quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

"You know what hope is?"

Eu me sentia sem força. Depois de tanto lutar contra os pensamentos e as lágrimas que insistiam em cair, desisti e senti meus olhos embaçarem. Em seguida, meu rosto queimou aos poucos, conforme a lágrima descia, dilacerando a pele até o pescoço. Simplesmente deixei de me importar com as pessoas ao redor e chorei ali, silenciosamente, no meu assento no ônibus. Pensamentos a mil e uma tristeza forte.
Repentinamente, uma pessoa em pé, ao meu lado, estendeu um pequeno pacote e pousou a mão delicadamente sobre minha cabeça. Era uma mulher e ela me deu um lenço de papel. Agradeci e comecei a secar as lágrimas, mas a própria atitude dela me fez chorar ainda mais, sempre em silêncio.
Enquanto eu tentava lidar com uma anônima que se importou comigo naquele momento - antes de descer do ônibus, ela disse "fique bem" e tocou meu ombro -, minhas lembranças e falta de esperança, lembrei dos versos "You know what hope is?/ Hope is a bastard/ Hope is a liar". Precisei ouvir a música assim que cheguei, porque esperança... não consigo ter. Eu só queria que não fosse assim, sofro antes de ter qualquer tipo de esperança, colocando um fim como se não houvesse mais nada a ser feito.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Os preferidos das séries

Versão 2015 (Evitei repetir os personagens desta lista de 2011.) Em breve, as moças das séries.

Abraham Setrakian (David Bradley) - The Strain: Sem este personagem, acho que não conseguiria ver a primeira temporada inteira desta série de terrir. Ele é o fio condutor da trama, o sujeito que dá liga ao universo humano-vampiresco. 

Daryl (Norman Reedus) - The Walking Dead: Demorou um pouco para eu gostar do Daryl. Roteiristas e produtores foram bastante espertos ao revelar as nuances do personagem aos poucos, para que o público o conhecesse melhor e se simpatizasse com o passar do tempo.

Dwight Schrute (Rainn Wilson) - The Office: Poderia ser Michael Scott, mas como ele abandonou o barco mais cedo, foi Dwight quem conseguiu segurar a série até o fim (e com muitas risadas, diga-se).

Frank Underwood (Kevin Spacey) - House of Cards: Se você não gosta do Frank, provavelmente não passou da primeira temporada desta viciante série. Se gosta, não vê a hora conferir a terceira temporada. 

Gary Walsh (Tony Hale) - Veep: É aquele típico personagem que você acha patético, mas tem uma certa simpatia, graças ao carisma do assistente puxa-saco superprotetor.

Gene Hunt (Phillip Glenister) - Life On Mars: Um personagem que ora você ama, ora você odeia. Um típico anti-herói durão com boas intenções, mas um tanto rude para conquistar a justiça (muitas vezes feita com as próprias mãos, literalmente).

Lester Nygaard (Martin Freeman) - Fargo: Outro sujeito patético, mas ao mesmo tempo envolvente. É o tipo que você torce contra, mas volta-e-meia tem esperança de que consiga se safar. Mais uma vez.

Jimmy McGill/Saul Goodman (Bob Odenkirk) - Better Call Saul: O protagonista da (por enquanto) melhor série de 2015, tem um humor peculiar ("Here's Johnny!") e uma maneira um tanto controversa de lidar com problemas.

Sherlock Holmes (Benedict Cumberbatch) - Sherlock: Acho que não preciso justificar este, não é mesmo?

The Doctor (Vários) - Doctor Who: Outro personagem que dispensa justificativas, seja qual for o ator que o interprete.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Período de doações

Há alguns meses, fiz uma arrumação no guarda-roupas e separei várias peças para dar. Depois, fui até a estante e selecionei alguns livros para doar – estão guardados, pois ainda não encontrei as respectivas receptoras.
Para março, separei mais algumas roupas que não uso mais nem pretendo usar e uns CDs parados, que faz anos que nem abro a capa. Eu tenho uma certa dó de dar os CDs, mas prefiro liberar um espaço e desapegar a manter algo que nem ouço mais. Já tenho alguns sortudos na lista, mas aos poucos vou escolher de quais me despedirei. Por enquanto, apenas um álbum do Doves e outro do Blur.

Em 2013, tive o grande período de desapego, ao me mudar. Eu me desfiz de uma grande coleção de revistas, inclusive Showbizz, mas não consegui dar minhas velhas edições da Set. Móveis que não cabiam foram vendidos por um preço bem abaixo do mercado, outros doados. O apartamento nem está em ordem ainda, porque trabalho com publicações de decoração e acabo gostando de coisas que não são muito baratas, daí não dá para comprar tudo que quero de uma vez e eu acabo adiando.

domingo, 15 de fevereiro de 2015

O último/ A última...

...Filme visto: Belle e Sebastian
...Episódio de série visto: S01E06, de Agent Carter
...Série na lista de favoritas: Better Call Saul
...Vício musical: John Grant
...Exposição visitada: Carlos Bracher, no CCBB-SP
...Cerveja experimentada: Wäls Verano
...Experiência gourmet na cozinha: Yakissoba de camarão e vegetais
...Experiência gourmet fora de casa: Hot dog gourmet (hahaha) no Doog
...Sorvete delícia que nunca vou esquecer: A edição especial do Magnum, com pistache
...Último pensamento: "Credo, como gasto com comida 'gourmet'"


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

As agruras de ser uma whovian

Estou me sentindo meio órfã de Doctor Who. Não, a série não foi cancelada, mas depois de ver sete temporadas no Netflix, desde setembro, terminei os episódios disponibilizados pelo site - e tenho uma certa preguiça de baixar, porque a qualidade do Netflix é boa e dá para emendar episódios.
O último que vi foi o especial The Day of the Doctor, que trouxe David Tennant de volta. Eu sabia que era fã do décimo doutor, mas eu me senti uma fanática ao vê-lo ao lado de Matt Smith e John Hurt. Agora entendo as fangirls do Tumblr. E se um dia eu for a uma dessas convenções de fãs ou a um painel de Comic-Con com ele, acho que não conseguirei me segurar e o tietarei.
Primeiramente, a reinterpretação que ele faz do Doctor é tão perfeita que demorei uns sete ou oito episódios para me acostumar com o Matt Smith (e olha que ele é bem bacana). Agora, vou ter que me adaptar ao Peter Capaldi como o personagem - e sabe-se lá quanto tempo vai levar.

As conclusões a que chego, depois de ver uns 90 episódios de Doctor Who, é: ou você ama ou não gosta mesmo e larga logo no começo. Eu não sou fã do gênero ficção-científica em si, mas o tema viagem no tempo rende muito, quando bem escrito. E Doctor Who é uma série sobre viagens no tempo que tem um universo próprio bastante rico. Por isso que a série existe desde os anos 1960 e já é um patrimônio cultural britânico.

Teve episódio que me fez gargalhar, chorar, suspirar, ficar tensa, ficar surpresa. Algumas sacadas geniais, como a verdade sobre River Song, quase me tiraram o sono de ansiedade para saber tudo o que iria acontecer.
Dito isso, eu nunca pensei que um dia fosse me tornar uma whovian. Fiquei decepcionadíssima na CCXP, quando vi os preços dos produtos oficiais do Doctor Who. Outro dia, me peguei pesquisando camisetas da série para comprar. Até me apaixonei por um bonequinho de feltro do Doctor a.k.a. David Tennant. E quando vi uma enciclopédia ilustrada importada na livraria, pensei imediatamente em encomendar um exemplar.
É como dizem: geek/nerds precisam de uma reserva monetária para investir em seus sonhos de consumo. Porque, veja bem, do jeito que esses produtos são caros, melhor não começar a ver série nenhuma para não virar uma fanática.

Quero um David Tennant de feltro pra mim.

Quero as caixas de som do Doctor Who.
E este tênis? #queromuito

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Nova paixão musical

Ouvi muito Strand of Oaks no final de 2014 (dediquei, inclusive, um post). Mas no começo deste ano, descobri outro cantor com um estilo parecido, com uma bela voz e melodias maravilhosas - embora as letras não sejam tão sérias e algumas até divertidas: John Grant.
Estava assistindo a The Skeleton Twins, quando em uma bela cena, uma música tocando de fundo me chamou a atenção. Assim que terminou o filme, identifiquei a canção pelo nome e pesquisei o cantor, que até então nunca tinha ouvido falar. Descobri que John Grant tinha feito parte de uma banda que nunca decolou, mas logo em seu primeiro álbum solo, de 2010, chamou a atenção dos críticos e ficou em listas de melhores daquele ano.
Esse álbum de estreia, Queen of Denmark, contém a música que ouvi no filme, chamada Outer Space. Mas qual não foi minha surpresa quando acabei de escutá-lo inteiro e coloquei no repeat. Isso é muito raro de acontecer nos dias de hoje. É um disco tão bom que eu não consigo escolher minhas favoritas. Gosto de todas. E gosto tanto do álbum que ainda não quis escutar o sucessor, de 2013, porque tenho receio de me decepcionar.

Uma música que me chamou atenção especial foi Sigourney Weaver - claro, por causa do nome da atriz-musa do cinema, uma das mulheres mais lindas de Hollywood até os dias de hoje. Canta John Grant:


When I woke up today, the air was very strange.
I couldn't feel my skin, and there was evil in my bones.
I tried to speak but found that I didn't have a voice.
It was a prison like the one you would find in the Twilight Zone.

And I feel just like Sigourney Weaver
When she had to kill those aliens.
And one guy tried to get them back to the Earth.
And she couldn't believe her ears.

So I was taken or I went towards what was west--
To where the ground was dead--and struck out at the giant sky.
The sky was black and filled with tiny silver holes,
And it was there, with a frightened voice, that I began to cry out loud.

I feel just like Winona Ryder
In that movie about vampires.
And she couldn't get that accent right;
Neither could that other guy.


A parte citando a Winona Ryder e o Keanu Reeves em Drácula de Bram Stocker, de Francis Ford Coppola, é genial. Logo em seguida tem um tecladinho muito filme de ficção-científica dos anos 1960/1970. É uma música climática, mas a letra é engraçada e destoa da carga dramática do início e do final, que é esta estrofe:


And I feel just like I am on Jupiter -
The one that looks like rainbow sherbet -
But it doesn't lend itself to life.
And I haven't finished yet.



Ainda quero escutar muito este álbum antes de passar para o seguinte. E espero gostar tanto a ponto de escrever sobre ele por aqui.

Sigourney Diva tem até uma música com seu nome

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Bite him

Norman Reedus não é um cara particularmente bonito - e ele sabe disso. Mas, o ator tira proveito da forma física (que seria uma versão masculina de mignon) e cria personagens que têm tudo a ver com ele. O principal deles, claro, é Daryl Dixon, um dos mais queridos de The Walking Dead - vai dizer que nunca se sentiu aflita/o em algum episódio onde ele corria sérios riscos de ser morto por psicopatas ou mordido e devorado por zumbis?
Reedus também esteve no cult Boondock Saints - eu nunca entendia porque as pessoas diziam que era um filme cult, até assistir e me deleitar. Mas, evite a continuação, que é desnecessariamente estúpida. 
Foi em The Walking Dead que o ator, já um quarentão, conseguiu formar seu reduto de fãs (e tietes) obcecados por Daryl. Se o Rick está deprimido, temos Daryl para ocupar o posto de matador de zumbis da vez. Se Carol está triste, ele contará uma bela história para ela superar o trauma. Se Beth quer cantar, ele é todo ouvidos e ombros.
Recentemente, li algo sobre os criadores da série revelarem a sexualidade de Daryl em alguma fase do programa. Não sei se faria diferença alguma, pois pouco importa a opção sexual do personagem, ele sempre foi sutil e é isso o que torna seu mistério ainda mais essencial para querermos vê-lo na tela.
Daryl pode ter seus segredos íntimos muito bem guardados, mas o sex appeal está lá toda vez em que aparece em cena. O estilo mignon, os cabelos caídos sobre o rosto, o semblante de quem já perdeu tudo, mas luta para manter o que conquistou - essencialmente, os amigos. A voz que parece sussurrar e os olhares que se desviam ao perceber o menor indício de perigo.

Esperamos que a próxima camiseta venha
com os dizeres Take Me To The Shower
Dito isso, não tem como não amar essa capa oportunista da Entertainment Weekly. É a objetificação de Daryl, o cara que gostaríamos de morder e fazer outra coisas impensáveis. O sujeito comum capaz de arrancar suspiros com um discreto sorriso ou sinal de conforto. 
Em tempos nos quais é a imagem que vende a pessoa, ter um ator como Norman Reedus liderando uma série popular de TV é uma grande conquista para o público feminino que dispensa qualquer tipo de rótulo para classificar alguém que é atraente simplesmente por não seguir nenhum manual de regras masculino.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Notas cinematográficas

O Crítico: "Oba, filme argentino. Olha, estão falando bem. Satiriza comédia romântica? Se for com inteligência, deve ser ótimo." Bem, está longe de ser um dos meus 30 filmes argentinos favoritos. Além de criticar a fórmula das comédias românticas, ele a empresta e aplica em uma história de amor sem sal entre um crítico de cinema chato (pleonasmo) e uma cleptomaníaca hipster. No final, até que se tenta algo diferente, mas até lá o tédio não me fez importar com os rumos da história.

Bem-Vindo à Prisão: Principal pretexto para ver esta comédia na Netflix - Will Arnett, de Arrested Development. Um dos comediantes com melhor timing cômico da atualidade vale uma conferida neste despretensioso filme de prisão, que tem até Michael Shannon como um neonazista sádico e uma ponta de Bob Odenkirk, que também dirige. Para quem não gosta mesmo do gênero, melhor passar longe.

The Trip: Versão condensada (muito bem editada, aliás) de uma minissérie britânica de mesmo nome, lançada em 2010 e estrelada por Steve Coogan e Rob Brydon. Ótimos diálogos e um enredo que consegue tratar da amizade sem parecer piegas - e apelando para o humor ácido sempre que possível. Enfim, uma pequena surpresa para quem não viu a série e busca um filme diferente. Disponível na Netflix.

The Rover - A Caçada: Após dirigir o ótimo Animal Kingdom, o que mais David Michôd faria na sua terra natal, a Austrália? Novamente, ele conta com a presença de Guy Pearce em uma trama violenta e quase silenciosa, um road movie que cruza o outback em uma história de reviravoltas. E, quem diria, Robert Pattinson é um bom ator.

Whiplash: Desde já, é um dos melhores filmes que já vi. A começar pelo tema: jazz. O foco na bateria resulta em um longa com uma belíssima edição, sem contar a excelente trilha sonora. As atuações, a direção e a fotografia também me impressionaram. Enfim, é uma obra grandiosa, sem precisar ser longa demais ou repleta de efeitos técnicos, exemplificando perfeitamente o poder da narrativa.

Boyhood: Um filme comum em que a ideia é melhor do que ele próprio. A falta de carisma do protagonista acaba criando desinteresse - a melhor personagem (e atuação, diga-se) é da Patricia Arquette, tanto que o longa poderia ser melhor se focasse nela. O roteiro não apresenta a costumeira visão filosófica de Richard Linklater e decai consideravelmente na última parte. A montagem, aliás, é um dos pontos negativos (surpreende-me que esteja concorrendo ao Oscar nessa categoria, ao lado de Grande Hotel Budapeste e Whiplash). Enfim, só mesmo o marketing dos "12 anos de filmagem" para gerar tanto falatório.

The Skeleton Twins: Vez ou outra, comediantes famosos arriscam em filmes mais sérios, como se fosse uma forma de superação. Nesta comédia dramática, Kristen Wiig e Bill Hader, que trabalharam juntos durante anos no Saturday Night Live, mostram que realmente sabem atuar e chegam a surpreender. O filme retrata dois irmãos em crise e exagera mais no drama do que nas cenas cômicas (que são bem poucas). Vale conferir.

Birdman: Um roteiro repleto de clichês, desde a premissa principal à caracterização dos personagens. Uma direção mais preocupada com os planos sequência do que com a atuação do elenco (achei todos, menos a Amy Ryan, com bastante overacting). Uma montagem cujo maior propósito é o marketing (se fosse tradicional, duvido que o filme teria todo esse hype). Confesso que dei várias desligadas nos 2/3 iniciais, pois achei tão chato e desinteressante... mas há quem ame o filme.