Lá estou eu, na fila sob um sol forte, quando ouço o seguinte comentário de um cara com a voz pastosa dizendo para o amigo:
- Quem gosta de homem é viado. Mulher gosta de carteira.
Como se não bastasse o machismo dos heterossexuais, os gays também estão extrapolando ao emitir suas indispensáveis opiniões sobre o mundo feminino. E ainda emendou:
- Mulher quer ter dezenas de roupas, sapatos, bolsas... Ela precisa de um homem com dinheiro para sustentá-la.
Senti um cheiro de inveja. O amigo, que tinha namorada, estava contando alguma história dela e ouviu isso. O interlocutor machista, logo que se cansou de falar mal de mulheres, começou [sarcasmo] um assunto que eu, uma mulher consumista como todas as outras, adoro [/sarcasmo] : grifes. Que a Osklen é maravilhosa, tem lojas não-sei-onde e que suas peças custam não-sei-quanto. E ainda: o desfile de não-sei-quem na Fashion não-sei-o-quê foi maravilhoso.
Tanta futilidade no meu ouvido que fui obrigada a sacar os headphones da bolsa e deixar num volume alto para poupar meu cérebro. A personificação de um esterótipo idiota atrás de mim, provavelmente um ser que teve/tem uma mãe tão desprezível a ponto de achar que todas as mulheres são iguais a ela. Alguém que ainda não achou um trouxa para sustentar seus sonhos de consumo supérfluos e inveja as marias-carteiras da vida por conseguirem algo que ele jamais terá. Enfim, um sofredor babaca e inútil como tantos outros, que só abre a boca para falar m*.