terça-feira, 30 de setembro de 2008

These charming men

Eles não são particularmente bonitos, mas a meu ver possuem um charme muito mais expressivo do que a beleza de muito ator (imagens linkadas nos nomes).

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A propósito do deslumbramento

Como eram mais doces aquelas manhãs em que acordava ao seu lado, sorridente e serelepe. O mau hálito já não tinha tanta importância, nem as remelas nos olhos que acabavam de abrir. O estômago roncava de fome, mas a vontade de ficar ali só mais alguns minutos o prendiam à cama. O dia estava começando, ensolarado e fresco. O vento atravessava as frestas da janela do quarto e empurrava suavemente a cortina, que dançava melancolicamente em um ritmo quebrado.

Era tudo tão novo, tão gostoso, tão... deslumbrante. Ela só conseguia enxergar o que havia de bom naquilo tudo. Defeitos, manias e implicâncias eram jogados no canto e ficariam ali durante algum tempo, até serem remexidos e desmistificados.

Contentava-se com pouco. E havia poucos e poucas naquela convivência. Poucas discussões, poucos argumentos, poucos beijos, poucos passeios, poucas idéias e poucas confissões. Era tudo morno, mas proveitoso. Desde quando se tornaram mais íntimos, ela cravou uma fantasia na cabeça de que todas aquelas maravilhas eram obras dele: ele era muito bom, não podia negar.

Mas um dia, o deslumbramento revelou-se fajuto. Mirrado, azedo e irritante. Bobo, fantasioso e falso. Franzindo a testa, com os lábios imóveis e o maxilar tenso, mergulhou e revirou o espaço gelatinoso que separava o imaginário do real, esticando as mãos para alcançar rapidamente as imagens que buscava. Tocou-as com as pontas dos dedos e retrocedeu. Estava tudo ali, tão claro e recompensador que esboçou um sorriso malicioso. Ela era a dona daqueles momentos; ela os controlava e manipulava para serem como eram. Com um ímpeto feminista, desfrutou da solidão e caiu em um sono profundo logo em seguida.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

As aventuras de Dindim

(ou Como explicar didaticamente economia para crianças)

Todos os meses, Dindim se aventura pelo mundo da economia, dos sonhos, da necessidade, do consumismo e do pão-durismo. Dindim não anda sozinho e está sempre acompanhado do seu fiel companheiro, Tutu, além do Capitão Estoque.

Em uma de suas recentes aventuras, Dindim enfrentou a alta dos barris de ouro negro. Em um contexto aparentemente distante, esse acontecimento quase fez Dindim sumir, de tão inerente que está em sua vida. Sorte dele que o Professor Metanol estava por perto e pôde salvá-lo. No entanto, até o velho Professor passou por maus bocados por causa de outra crise, mas isso já é outra história.

Ultimamente, Dindim tem andado meio esquivo. O nervosismo e a incerteza da economia, as falências de empresas, a queda da Bolsa e outras inúmeras crises decorrentes da histeria do Mercado o obrigaram a pedir ajuda ao Capitão Estoque. Então, Dindim e Tutu mal colocam a cabeça para fora de casa, tamanho o medo de desaparecer com esse furacão econômico. Ele é um rapaz precavido – até demais.

Uma informação que alguns podem desconhecer: Dindim é repórter. Em meio a todas essas intrigas que ameaçam sua vida, ele precisa desvendar conspirações, corrupções e mistérios. Dinheiro público que se teletransporta, impostos que se multiplicam, inflação que se estica, salário que encolhe... logo ele precisará transcender seu mundo e pedir ajuda aos $-Men para evitar que essas ameaças mutantes se espalhem.

Este está sendo um ano conturbado para Dindim, apesar de ter conseguido muitos furos de reportagem. Mas ele sabe que essa crise não é a primeira e nem será a última. Logo depois dessa, outras aventuras virão, e Dindim pode até converter seus valores para sobreviver a momentos ainda piores.  

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Je suis une personne terrible

Chega de canções que falam de amor, paixões não correspondidas, síndrome de cachorro sem dono... Por que não algo mais sincero, que reflete quem realmente somos, mas queremos esconder? A banda californiana Rooney tem uma ótima resposta a esse apelo: I’m a terrible person até pode soar bonitinha, mas a letra é o oposto da melodia. É agressiva, ácida e canalha; é atual, sarcástica e vibrante.

I’m a terrible person (Rooney)

I'm a terrible person
I'm a terrible person
I'm a terrible person
Cause I've made up my mind
I'm a terrible person
Cause I've led her on
And I'm the only one who knows what I've done to her
I'm much smarter now
I won't tell her friends before her
It's gonna be a bad day come Sunday
It's gonna be a bad day come Sunday
I'm a terrible person
I read her diary
I'm not to be trusted
I told all of her secrets to all the guys in town
They all laugh and slap me five
Luckily she doesn't have dirt on me
Cause I'm the cleanest guy
I'm afraid
I don't think I'll ever be sorry
No I'm not sorry for a thing I've done
And I don't think I'll ever wake up lonely
Cause having her around wasn't all that special

Curiosidades: O Rooney é liderado pelo vocalista e guitarrista Robert Schwartzman, belo exemplar do gênero masculino que atuou no filme O Diário da Princesa, ao lado de Anne Hathaway. O rapaz é de uma família pouco conhecida que atende pelo sobrenome Coppola. Alguns membros de sua árvore genealógica:
- Jason Schwartzman, irmão. Ex-baterista do Phantom Planet e ator de Rushmore e Viagem a Darjeeling.
- Talia Shire, mãe. Interpretou a Connie Corleone em O Poderoso Chefão.
- Francis Ford Coppola, tio. Dispensa apresentações.
- Nicolas Cage, primo. Dispensa apresentações
- Sofia Coppola, prima. Ex-atriz e diretora/roteirista de produções pseudo-indies.
- Roman Coppola, primo. Diretor e produtor indie de verdade.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

“Musos” inspiradores – Parte II


Redescobri outro de meus musos inspiradores. É um sujeito baixinho (1,64 m), com uma mente criativa e fora do comum. Seus roteiros renderam filmes absurdamente brilhantes – sorte dele que diretores competentes fizeram jus ao seu trabalho – e atuações surpreendentes das medianas Cameron Diaz e Drew Barrymore. Meu muso é Charlie Kaufman.
Desconheço sua carreira no teatro e na TV (ele chegou a escrever, inclusive, para o programa do ex-Saturday Night Live Dana Carvey, comediante famoso pelo personagem Garth Algar, de Quanto mais idiota melhor), mas no cinema ele é o top de linha da atualidade. Duvida? Então veja quais roteiros ele já escreveu:

Quero ser John Malkovich (Being John Malkovich): Roteiro que marca a estréia de Kaufman no cinema. Spike Jonze, famoso por videoclipes como Sabotage (Beastie Boys) e Praise You (Fatboy Slim), dirigiu essa viagem à mente de John Malkovich. Com John Cusack, John Malkovich (óbvio), Cameron Diaz e Catherine Keener.

A natureza quase humana (Human Nature): O trabalho mais obscuro do roteirista e primeira colaboração com o cineasta francês Michel Gondry (outro clipeiro de primeira). A história é uma paródia de Tarzan com outros elementos bizarros, como uma mulher peluda, uma ninfomaníaca e um cientista nada convencional. Com Tim Robbins, Patricia Arquette, Rhys Ifans e Miranda Otto.

Adaptação (Adaptation): Melhor do que o trabalho anterior da dupla Kaufman-Jonze, essa comédia dramática é genial a ponto de fazer com que o espectador confunda ficção e realidade – afinal, o próprio roteirista virou protagonista e ganhou um irmão gêmeo. Com Nicolas Cage, Meryl Streep, Chris Cooper e Tilda Swinton.

Confissões de uma mente perigosa (Confessions of a dangerous mind): Em mais um estudo da psique humana, desta vez o roteiro penetra nas lembranças de um popular apresentador de TV e agente da CIA. Estréia primorosa de George Clooney na direção. Com Sam Rockwell, Drew Barrymore, George Clooney e Julia Roberts.

Brilho eterno de uma mente sem lembranças (Eternal sunshine of the spotless mind): Obra-prima do cinema contemporâneo. Um dos filmes mais tristes a que já assisti. Gondry mais uma vez comprova seu talento por trás das câmeras, enquanto Kaufman... sem comentários. Com Jim Carrey, Kate Winslet, Mark Ruffalo e Kirsten Dunst.

A próxima contribuição de Charlie Kaufman ao cinema será a comédia Synecdoche, New York, escrita, dirigida e produzida por ele. O elenco maravilhoso conta com nomes como Phillip Seymour Hoffman, Samantha Morton, Emily Watson e Jennifer Jason Leigh.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Saúde!

Estação de metrô da Sé, onde habitantes de todos os cantos da metrópole se esbarram, se empurram e se xingam. A escada rolante subia lentamente, na sua melancolia diária e interminável. O ruído remete a rotina: trabalho, escola, faculdade, viagem, compras. O vento paulistano percorre quilômetros e chega até mim trazendo consigo poeira, poluição, vírus. Um forte espirro, o rapaz ao lado olha para mim e pronuncia um atencioso “Saúde!”. Em resposta, um “Obrigada!” engatilhado na ponta da língua.

“Saúde!”. Essa simples palavra, que eu mesma não costumo utilizar em meu vocabulário de trocas cordiais de expressões cotidianas, pontuou a razão de existência daquela manhã. Todos envoltos em sua bolha invisível, preocupados com seus próprios compromissos e atrasos, em busca de um assento no banco do ônibus ou do metrô. Homens e mulheres sem rosto, como pinturas de Magritte, julgados por suas vestes, rumo ao ganha-pão de cada dia.

Passageiros anestesiando o tédio com seus iPods e tocadores de MP3. Alguns rompem o raro silêncio com conversas telefônicas, animadas ou emburradas, compartilhando, involuntariamente, segredos com os demais viajantes. Entre si, não trocam frases, gentilezas ou olhares.

Esteja o dia começando ou terminando, a pressa e o desprezo são os mesmos. Algumas particularidades durante essas viagens, curtas ou longas, quebram a rotina e marcam o dia, a semana, o mês... São atos simples que nos surpreendem e estampam um pequeno sorriso no canto dos lábios. “Saúde!”.

sábado, 20 de setembro de 2008

Da série...

...Se eu fosse Maria Raquete


Marat Safin

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pequena caçadora

Ciça era uma criança diferente das outras - ainda que todas elas sejam, de fato, diferentes entre si, mas a garota se destacava. Pequena, bochechuda e com mãos gordinhas e hábeis, ela não ligava em brincar com as outras crianças. Gostava mesmo era de bichos: joaninhas, formigas, coelhos, cães... qualquer um que pudesse levar de um lugar a outro.
A personalidade forte lhe dava um ar de mandona. Cansada de obedecer aos pais, tios e avôs, encontrou nas pequenas formas da natureza um jeito de fazer com que agissem de acordo com sua própria vontade. As crianças, quando a viam, se escondiam, uma vez que não queriam fazer parte do pequeno circo de imposições de Ciça.
Em uma preguiçosa tarde de domingo, saiu pelo portão de madeira da casa do avô em busca de algo para se distrair. O vestido xadrez branco e vermelho era novo, mas as sapatilhas pretas eram velhas companheiras, com as solas desgastadas de tanto correr atrás de coelhos e gatos traumatizados. Com o rosto ainda lambuzado pela cobertura do bolo de chocolate, Ciça fixou o olhar em um cãozinho que espreguiçava sob a sombra de uma casa. Aproximou-se lentamente, segurando a respiração para não chamar a atenção do bicho. Subitamente, agachou e agarrou o cão macio, lambuzando ele também de chocolate. Em seguida, ouviu um latido bravo. Virou-se e era uma cadela grande, provavelmente reclamando o seqüestro do filhote. Assustada por ter encontrado finalmente um animal que a desafiasse, correu com o pequeno cão entre os braços. O instinto maternal da perseguidora ameaçava a menina, que chorava e lamentava o azar de escolher o cão mais gracioso da rua. Quando percebeu que a corrida se tornava inútil, parou e colocou o filhote no chão. A cadela lançou um olhar desconfiado e se aproximou do cãozinho, lambendo as pequenas manchas de chocolate em seu pêlo. Aproveitando a distração do animal, saiu dali. Voltou para a casa do avô, atônita pelo que havia acontecido. Sentou-se no chão da sala e foi brincar com suas bonecas.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Rosas vermelhas

Cheguei em casa com o estômago roncando de fome e cansada após passar o dia inteiro na faculdade. Ao me aproximar da porta do quarto, com a lâmpada ainda apagada, notei algo diferente em cima da escrivaninha, próximo ao computador. Pressionei o interruptor e pude ver o que era: um grande buquê de rosas vermelhas.

Meu coração imediatamente acelerou, a fome deu uma apaziguada e eu senti uma espécie de medo. Sabia quem as havia mandado, não foi nem preciso ler o cartão ou ouvir a revelação de algum membro da família. Aproximei-me do presente, imaginando como gostaria que fosse a demonstração de afeto da outra pessoa. Sabia que não era. Abri o cartão e me senti culpada. Sim, culpada, embora lisonjeada - afinal, foi a primeira (e uma das poucas) declarações sinceras que já recebi. Queria voltar no tempo e evitar aquele momento embaraçoso.

O que diria eu, na minha timidez irresoluta? Liguei e agradeci, sem muitas palavras, mas não conseguindo esconder a surpresa no tom da voz. Estava triste. Não poderia mentir, e a verdade seria dolorosa para o outro lado. Preferi dizer pessoalmente, ainda que o sofrimento dele me fizesse chorar também. Talvez um dia compreendesse - ou nossa amizade terminaria ali, naquele instante.

Não menti. Foi tudo rápido e dramático. Como era difícil me tornar adulta! É complexa a sensação de ser admirada por alguém a ponto de fazê-lo chorar. Eu sempre fui a iludida das histórias, aquela que se apaixona em silêncio, que esconde de si própria o que sente. Só que naquele momento, eu me tornei o objeto inalcançável para um colecionador. E tudo tomou um rumo inesperado sete meses depois.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Sob o neon

Ela vestia veludo azul. Um longo vestido e sandálias de salto alto pretas. As unhas das mãos e dos pés eram pintadas de vermelho, contrastando com o tom noturno da roupa e combinando com o batom. Seus cabelos escuros e anelados mal alcançavam a altura dos ombros, e brilhavam sob a luz neon do palco sujo.

Cantava como uma amante mimada que tenta persuadir seu homem a abandonar a esposa e fugir com ela, para viverem eternamente felizes e sem preocupações. Não encarava o público: fixava seu olhar na parede oposta ao palco, mas vez ou outra eu conseguia notá-la me fitando.

A apresentação terminou e fui o único a aplaudi-la. Não que ela fosse uma ótima intérprete. Não que eu tivesse gostado. Não que eu a desejasse. Foi apenas uma atitude educada de um espectador curioso e solitário, que encontrou naquele lugar um refúgio pacífico para seus desalentos.

A mulher agradeceu timidamente, sem olhar em minha direção. Desapareceu do palco e ressurgiu sentada em um banco alto, bebendo algum drink. O glamour do figurino e da maquiagem não estava mais presente. Agora, ela era uma pessoa comum, concentrada em seu vício e entediada em sua rotina. Ensaiei uma aproximação, mas não tinha assunto. Observei-a se levantando para apanhar uma grande sacola, provavelmente com o vestido e todos os acessórios que intentaram transformá-la em uma diva decadente. Saiu e poucos perceberam sua ausência. Eu, porém, jamais esqueci o brilho ondulante daquela luz obsoleta em seus cabelos delicados.  

domingo, 14 de setembro de 2008

Plagiando o blog alheio

TOP 10 atores da atualidade que fazem a minha cabeça na arte de atuar e/ou na arte de me fazer suspirar em frente às telas - do blog A culpa é da crítica.

10) Ryan Gosling
09) James McAvoy
08) Clive Owen
07) Ewan McGregor
06) Christian Bale
05) Joaquin Phoenix
04) Colin Firth
03) Jake Gyllenhaal
02) Matt Damon
01) Hugh Jackman

Poderiam estar aqui: Jude Law, Mark Ruffalo, Cillian Murphy, Johnny Depp, Casey Affleck, Emile Hirsch, Eric Bana, George Clooney, James Franco, Paul Rudd, Rodrigo Santoro e Robert Downey Jr.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Hiperativa – e sem café

Eu achei que o problema fosse o café. Não que ele não seja, mas cortá-lo totalmente do meu cotidiano não reduziu tanto assim a ansiedade e a hiperatividade. Ou, talvez, esses dias eu esteja um tanto impaciente. Nada pessoal, só que ando usando muito a palavra lesado no meu vocabulário mental. Talvez porque eu seja uma pessoa de iniciativa, que prefere buscar as coisas sozinha antes de pedir favores. Então, por que as pessoas não tentam ser assim também? Alguns podem achar que é TPM. Não é. É a constatação de que existem muitos preguiçosos por aí.
Outro resultado dessa hiperatividade é que não consigo mais passar o final de semana em casa. E isso já há alguns meses. Pelo menos agora eu não dependo do cronograma nem dos horários inconvenientes de ninguém. No domingo, acordo a hora que quero. Aos sábados, tenho curso de francês, mas posso dormir bastante antes e sumir depois da aula. Não quero me acomodar, e quanto mais tempo passo comigo, mais gosto disso.
Não quero acrescentar nada na vida de ninguém. Não quero deixar lições, reflexões e et cetera (desculpem a expressão, mas esse tipo de coisa me dá vontade de vomitar... consistir uma relação a “ensinar algo a alguém” é muito professoral e piegas para o meu gosto).
Pronto. Desabafei. E não bebi café.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ian Curtis

(O mártir das mulheres que já tiveram o azar de se envolver com indecisos)

Ian Curtis nasceu em 15 de julho de 1956, e cometeu suicídio em 18 de maio de 1980. Ele não apenas se enforcou com o varal na cozinha de sua casa, como livrou o mundo de mais um cara indeciso que não sabe tomar atitude. Segundo a cinebiografia
Control, de Anton Corbjin, o vocalista do Joy Division não queria se separar da esposa, Deborah Curtis, nem perder a amante, Annik Honoré, jornalista belga groupie (ela sabia que Curtis era casado e tinha uma filha). Quando Deborah deu um ultimato ao marido, dizendo que queria o divórcio, ele se matou.
Alguns podem justificar que o fato de o compositor sofrer de epilepsia e depressão pesaram muito na decisão de dar fim à própria vida.
He’s lost control. Mas o público não parece entender a conduta daquela que o apoiou nos piores momentos de sua vida: a esposa. Porque é muito mais fácil ser um rockstar rebelde e popular do que ser a companheira dele. Logo, a atitude desse mártir foi a mais apropriada para uma pessoa confusa, indecisa, ciumenta e egoísta como ele.

Algumas frases (com a colaboração da
Menina Enciclopédia)
“Não sabe o que quer? Se mata que nem o Ian Curtis”
“Todo cara covarde deveria fazer como Ian: se matar. Faria um serviço à humanidade”
“Ian Curtis é o mártir das mulheres que já tiveram o azar de se envolver com indecisos”

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Discípulas de Carol

Uma das maiores invenções de todos os tempos são os óculos escuros. Não é simplesmente um acessório, mas uma nova forma de ver e ser visto pelo mundo. Esse indispensável companheiro tem inúmeras utilidades, além de proteger olhos sensíveis da luz do sol. Uma delas é reparar nas pessoas sem ser notado. E é exatamente por isso que um comercial de refrigerante com uma certa Carol, lançado há algum tempo, é uma das poucas verdades da publicidade. A moça está de óculos escuros, tomando um sol na praia, acompanhada do namorado, quando este pergunta o que ela tanto olha. “O mar”, responde. Segundos depois, ouvimos a moça esperta cumprimentando um belo rapaz com um inocente “Oi Omar!”.
Para paquerar, óculos (bem) escuros quebram um galho. Você consegue passear o olhar em vários detalhes e manter um quê de avoada (discrição na hora de mover a cabeça também ajuda). E o mais engraçado: algumas pessoas encaram mais justamente por você usar o acessório, talvez por pensarem que ele seja sinônimo de visão deficiente. Vai saber!
Outra maravilha atribuída aos óculos escuros: disfarçam aquela olheira no dia seguinte, depois de você se esbaldar a madrugada inteira. Eles também podem tornar mais bonito o rosto de quem os usa, dar um ar cool e permitir que se tire um cochilo do ônibus ou no metrô sem chamar tanta atenção (basta não ficar pescando e manter uma postura ajeitada).
Os óculos escuros podem ter muitas outras utilidades, basta cada um descobrir a melhor no momento certo e na hora certa.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Chico, Eric e Lou

Um Chico Buarque iria bem naquele começo de noite de sábado. Mas quando o compositor dos olhos azuis, que embala muitos sonhos com sua poética insuperável, cantou Olhos nos olhos, chorei instintivamente. A emoção não aflora quando alguma canção me lembra outra pessoa. Ela vem à tona quando lembra eu mesma. E Olhos nos olhos é como um espelho que reflete meu subconsciente: é uma personagem dizendo para mim “eu canto sobre aquilo que, embora você não saiba, quer ser”.

Tears in heaven, de Eric Clapton, é outra canção que me faz chorar. A letra é tão tocante e, de certa forma, desesperadora, que até mesmo meu ceticismo desenfreado cria ilusões de um Paraíso onde podemos reencontrar pessoas queridas.

A terceira dessas canções, e talvez a última, é Perfect Day, do Lou Reed. Não me remete tanto à cena da overdose de Mark Renton em Trainspotting, mas ao inalcançável desejo de ter um dia perfeito. Na minha interpretação, os versos falam mais sobre a solidão do que o compartilhamento de bons momentos. Dias perfeitos não existem, e jamais existirão. São apenas projeções que nossas mentes fazem naqueles momentos de cegueira, onde a felicidade passageira se sobrepõe à razão.

 

Olhos nos olhos (Chico Buarque)

 

Quando você me deixou, meu bem

Me disse pra ser feliz e passar bem

Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci


Mas depois, como era de costume, obedeci



 

Quando você me quiser rever


Já vai me encontrar refeita, pode crer


Olhos nos olhos


Quero ver o que você faz


Ao sentir que sem você eu passo bem demais



 

E que venho até remoçando


Me pego cantando, sem mais, nem por quê


Tantas águas rolaram


Quantos homens me amaram


Bem mais e melhor que você




Quando talvez precisar de mim


Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim


Olhos nos olhos


Quero ver o que você diz


Quero ver como suporta me ver tão feliz

sábado, 6 de setembro de 2008

Da série...

...Se eu fosse Maria Gasolina

Lewis Hamilton


sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Na farmácia

“Tomara que ele não esteja lá”. Andei mais alguns metros e consegui visualizar a fachada da farmácia. “Ah não... ele está no caixa. E é o único caixa aberto”. Eu não tinha muito tempo para passar em outra farmácia antes do trabalho, teria que ser aquela mesmo.

Entrei no estabelecimento, imaginando teorias o tempo inteiro. “Será que ele vai lembrar que eu vim aqui ontem na hora do almoço e comprei a mesma coisa?”. Dirigi-me ao corredor de higiene pessoal feminina. “Mas que cabeça, eu sempre tenho que esquecer algo em casa”. Peguei uma embalagem e tirei o dinheiro da bolsa. “Bem que ele poderia sair do caixa agora. Por que toda vez que venho comprar isso é ele que está lá?”.

Respondi timidamente ao bom dia e entreguei o pacote de absorventes. “Ele é bonito”. Jovem, mestiço, simpático... Isso me deixou com mais vergonha ainda – como se essa situação não afetasse todas as mulheres todos os meses do ano. “Nossa, ele está me olhando com cara de quem me reconheceu de ontem”. Paguei a compra e de repente olhei bem nos olhos dele. “Pronto!”.

Guardei o pacote na bolsa e saí da farmácia. “Imagine se eu fosse comprar outra coisa como, hum, camisinha? Nossa, acho que nunca mais voltava!”. Fiquei perplexa com minha própria timidez. 

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Eu tenho medo...

Fãs que sabem de cor todas as músicas do artista em um show

Para mim, é obsessão saber de cor todas as músicas do playlist, até um cover obscuro. Não importa se a banda seja boa ou ruim. E onde se arranja tempo para isso? O fã deve ter um santuário do artista em casa e não ter vida social, no mínimo.

Menina Maisa

Não apenas medo, como também pena da garotinha que apresenta um programa infantil matinal do SBT. Os pais que expõem essa criança por dinheiro deveriam ter vergonha. E como diz o Rafinha Bastos, “ela é um robô disfarçado”.

Homem de chocolate do comercial do Axe

Como se não bastasse o cinema mostrar um monstro gigante de marshmallow com cara diabólica (Os Caça-fantasmas, lembram?), a publicidade nos apresenta, em pleno século XXI, a um homem de chocolate sorridente e muito feio.

Andar de lotação

É mais rápido do que ônibus – e mais perigoso também. Andar de lotação pelas ruas e avenidas paulistanas é uma aventura, principalmente se você está em pé porque não há lugar para sentar nos bancos. E dá-lhe tropeções!

Modinhas

Uma mulher ridícula com nome de fruta gera clones à sua altura, como a melão e a morango. Uma adaptação legalzinha de graphic novel (Sin City) desencadeia babaquices como 300. Nada se cria... para isso existem as frases feitas. 

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Relativismo e...

Não adianta. Caio na armadilha de soar redundante, de fazer desse blog uma página de fã-clube, de afastar leitores ainda remanescentes... Mas registro, para futuras consultas próprias, essa sábia e poética reflexão de João Pereira Coutinho (para quê livros de auto-ajuda quando podemos ler esse autor?), como mais uma vez faço abaixo: 

"(...) Em doses temperadas, o relativismo é um convite para não fazermos o mal. Ele esvazia o nosso patético ego como uma agulha que fura o balão de uma criança. E ele é sobretudo útil em matéria de amor: somos amados, magoados, atraiçoados. Acreditamos que, depois do abandono, teremos uma dor inultrapassável, que se vai prolongar pelos séculos seguintes.

Mas a verdade é bem mais triste e, paradoxalmente, bem mais feliz. Tudo passa. A dor vai diluindo-se em tristezas menores, que ficam como o pó esquecido nos cantos da casa. E certo dia descobrimos que o tempo cobriu tudo com invisíveis mortalhas; e o passado é o porto de onde a nossa embarcação já se afastou há muito. Vemo-lo ao longe, por entre a neblina. Mas não há regresso.

Desesperado leitor: se achas que a dor de hoje te autoriza a tudo, lembra-te que és nada e que a tua vida será nada. E festeja essa certeza com a alegria sincera dos náufragos resgatados."

(Em defesa do relativismo suave, publicado originalmente na Folha Online)