sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Inconsciente consciente

Num momento, bate aquele sentimento de que algo precisa fazer sentido. Esboços de pensamentos filosóficos palpitam e não revelam nem metade das respostas que eu gostaria de ter. Não que esteja me esforçando muito para consegui-las, mas às vezes o vazio preenche a alma quase por completo.
Eu corro, respiro, suspiro, como, bebo, danço, canto, sussurro, durmo, sonho, acordo. E os pensamentos insistem em invadir um momento que não é deles. Enxoto-os. Fugidios, embrenham-se e se refugiam na mais frágil das horas: a do sono.
Viro, reviro, mexo, remexo, contorço-me. Acordo na desgraça de quem quer aproveitar o momento sagrado de descanso e não consegue. Mas o restante dos dias da semana tendem a ser mais tranquilos conforme a sexta-feira se aproxima.
O que falta é ação para resolver algumas pendências. Às vezes beira à preguiça; em outras ocasiões, coloco a culpa na suposta falta de tempo. Mas sei que aquilo está lá e preciso encarar e resolver. Afinal, o problema não desaparecerá sozinho: enquanto existir, irá se embrenhar pelas entranhas do cérebro e se instalar, latejando em busca de atenção.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Desafio dos 200 filmes - parte 8

36) Um filme de humor negro: O Sentido da Vida (Monty Python's The Meaning of Life, 1983)
Mesmo tendo visto os outros filmes do Monty Python, achei o humor deste ainda mais ácido.


37) Um filme de atores desconhecidos: A Separação (Jodaeiye Nader az Simin, 2011)
Quando assisti, não conhecia nenhum dos atores - e até hoje é o único filme que vi com cada um deles. A propósito: é excelente.


38) Um bom filme de máfia: Os Bons Companheiros (Goodfellas, 1990) 
Bom? É excelente! 


39) Um filme que possui uma frase de efeito (cite a frase): Trainspotting (Trainspotting, 1996)
Choose life.


40) Um filme que lançou algum ator famoso: As Duas Faces de um Crime (Primal Fear, 1996)
E pensar que este foi o primeiro filme do Edward Norton e a atuação dele é simplesmente hipnotizante.


domingo, 12 de janeiro de 2014

O último/ A última...

... Filme (re)visto: A Vida de Brian
... Filme visto no cinema: A Vida Secreta de Walter Mitty
... Episódio de série visto: season 2 finale de Lilyhammer
... Música escutada: Always Look on the Bright Side of Life, por Eric Idle
... Álbum escutado: Vampire Weekend - Vampire Weekend
... Livro lido: "Seis propostas para o próximo milênio", de Italo Calvino
... Relíquia encontrada: minha coleção de revistas Set antigas
... Compra mais do que necessária: uma estante pra sala
... Vício (quase) superado: sorvete
... Cerveja nova degustada: Iron Maiden Trooper

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Da decisão à atitude

Vivencio um período de "não mais do mesmo". Descontentamentos e aborrecimentos cedem lugar à decisão, que espantou de vez seu antônimo, a indecisão. Não espero mudanças, mas faço com que aconteçam - não mudam as coisas, então mudo eu.
Não precisava de coragem para dar um basta, mas ainda assim juntei um pouco da minha e acrescentei atitude. Dei-me conta de que aquele era o momento. Conversas não resolveram e cada vez se direcionava para um caminho pior. Sei dos meus valores, qualidades e competências. Se os defeitos pesassem tanto, a resolução partiria de outro.
E, assim, soube me valorizar e decidir pelo que quero, abrindo meus olhos para enxergar com sensibilidade ainda maior outros fatores que me rodeiam. O que quero afinal - estacionar e aguardar ou mudanças efetivas?
Foram meses de paciência que, vez ou outra, cedia lugar à impaciência e resultava em explosões emocionais. Satisfação... há algum tempo não sentia isso. Talvez Calvino tenha me inspirado, em uma citação reproduzida recentemente. É uma busca por mudanças que consegue domar a ansiedade, acalmá-la para não resultar em precipitações.

O basta encaminhou-me a outro aspecto da vida, que eu fingia ignorar mas senti aflorar com intensidade, fazendo-me repensar sentimentos e analisar fatos com racionalidade. A compreensão e a valorização de meus desejos e emoções apontaram para questionamentos que parecem pairar sobre o ar, aguardando respostas que os façam dissipar. 
Não é fácil: há uma confusão interna afetada por emoções que buscam ignorar presente e passado, criando um espectro futurístico otimista. Necessidades parecem ser encobertas por uma névoa que só faz pensar no outro. Mas e eu? A mim cabe decidir como proceder.


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Noitinha

E naquela noite de verão, após saborear um hambúrguer vegetariano e um milkshake coberto de chantily, ao caminhar pela avenida, sentiu as finas gotas de chuva tocar a pele e a brisa suave remexer os cabelos. Pensou: “Meu, adoro São Paulo.“

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Citando Calvino

"(...) o desconhecido é sempre mais atraente que o conhecido; só a esperança e a imaginação podem servir de consolo às dores e desilusões da experiência. O homem então projeta seu desejo no infinito, e encontra prazer apenas quando pode imaginá-lo sem fim. Mas como o espírito humano é incapaz de conceber o infinito, e até mesmo se retrai espantado diante da simples ideia, não lhe resta senão contentar-se com o indefinido, com as sensações que, mesclando-se umas às outras, criam uma impressão de ilimitado, ilusória mas sem dúvida agradável."

(CALVINO, Italo. Seis propostas para o próximo milênio. Companhia das Letras, 1990. 1ª ed. Tradução: Ivo Barroso)

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

O post clichê do ano

Não sei porque as pessoas se empolgam tanto com o começo de um ano se o melhor é o final dele: feriados, festas e afins. Isso porque estou longe de ser uma pessoa festeira, mas só de ter um tempo para eu gastar como quiser, já me animo um pouco. 
Começo de ano é chato. Mal acabam as festas e você tem que voltar para seu emprego, encarar as mesmas chatices e controlar a impaciência. A rotina segue igual antes - a não ser que tenha dado sorte de recomeçar em um novo trabalho. Essa aura de esperança de que "o próximo ano será melhor" só vale se eu tenho algum projeto em andamento e prestes a ser concretizado - tipo quando viajei, em 2010. De resto, sua vida não vai mudar - e se mudar, os esforços poderiam valer para qualquer ano, até para o que terminou.
Eu não pretendo criticar quem pensa diferente de mim - afinal, quem sou eu para fazer isso? Só acho que se agisse com superstições e esperanças (vestir branco na virada do ano, pensar positivo a todo instante, sair cantando "Shiny Happy People"...) estaria indo contra meus próprios princípios e crenças pessoais. Um ano bom não depende dessas bobagens. Na verdade, depende apenas uns 50% de você. 
E quem disse que precisamos ser alegres o tempo inteiro? Que precisamos apenas enxergar o lado bom das coisas, dar segundas chances e melhorar nossos "defeitos"? Pois eu vou continuar sendo preguiçosa, rabugenta e impaciente em 2014. Mentiria se dissesse que vou mudar. Ninguém muda assim, por mais que se esforce. Talvez consiga disfarçar.

Por isso, não desejo que as coisas mudem em 2014. Desejo oportunidades para mudar as coisas, ânimo e sentimento de realização quando algo bom acontecer. O que 2013 teve de bom, espero que permaneça. E o que teve de ruim, se for para repetir, gostaria de ter inteligência e sensibilidade para encarar de maneira diferente. Afinal, é assim todos os anos: o que muda é a experiência, e não os dias que se seguirão após o 31 de dezembro.