segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Dia 2

O Dia 2 talvez seja o pior dos dias. É aquele em que "a ficha cai", em que o choro engasgado se liberta em soluços e lágrimas que jorram. É o dia em que se quer dormir eternamente, sem sonhos nem pensamentos. Mas, apesar desses desejos, é o dia em que se acorda e relembra tudo o que aconteceu. 
Não é o dia de voltar atrás, mas de tentar aceitar o que aconteceu. Aquele dia em que os pensamentos dialogam e os bons momentos insistem em aflorar. É o primeiro dos últimos dias da saudade - ou ao menos assim se espera. É o dia em que a imaginação se dirige ao Lacuna e pede para que todas as lembranças sejam apagadas. É o dia em que se tenta comer. É o dia em que a mente implora para escrever e libertar um pouco da dor que a incomoda.
É o dia também no qual alguém diz para aceitar a dor e chorar. Chorar muito, livrar-se da mágoa. Desintoxicar-se do sofrimento, expulsá-lo. É o dia em que outro recomenda distração: leia, faça algo que goste, passe o tempo. Mas o primeiro conselho é mais prático e imediato.
No fundo, o Dia 2 é o dia da incerteza: de não saber como será dali para frente, de não querer fazer planos, de ignorar o futuro. Um dia cercado de receios e palpitações desenfreadas.


Nenhum comentário: