Nas últimas semanas, dediquei-me à releitura de eu mesma. Não sei explicar, mas determinados acontecimentos remeteram a antigos textos e algo me inclinou a procurá-los e relê-los. Começou assim, até que abri a página de edição para visualizar tudo o que postei. Sem reler todos os textos, obviamente, mas mereceram a releitura aqueles que chamaram a atenção pelo título. Redescobri Katherine Mansfield, citada com um conto sobre uma definição particular de "apaixonar-se" - a qual, aliás, compartilho.
E assim foi. Posts tristes e melancólicos guardam uma beleza particular, seja do momento em que foram escritos ou da própria construção e escolha de palavras, desdobrando-se elegantemente. Vez ou outra, a citação de uma canção desperta os sentidos, recordando-me do que realmente sinto quando a escuto.
Em alguns momentos, a data do texto me ajuda a relembrar a ocasião. Alguns posts "livres" - daqueles em que relato algo pessoal - podem ser injustos ao serem lidos hoje, mas no momento pareciam corretos e precisos. Vez ou outra, minha imaginação era mais forte e descambava num delírio literário.
Algumas surpresas, como assuntos particulares abordados sutilmente, arrancam sorriso. Imagino se a sutileza foi corretamente interpretada por algum leitor. Mas, melhor não saber.
Acima de tudo, percebo como em determinadas ocasiões recorri à blogterapia. Eficaz até certo ponto, relendo os textos eu consigo me compreender melhor: exagerada, dramática, delicada e receosa.
Aliás, o medo se faz presente em muitas abordagens. Medo (d)e decepção, juntinhos. Referências a olhares e sorrisos são quase clichês, mas falar de pele merece o troféu. Não que seja obcecada por pele, mas costumo referir-me a ela como um escudo à prova de sentimentos. E isso em inúmeras ocasiões, como se a pele estivesse envolta em uma armadura e me protegesse das decepções.
Em determinados períodos, simplesmente não conseguia escrever um texto que prestasse, envolta em uma preguiça diária e abandonada pela inspiração. Em outros, conseguia voltar àquele exato momento narrado, sentindo a mesma sensação narrada. Este seria um ótimo exemplo disso.
Lembranças são revividas quando me deparo com algumas narrativas randômicas. Minhas favoritas são sobre shows. A felicidade aflorando quando vi The Swell Season. As lágrimas derramadas quando o Muse tocou Starlight. O êxtase de ter o Black Keys na minha frente, como se tocasse só para mim.
Memórias adquirem uma visão unidimensional, como uma interpretação única de um momento. Toda a razão é minha - é o meu ponto de vista que importa. E esta história me faz rir e voltar no tempo.
Sem objetividade, orgulho-me por ter registrado tantas crônicas, reais ou totalmente fictícias. Algumas histórias exalam pretensão, outras são pequenas e charmosas. Há ainda aquelas que tenho vergonha de ter publicado. Mas todas, sem exceção, são como minhas filhas - minhas criações. E reencontrá-las mostra que, desde o início deste blog, tenho meus altos e baixos, não somente em frente ao teclado, como também na minha maneira particular de enxergar os fatos da vida. Assim... exagerada, dramática, delicada e receosa. E um tanto apaixonada e detalhista.