segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Como emplacar um filme independente

O cinema independente chega em peso a São Paulo com o Indie 2009, trazendo filmes que dificilmente poderão ser vistos em outra ocasião. Algumas peculiaridades dessa vertente são notadas de forma clara em muitas películas, como a presença de uma família com problemas psicológicos e de pelo menos uma personagem depressiva. Essa característica é ressaltada pelo roteiro com poucos diálogos, onde o silêncio das personagens impera e a câmera não tem muito o que fazer a não ser estender a montagem a longos planos que não levam o enredo a lugar algum – apenas esticam o tempo de duração e fornecem ao espectador a mesma sensação de angústia que permeia a vida dos personagens.
O baixo orçamento obriga vários produtores a cortar a verba da trilha sonora, o que muitas vezes realmente não impacta no brilhantismo da obra se ela fizer desse recurso um novo personagem, e não apenas uma forma de aumentar o tédio do espectador. Vale utilizar de efeitos como o som ambiente, mas para isso um bom sonoplasta é indispensável. Ou seja: tudo depende da boa vontade do produtor e da criatividade do diretor. Existe, ainda, os moderninhos e samaritanos que decidem convidar a banda independente do primo para emprestar algumas canções. Assim, não gastam com direitos autorais e ainda impulsionam a carreira dos amigos.
Se o filme quiser, acima de tudo, ser uma obra audiovisual descolada, é importante trazer cenas de sexo "cruas": nada de montagens sugestivas, câmera focando apenas nos rostos dos amantes ou fotografia escura para “esconder” algum detalhe anatômico. Afinal, o fade out é coisa de cinema conservador da época em que Hollywood baseava suas películas na lei dos bons costumes.
Algumas obras apelam para o humor. Mas não espere nada físico: são “grandes sacadas” cheias de ironia, sarcasmo e humor negro. Não são compreendidas por qualquer um – o que leva a imaginar o quanto um selo de piada cult faz falta em momentos assim.
Se a locação de filmagens for um lugar onde o inverno seja rigoroso, as melhores épocas para produção são o outono ou o inverno. Talvez porque os equipamentos sejam de terceira e o frio funcione como uma forma natural e barata para mantê-los resfriados e momentaneamente livres de riscos de curto ou explosão. Além do mais, o frio sempre aumenta a sensação de depressão, ainda mais se a história se passar em uma cidadezinha industrial em decadência. Aliás, alguém já viu um filme independente filmado em uma praia em pleno verão, com o mar azul em ondas convidativas?
Sobre os equipamentos, as steadicams são luxo para essas produções. O negócio aqui é “uma camera na mão e muitas ideias na cabeça”, não importando se quem segura o equipamente tem cordenação motora ou know-how para controlar foco e zoom de forma que o espectador não seja acometido por ataques de enjoo ou dores de cabeça. Afinal, se os personagens enxergam suas próprias vidas como um barquinho em alto-mar durante uma tempestade, nada mais realista do que o espectador se sentir da mesma forma.

Sobre a autora: considera o independente A garota ideal (Lars and the real girl) o melhor filme lançado no Brasil em 2009, até o momento. No entanto, quase passou mal com as imagens trêmulas e desfocadas nos minutos iniciais do japonês Shara, exibido no Indie 2009.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Convergência de ideias

Foi-se o tempo em que uma pessoa era definida por estereótipos do tipo usa-óculos-e roupa-básica-logo-é-nerd-ou-CDF. Ou então veste-se-bem-e cuida-da-aparência-logo-é-patricinha. Eu mesma tive épocas em que defendia a rigidez de estilos, um yin yang onde apenas dois tipos de pessoas existiam, porém sem coexistir. Enfim, o bem e o mal: as meninas fúteis e más que desprezam as colegas intelectuais e boazinhas.
Talvez o mundo há uma década fosse realmente assim ou, quem sabe, eu quisesse enxergá-lo dessa forma por não ter muita bagagem e não me encaixar, de fato, em nenhum desses rótulos e me simpatizar pelo, digamos, mais nerdizado.
Com a globalização e a rápida troca de conteúdo entre pessoas com ideias tão distintas, porém com o mesmo propósito – compartilhamento de experiências e ideologias, sejam elas vazias ou, pelo contrário, substanciais – o mundo parece ter se tornado mais colorido e agradável de habitar. Porque não dependemos mais de uma rodinha de amigos para esperar o sábado chegar e reunir todos para comentar o último epísódio da série preferida ou a morte do anti-herói em uma história em quadrinhos. Tão pouco acompanhamos apenas a visão política de um par de articulistas antagonistas mais lidos do país.
Mas essas incontáveis informações e argumentos, de fontes tão variadas quando as opções de um caríssimo buffet de self-service, podem acabar embaralhando nossos objetivos e tornar-nos cada vez mais dependentes da mídia online, a ponto de não sobrar espaço para dedicar-se aos prazeres cotidianos.
Seja qual for o rótulo de sua embalagem, provavelmente está vivenciando esse mesmo período paradisíaco e conturbado do excesso de informações, onde a novidade é cada vez maior, e o outrora clássico e fora-de-moda está cada vez mais ao alcance para ser absorvido por mentes novas e criativas, dispostas a recriá-los e compartilhá-los.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Vícios e manias de A a Z

Meus vícios e manias mais recorrentes dos últimos meses passeiam pela música, pelo cinema, pelas guloseimas e, claro, pela imaginação.

*Achar tudo fofo: Porque fofo é a palavra que resume tudo em quatro letras.

* Buster Keaton: Minha redundância no tema se justifica por outros filmes que andei vendo do ator e cineasta mudo. Além disso, frequentar os fóruns do IMDB acrescentam muito para compreender a carreira desse que foi um dos ídolos de Orson Welles. Recomendo, para quem deseja conhecê-lo, os vídeos editados por fãs no YouTube. (E, cá entre nós, ele foi um dos homens mais fofos, charmosos e sarados da década de 1920.)

* Cole Porter: Eu já admirava o compositor só de ouvir as lindas interpretações da Ella Fitzgerald, mas depois de assistir à maravilhosa cinebiografia De-Lovely, com Kevin Kline (junto com Tom Hanks, ele é uma das minhas paixonites da infância), fiquei fã de seus trabalhos.

* Dançar só com os pés: Quando não dá para levantar e mexer o corpo (aka durante trabalho), nada melhor do que balançar os pés, batendo levemente no chão conforme o ritmo da música.

* Estudar e ler de tudo um pouco: Já que a correria não me permite aprofundar em certos assuntos, o jeito é estudar um pouco sobre cada tema e aumentar o conhecimento geral.

* Filmes: Não importa o gênero, quase todo dia assisto a um filme. É um vício que procuro satisfazer sempre que possível.

* Godfather (O Poderoso Chefão): Embora não goste do terceiro filme, adoro as duas primeiras películas que contam a saga da Família Corleone. Depois de ler o livro, descobri que os roteiros são adaptações minuciosas e excelentes por manterem a essência da obra e excluir aquilo que acaba atrapalhando a narrativa de Mario Puzo.

* Häagen Dazs: Se eu não fosse pobre, só tomaria esse sorvete. Mas um Zucchero, ou mesmo Kibon, conseguem dar conta do recado.

* Irmãos Marx: Depois de ler “Harpo fala de… Nova York” (fofo demais), “Groucho & Eu” (inacreditável), “Memórias de um amante desastrado” (filosófico e pretensioso), “Movie Icons – Marx Bros.” (fotos nostálgicas), ensaios, artigos, resenhas e críticas cinematográficas (), cheguei a considerar um mestrado ou pós baseado no universo marxista. Fom-fom!

* Jazz: Ótima trilha para ouvir durante o trabalho, no headphone. E se for após o almoço, é relaxamento na certa.

* Kiwi: Não é por causa dos neozelandeses. Eu sempre gostei de kiwi. E, agora, parece que é época da fruta, pois tem todo dia no restaurante.

* Leite em pó: Tá bom, vai… eu admito que adoro comer leite em pó puro na tigelinha.

* Musos: Meu Orkut só anda servindo para postar fotos dos meus musos no álbum. E lá, a diversidade impera: Hugh Jackman, Johnny Galecki, Gene Kelly, Jakob Dylan, Marco Luque, Alexander Popov…

* Nerds: Porque dia 21/09 estreia a terceira temporada de The Big Bang Theory e eu finalmente comprei o box da primeira (não lançaram da segunda ainda, mas eu tenho todos os episódios baixados). E mais - como não achar o nerd interpretado por Steve Buscemi em Ghost World um cara muito bacana?

* Organizar listas de filmes: O melhor do Flixster é poder criar listas temáticas de filmes e atualizar sempre, além de consultar as listas de outros usuários da comunidade mais cinéfila da web.

* Pianistas: Eu não sou groupie e adoro um solo de piano desde que descobri o Ben Folds Five. Toca (bem) piano? Ganhou pontinho comigo. (Não me responsabilizo pela interpretação que o leitor tenha feito sobre esse tópico.)

* Queijos: O ingrediente essencial de qualquer salgado que se come na rua. E um ótimo acompanhamento para o prato do almoço.

* Referências: Qualquer acontecimento corriqueiro me leva a fazer referências, mesmo que mentais, a outras coisas. Por exemplo, vi uma Vogue em cima mesa e lembrei-me de Bee Movie, quando a abelha é atacada por uma Vogue italiana.

* Sapatênis: Faça sol, chuva ou ventania, o sapatênis é o melhor amigo e ajuda até a driblar aquela exigência de traje social, já que é um item esportivo-mas-elegante.

* Twitter: É lá que publico meus pensamentos não-censurados do dia a dia (Não que eu divulgue os censurados em algum lugar.)

* Utopismo: Ando com os pés um pouco longe do chão. Minha mente fantasiosa me leva ao utopismo, com a diferença de que tenho consciência de quando ligar o botão da realidade e voltar ao mundinho do lado de cá.

* Violeta: Uma cor viciante que dá vontade de vestir todos os dias. Não é por acaso que a minha assinatura de e-mail do trabalho é violeta.

* With lasers: Resolvi responder qualquer cretinice que me é dita pessoalmente com aquele olhar típico de House que deixa qualquer um desarmado. Ando rouca demais para discutir…

* Xuxa no tablóide: Ter interesse por qualquer notícia do tipo tablóidiana sobre a Xuxa, mesmo não dando a mínima para o que ela faça. Exemplos? Seu discurso polêmico no Festival de Gramado e a sena em defesa da filhota no Twitter.

* YouTube: Quando ele falha, eu apelo para o Daily Motion. Mas, na maioria das vezes, o YouTube salva minha busca e eu consigo encontrar o vídeo que estava procurando.

* Zelândia. Nova Zelândia: Querer ler qualquer coisa que seja publicada sobre o país é um modo de me preparar e tentar controlar a ansiedade – ainda que a viagem esteja longe.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Jazzy

Minha mania por coisas antigas, no que se refere a artes, ganhou continuidade graças ao acaso. Estava eu em pé no ônibus cheio, buscando alguma rádio interessante para sintonizar, quando resolvo deixar na Eldorado FM. Uma música agradável ressoou por minha cabeça, me transferindo momentaneamente a outra dimensão, com um palco escuro e uma fumaça pairando pelo ar. Quando aquele jazz contemporâneo terminou, aguardei para memorizar o nome da canção e do grupo. No dia seguinte, pesquisei no Google e descobri que Another day in LA era do Indigo Swing, uma banda de neo-swing.
No mesmo instante, procurei a música para baixar e busquei outros trabalhos do Indigo Swing e de grupos do mesmo gênero - algo que me levou, fatalmente, ao jazz. Conhecia alguma coisa de jazz, como um CD gravado por uma amiga da faculdade com canções de Cole Porter interpretadas pela Ella Fitzgerald. Abrindo um parêntese (é o álbum perfeito para relaxar e sair cantarolando, seja pela sala ou durante o banho).
Mas na confusão de baixar músicas sem saber se correspondiam mesmo ao título e intérprete, comprei uma coletânea tripla. "Mas que coisa arcaica comprar CD se pode pegar tudo de graça pela internet". Nesse caso, foi um ótimo investimento, pois não encontraria uma coletânea tão boa e variada nem com duas dúzias de cliques.
Descobri que esse gênero, tão bem trabalhado, interpretado e relaxante, não é simplesmente coisa de velhos e boêmios. Cada um busca inspiração ou felicidade naquilo que lhe convém, e encontra nos mais diversos tipos de expressões artísticas. Assim como prejulgamos muitas ideias, ou até mesmo pessoas, devemos ter a mente aberta para conhecer de tudo e depois formar opinião a respeito e tecer nossa própria rede de gosto pessoal.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Top 6

As seis mais com menos de 30 da atualidade: Atrizes talentosas para ficar de olho.

1) Natalie Portman
Idade: 28 anos
Por que está na lista? Em sua marcante estreia nos cinemas, no violento e sensacional O Profissional, de Luc Besson, Natalie Portman mostrou ter talento de gente grande. E, apesar da fraca atuação nos três prequels de Star Wars, a atriz conseguiu dar a volta por cima em papéis dramáticos e inesquecíveis.
Assista e comprove: O Profissional, Hora de voltar e Closer - Perto demais.


2) Anne Hathaway
Idade: 26 anos
Por que está na lista? Foi por meio de papéis encantadores que Anna Hathaway conseguiu seu espaço em Hollywood. Mas a atriz percebeu que poderia tanto ser boa moça quanto junkie, e a mudança foi aprovada pela crítica e pelo público. Dona de uma bela voz, deve estrelar um musical baseado na vida de Judy Garland.
Assista e comprove: Uma garota encantada, O diabo veste Prada e O casamento de Rachel.


3) Michelle Williams
Idade: 28 anos
Por que está na lista? Conhecida graças à série Dawson's Creek, a loira ganhou a atenção maciça da mídia sensacionalista por causa da morte do ex-marido, o ator Heath Ledger. Mas a moça é uma atriz talentosa que merece ser reconhecida pelos ótimos trabalhos na telona.
Assista e comprove: O mundo de Leland, O segredo de Brokeback Mountain e Não estou lá.



4) Jena Malone
Idade: 24 anos
Por que está na lista? Por trás do rosto angelical esconde-se uma atriz afeiçoada por papéis de moças desordeiras. Sua grande chance no cinema surgiu em Contato, onde interpretou a versão jovem de ninguém menos que Jodie Foster. Uma responsabilidade e tanto!
Assista e comprove: Donnie Darko, Tempo de recomeçar e Orgulho e preconceito.


5) Abigail Breslin
Idade: 13 anos
Por que está na lista? Antes de brilhar como a adorável Olive de Pequena Miss Sunshine, Abigail Breslin surpreendeu muita gente com seu talento no suspense Sinais, contracenando com gente do calibre de Mel Gibson e Joaquin Phoenix. E a garota não deve se aposentar tão cedo.
Assista e comprove: Sinais, Pequena Miss Sunshine e Sem reservas.


6) Melonie Diaz
Idade: 25 anos
Por que está na lista? Você pode até se perguntar "quem?", mas essa jovem atriz de ascendência latina, que prefere fugir dos estereótipos, direciona a carreira para filmes independentes de vários gêneros. E se até Michel Gondry já a dirigiu, ela está no caminho certo.
Assista e comprove: Santos e demônios, Rebobine por favor e Perdendo a noção.

Ficaram de fora, mas poderiam entrar na lista: Emma Watson, Dakota Fanning, Thora Birch e AnnaSophia Robb.