sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Velha, mas nem tanto

Querido Diário,
Acho que estou ficando velha. Acho não, tenho certeza disso. Já não pedem mais meu RG na porta da balada, e há apenas um ano era obrigatório eu sacar o documento da bolsa e entregar ao segurança, fazendo cara séria. Já disseram que eu tinha cara de quinze anos, e agora sou chamada de tia por alguém dois anos mais novo. Não que isso tenha me impedido de tirar uma casquinha do rapaz e sumir logo em seguida. Mas, enfim, ser chamada de tia é f*#@.
No escuro da pista, garotos de no máximo vinte anos se aproximavam e ficavam surpresos por eu não ter dezoito. Agora, até tiozões chegam em mim. Eu reclamava dos pivetes, mas por favor... Ou é 8 ou é 80? É isso?
Posso estar com complexo de Noel Gallagher. “I’m older than I’d wish to be”. “Stay young and invincible”. “My body feels young but my mind is very old”. (Só falta eu gostar de futebol e torcer pelo Manchester City). Ou complexo de Wendy, que demora a aceitar que deve crescer um dia e se tornar uma mulher, casar, ter filhos, levar uma vida aborrecida...
Oh, Diário! Não pense que estou preocupada em usar cremes antiidade, botox, silicone ou fitas adesivas. Como disse o Pedro Bial, plagiando algum gringo, o filtro solar já me basta (hum, melhor se for bloqueador FPS 30 ou mais). O ficar velha, nesse caso, é um fator mais complicado, psíquico. Eu mudei muito, mas ainda sou a mesma. (“The only difference that I see is you are exactly the same as you used to be”, cantou Jakob Dylan). Eu quero crescer e mudar, mas não envelhecer. Talvez eu esteja precisando de novos ares e novas influências. Talvez eu tenha um olhar critico demais das situações ao meu redor (mal de jornalista que se atém muito à teoria). Talvez eu precise de mais um drink.

6 comentários:

Sunflower disse...

tenho vinte sete. Ninguém me dá essa idade. Ninguém. Tava num show e um guri chegou pra mim (devia ter acabado de tirar a carteira de motorista) e disse, gata, vamo sair daqui que só tem tia.

Aí, meus sais. Ele tava falando das minhas amigas.

E agora, com meus dias de Lolita long gone, um amigo do meu tio veio me chamar pra sair.

Pensou?

beijas

Cristina disse...

Quase ninguém acredita que tenho 31, mas isso nem faz muita diferença. Tenho essa síndrome do Noel Gallagher de vez em quando...

Tania Capel disse...

amiga, tenho 35...
e vida de 22...

hahauhauhuauauaua
beijos mil

Anônimo disse...

Esse texto poderia estar no meu diário - se eu tivesse um - com uma facilidade absurda.

Por mais que idade seja número e bla bla bla, os anos passam mesmo tal qual o clichê demonstra.

Velha, também. E acho isso um pouco bom :)

ps: mas, às vezes, acho um porre não ver tanta graça em belezas de outrora.

Alexandre disse...

Vá se acostumando. :)

E apesar desse "impacto" psicológico inicial, você começará aos poucos a ver a parte boa.

Bom, e ninguém aqui é velho, somos todos jovens, apenas começando a entrar na decrescente da curva. Quando chegarmos aos 40 aí sim poderamos ser mais incisivos.

p.s.: gostei bastante desse texto.
p.s.2: tiozão "bateria arriada" dando em cima da duracell na balada? eita nóis, queria ter visto isso. (rs)

fabiana disse...

Vá de drink, contando que não seja cosmopolitan, senão a crise dos 30 (ou quase 30) se instala!