- Deixe o vento me embalar. Tudo o que quero é flutuar, ouvir a música com olhos fechados enquanto os carros disputam faixas e preenchem o ar com suas buzinas impacientes.
Algumas flores lutam para sair de seus botões rosados, vagarosamente abrem-se sob o sol, atraindo borboletas e abelhas. O perfume é discreto e se esvaece em segundos, antes que eu possa senti-lo.
O deslumbramento cede espaço ao sombrio e suas incertezas. A caminhada é longa, a estrada é acidentada, o ruído é incômodo, o aroma é inexistente, o paladar é insípido, as paisagens são desbotadas. O final leva ao início e tudo começa outra vez.
Aos poucos, o encantamento ressurge. Brilha, ofusca, chamusca. Atinge seu auge para apagar-se outra vez. E assim o ciclo se renova. Escuro. Claro. Escuro. Claro.
A vida na Terra se completa e a linha reta entra em declínio. Desce a ladeira em alta velocidade, mas não bate no muro. Chega ao fim... do mundo.
3 comentários:
dor cosmopolita!
universal...
Já é a terceira pessoa esse mês de quem eu ouço falar de bipolaridade. A primavera é bipolar?
Primavera é bipolar, mesmo. Ainda mais que o outono...
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