadas, mas sempre abertas.
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