domingo, 30 de novembro de 2014

Meu (atual) livro de cabeceira

Descobri Robert Doisneau quando era uma pessoa extremamente comprometida com meu Tumblr, programando atualizações de postagens várias vezes ao dia. Deve ter sido em 2010, quando decidi pesquisar trabalhos de fotógrafos em sites de fotografia. Encontrei vários por quem me apaixonei, sendo os principais deles André Kertész e Robert Doisneau. Ambos, aliás, profissionais talentosíssimos na composição de imagens, mas com outra característica em comum que me atraiu tanto: o clique no momento "certo" (embora o primeiro tenha um estilo mais artístico, como um diretor).

Já fui a exposições de fotos de ambos (sou uma pessoa de sorte, consegui ver obras de dois dos meus maiores ídolos da fotografia), sendo a de Kertész em São Paulo e a de Doisneau no Rio de Janeiro - uma coincidência cósmica, já que estava dando uma volta pelo centro da cidade quando resolvi entrar em um centro cultural que desconhecia e, pasmem, estava tendo uma exposição dele que nunca aterrissou em São Paulo.

Mas o tema deste post é o meu atual livro de cabeceira, então vou adiantar um pouco o assunto: Paris Doisneau, da Cosac Naify. Aproveitei a promoção do dia (cada dia tem um livro com 35% de desconto), que aliás, foi descoberta por pura coincidência também: eu nem sabia que a Cosac Naify realizava essa promoção, pois, apesar de segui-la no Twitter, ainda não tinha visto nada sobre. Daí acordei num domingo, peguei meu celular, abri o Twitter e vibrei quando vi o tweet da promoção. "É hoje!", empolguei-me.

Novo livro de cabeceira

O livro demorou vários dias para chegar, devido a greve dos Correios, mas quando chegou, eu me senti realizada. Desde então, Paris Doisneau é o livro que folheio todas as noites, antes de dormir. Daí quando o sono bate forte, eu fecho e deixo para continuar na noite seguinte.

Às vezes, encontro uma foto muito curiosa, daí sinto aquele impulso de "tirar foto da foto". Em seguida, penso, "ah, quero mostrar para outras pessoas também", e compartilho. São cliques singelos, mas ao mesmo tempo complexos, pois contêm uma narrativa que talvez só aquelas pessoas e o próprio fotógrafo entendam. Alguns textos e legendas ajudam a compreender, mas dá vontade de simplesmente interpretar a imagem por conta própria e imaginar uma história para ela e seus personagens.

Para uma pessoa como eu, que sempre viveu (ou sonhou) no mundo da Lua, pinturas e fotografias são como um tipo especial de oxigênio, que precisa ser absorvido com frequência. E Doisneau é um desses artistas que me faz dormir feliz, por constatar que o dom da sensibilidade vai além da imaginação.

Casa de papelão, 1957 - ©Robert Doisneau

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Distância recíproca

Aquela sensação de sentir o peito sendo rasgado enquanto a cabeça repousa sobre o travesseiro e o corpo apresenta os sinais de cansaço noturno. As lembranças que custaram a se dissipar de repente retornam como uma bomba.
É só ele reaparecer que eu fico mal. Eu até me culpo daquilo que não tenho obrigação nenhuma de fazer. Eu me diminuo, recordo situações que me fizeram muito mal - aqueles acontecimentos que ganham dimensão com o tempo, como se na época eu fosse uma mocinha que não entendia tão bem como as coisas deveriam ser.
Uma vez que ele ressurge, levo alguns dias para me recuperar. Às vezes, tenho medo de que outra pessoa me faça sentir assim, mas ao mesmo tempo tenho consciência de que sou mais sábia hoje, de que raciocino melhor e de que tenho uma voz que, se não for ouvida, tão pouco será abafada.
Há muito mais que eu gostaria de dizer, mas me calo para me distanciar. E espero que a distância seja recíproca, pois cada vez mais eu percebo o quanto é melhor me afastar. Porque eu não estou sozinha e não me sinto solitária - ao contrário de quando eu me sentia assim mesmo ao lado dele.
E é impressionante também como os outros notam como ele me faz sentir quando se aproxima. Eu mesma não consigo disfarçar a apatia que toma conta de mim e a mágoa que me arranca lágrimas no meio do dia ou da noite. O meu sofrimento só eu sinto. Por isso, eu tenho que me preocupar com ele, pois é o que me derruba às vezes e me faz sentir culpa por não ter reagido antes.

Aqui, na noite silenciosa, eu não o procuro mais para desabafar. Não o faço recordar as atitudes erradas. Não conto como ainda me sinto por determinada coisa que me disse. Não quero tornar sua vida mais complicada do que já deve ser. Mas também não quero que complique a minha. E não quero mais precisar me expressar em palavras neste meio todas as vezes em que reaparecer. Só quero dormir sem ter que secar as lágrimas que escorrem lentamente em meu rosto triste e cansado.


terça-feira, 18 de novembro de 2014

Um amor de banda


Tempo de voltar à adolesc... ou melhor, há cerca de um ano e meio, quando vi The Black Keys no Lollapalooza e me apaixonei ainda mais pelo Dan Auerbach (ah Dan, jamais haverá outro homem como você lol). E fiquei deprezinha porque queria uma show daqueles toda semana, mesmo que com isso meu tempo de vida diminuísse consideravelmente, porque eu ia morrer um pouco a cada show e encurtar a minha existência neste planeta.

Black Keys, minha droga, meu vício, minha felicidade numa porção de músicas, em uns riffs de guitarra, em uma voz repleta de paixão, em umas batidas mais fortes do que meu coração apaixonado. Dan, meu deus da barba ruiva (mas ele está sem barba agora). Então tá, meu deus ruivo que adora sussurrar suas canções no meu ouvindo.

Trazendo um pouco mais de vida, mais sorrisos bobos, mais fantasias loucas, mais vontade de voltar no tempo... ou acelerar para vê-los de novo. Ninguém precisa entender os sentidos que vocês trazem para mim. Cinema, arte & Black Keys. Apenas isso. Mais disso. Muito disso. Até o fim.

*este post foi escrito enquanto eu assisto ao live streaming de um show do Black Keys que está acontecendo em Austin, TX, no ACL*

*e choro enquanto o Dan canta em falseto, coisa mais linda do universo, difícil alguém me emocionar assim*

sábado, 15 de novembro de 2014

O último/ A última...

...Filme visto no cinema: Morte em Veneza, de Luchino Visconti (mon amour!)
...Filme novo visto no cinema: Relatos Selvagens
...Episódio de série visto: S05E05 de Doctor Who
...Série para a lista de favoritas: Ripper Street
...Desejo prestes a ser realizado: Quatro dias na CCXP!
...Ídolo para a minha lista: Oki Sato, designer da Nendo
...Aventura gastronômica em restaurante: Udon, no Sushiguen
...Comprinha de mulher: blusinhas listradas
...Objeto de desejo: Melissa by Campana

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

O menino e a banana

Hoje foi um daqueles dias de humor flutuante. Daí, quando menos esperava, vi este gif - e fiquei profundamente comovida com ele. Não foi aquela comoção de chorar, mas de ficar olhando a cena se repetir em looping infinito, admirando tudo: a reação, a história por trás, a satisfação no final.
Eu, que nunca foi uma fã de frutas, quis ser este menino. Queria receber um presente tão simples quanto uma banana e sentir a felicidade da minha vida, descascá-la e saboreá-la com prazer; ser grata a quem me deu algo tão sincero, sabendo que eu iria gostar tanto assim. Quando ele praticamente abraça a banana, beijando-a, é como se eu fosse acometida por um instinto filosófico e repensasse todo o sentido da existência humana em questão de milésimos de segundos.

O menino e a banana. Eis o significado da satisfação, do prazer e da felicidade: a realização completa de uma jovem pessoa em poucos segundos, na pureza de seus sentimentos e  na sinceridade de sua reação. 


quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Silêncio

Ele me procurou no WhatsApp para saber se eu estava bem. Não respondi. Ele enfatizou em outra mensagem que só queria saber como eu estava. Mantive-me em silêncio. A primeira mensagem, li quando voltava do casamento de uma amiga (deixei o celular desligado e só religuei quando estava no carro, de madrugada). A última, quando havia acabado de levantar.
O que eu responderia? Que estava bem até ele me procurar e escrever não uma, mas duas mensagens? Que havia acabado de sair de um casamento que me trouxe à tona algumas lembranças e, depois disso, receber uma mensagem dele foi como uma bomba para acabar com minha noite? Que estou melhor, embora ainda tenha recordações que me façam chorar toda vez que relembro?
Se eu dissesse que estava mal, ele poderia fazer algo para que eu me sentisse melhor? E se eu respondesse que estava bem, ele tiraria alguma culpa que talvez persistisse em sua cabeça?

O meu silêncio foi a maneira que encontrei para poupar ambos - eu, principalmente. Se esse é um dos remédios que me ajudam a ficar bem, não quero lidar com qualquer coisa que me derrube e deixe magoada. Não preciso disso nesta altura da minha vida.