quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Releitura

Cá estou com insônia. Tentei forçar dormir, mas percebi que não conseguiria e senti aquela necessidade de escrever. Acordei repentinamente, em seguida veio uma dor de estômago que não me permitiu descansar novamente. Tenho me alimentado mal, bem aos poucos estou voltando a comer. A ansiedade aumentou consideravelmente - desde o assalto, na verdade -, mas está estável. 
Nessas condições, é claro que acabo pensando no que aconteceu nos últimos dias. Todo fim de relacionamento me provoca mágoa e raiva - não sei se mais gente é assim, falo por mim. Agora estou mais magoada, o que pode ser melhor do estar com raiva, embora também seja ruim. A raiva amenizou ontem, depois que eu e ele tivemos uma conversa por email, tentando esclarecer alguns pontos conturbados para ambos.
O intuito não era nos resolvermos, mas tentar diminuir um pouco o que ficou de ruim entre a gente. Nesses momentos, bate a saudade e tenho até uma recaída. Por isso penso que é mais fácil superar relembrando coisas ruins e motivos que justificam o fim, mas não é bom sentir raiva de pessoas ou situações.
Eu não queria que fosse assim, não queria ter tomado a decisão do final de semana. Tentei resolver (muitas vezes comigo mesma, com apoio da psicóloga e de outra pessoa próxima) os sentimentos confusos, relevar alguns acontecimentos, mas quando veio tudo de uma vez na minha cabeça, não consegui. É como se adiasse tomar uma decisão por receios: era bom estar junto, mas pairavam insatisfações.
Primeiro vem aquela sensação de perder alguém, mas logo me lembro que a decisão foi um consenso. Não há porque eu sentir culpa do que foi resolvido, pois pode ser bom para ambos - por pior que seja continuar gostando da pessoa, só que "gostar" não basta para permanecer com alguém. Tentamos resolver alguns dos problemas antes, mas eles se mostraram insolúveis, seja pela personalidade ou pela urgência da situação.
Paira um arrependimento, mas não posso alimentá-lo. Os momentos de felicidade eram permeados por dúvidas e lembranças ruins. Foi um relacionamento problemático, não há como negar. E ter algo estressante entre duas pessoas realmente desgasta.
É difícil seguir em frente e retomar a rotina e as responsabilidades. Levantar e ver um dia vazio pela frente, simplesmente porque não há forças para preenchê-lo. Mas posso começar agora - pretendo dormir mais, na verdade -, mudando algo que pode ter sido bom para mim no momento, só que não faz sentido manter: um post no Facebook que publiquei no modo público porque senti a necessidade de "gritar" algo que me perturbava (mencionado no post anterior).
Ocultei-o porque eu mesma não queria mais olhar para ele. Consegui com que lessem e até comentassem com mensagens de apoio. Aquilo me deu força, admito. Porém, não preciso mais. Fiz propositalmente, queria mesmo que ele lesse e soubesse o que os outros pensariam sobre aquilo. Estava com raiva por outro motivo e quis descontar no post. 
A pessoa mencionada viu, ficou magoada e me escreveu. Foi aí que começamos a trocar emails e eu percebi que não queria sentir raiva dele e magoar ainda mais a nós dois. Afinal, estamos bastante mal com o fim, não é necessário jogar combustível para alimentar mais sentimentos ruins. 
As lembranças que incomodam podem não ser apagadas com o tempo. Preciso saber lidar com elas para que não me atrapalhem. Também prefiro que as lembranças boas permaneçam num canto, para evitar que as lágrimas venham ao relembrá-las. Espero manter-me sob controle e evitar mágoas para mim - e isso inclui não machucar outras pessoas, pois nunca me senti feliz por ferir alguém.

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