The Deep Blue Sea (lançado no Brasil com o título simplista Amor Profundo) é um dos meus filmes favoritos. Baseado em uma peça teatral homônima de Terence Rattigan, que aliás nunca li nem assisti, é uma obra que me encantou pela cenografia, fotografia e ótimas atuações, especialmente da Rachel Weisz, que entrega o melhor papel de sua carreira sem precisar apelar para nenhum artifício que uma atriz menos competente poderia cometer, caso tivesse o papel de Hester Collyer em mãos.
Assisti ao filme pela primeira vez em 2012, simplesmente por causa de Tom Hiddleston, que interpreta o jovem amante de Hester. Vi pelo monitor do computador mesmo, pois já havia estreado há tempos no exterior e eu não esperava que sequer fosse lançado nos cinemas daqui. Porém, bastou Rachel Weisz ter sido indicada ao Globo de Ouro pelo seu papel para os distribuidores finalmente se darem conta da importância da obra e a exibirem, ainda que tardiamente, em algumas salas brasileiras.
O fato é que gostei muito de The Deep Blue Sea desde a primeira vez que vi. Identifiquei-me com Hester, senti seus desejos e tristezas, esperanças e neuras. Uma mulher imersa na infelicidade, presa a um corpo do qual tenta se livrar em uma recaída de mágoas. Assim que estreou, fui imediatamente revê-lo na tela grande. E que filme! Tornou-se meu favorito de 2013, mesmo já tendo assistido no ano anterior.
Pois The Deep Blue Sea é um filme angustiante. Vê-lo no cinema te faz se sentir sob a pele de Hester. A bela trilha sonora; o melancólico contexto pós-Segunda Guerra Mundial; uma Inglaterra se arrastando para sair da depressão - assim como Hester -; um bom marido, mas que não supre as necessidades íntimas; e um amante hiper-sexualizado, mas que não a completa como mulher.
Já não lembro em quantos momentos me senti como Hester: presa na própria angústia, atada à indecisão, confusa pela própria vida. Repleta de expectativas mal cumpridas, desacordada em memórias de um passado não muito distante e quase afogada na culpa que outros a infligiam.
The Deep Blue Sea não pretende ser o retrato de uma mulher, nem de uma época. É uma releitura transformada em um pequeno grande filme que poucos assistiram, mas que muitos podem ter identificado cada uma de suas nuances poéticas e artísticas.
Logo fará dois anos que o conferi no cinema, saindo da sala com a certeza de que há um pouco de Hester Collyer dentro de mim. Não revi o filme desde então, pois temo como eu vá me sentir depois. Afinal, pequenos momentos de felicidade e prazer valem a pena para se autodestruir pelo que não foi e se culpar pelo que se arrependeu tardiamente? O que diferencia amor de amizade e amor de paixão?
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