terça-feira, 30 de setembro de 2014

Uma música para a terça-feira

Ultimamente não tenho estado com a menor vontade de ouvir música. Daí hoje fiquei com esta melodia na cabeça, mas não lembrava o nome da música nem do artista que gravou a bela cover. Algumas buscas depois e finalmente a escutei. Realmente, gosto mais desta do que da original - a boa letra do Strokes ajuda bastante também.

"I'll make it you see 
I'm ever so pleased 
Pretend to be nice
So I can be mean"

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Amarras

Com o corpo levemente dormente, acordei no escuro e percebi que não conseguia me mover. Havia algo envolto em meu corpo que me impedia de mexer braços e pernas. Logo notei que meu pescoço também tinha algo que reduzia seus movimentos. Minhas mãos começaram a tatear e sentiram finas camadas que pareciam ser fios de seda úmidos.
Na tentativa de me desvencilhar, comecei a fazer rasgos nos fios, até me dar conta de que estava em uma espécie de casulo que deixava apenas minha cabeça para fora. Seria uma metamorfose e estaria eu me transformando em algo? Porém, não percebi nenhuma mudança em meu corpo.
Quando me senti aliviada por não estar me tornando um inseto, ouvi algo se mover. Patas ligeiras aproximavam-se de mim, seguidas por um ruído que não consegui identificar. Conforme minha visão se habituava ao ambiente escuro, consegui entrever uma sombra. O grito internalizado expressou meu horror ao enxergar aquela monstruosidade em posição de ataque. Sem consegui me mexer, fechei os olhos. Ao abri-los, segundos depois, a criatura havia desaparecido, e meu corpo estava livre de quaisquer amarras. 
Era um pesadelo.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Mais um dia

Ainda estou me habituando ao medicamento e tentando fazer meus dias/minha vida render. Vez ou outra, baixa aquela tristeza... da última, não tive a menor culpa: ele me mandou mensagem e, logo depois que li, fiquei muito mal. Não era nada demais, apenas queria saber como eu estava, mas foi o suficiente para me derrubar e fazer chorar.
Eu ainda estou na fase da recuperação e do autoconhecimento. Não posso pensar muito numa coisa, senão eu me acabo. Não quero fantasiar o futuro e evito fazer planos para não me decepcionar. Acabo esperando apenas a Terra girar e trazer um dia após o outro.
Ultimamente, tenho estado muito sensível também quanto a sons/barulhos. Não suporto ouvir música, parece que dá um eco na minha cabeça e bate uma dor. Barulho, então, nem se fala. O silêncio me traz paz interior. 
Para me distrair, "descobri" outra série: Doctor Who. Acho bem boba e até mal feita, mas eu me divirto bastante. É uma das melhores coisas que encontrei para distrair a cabeça. As histórias são absurdas, tem umas coisas sem pé nem cabeça, mas os protagonistas são muito carismáticos. Eu fico até torcendo por eles quando rola uma trama mais tensa. 
Ano passado, quando passei por um período conturbado, eu me apoiei em The Office (a série americana) e fiz longas maratonas para suportar o desânimo. Agora recorro a um programa de sci-fi/fantasia para tentar me animar. Quem diria.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Tentando a volta

Evitei escrever aqui nos últimos dias para dar um tempo à minha cabeça, tentar desviar os pensamentos e procurar outras coisas para me ocupar. Ajudou um pouco, mas ainda sinto a necessidade de escrever neste espaço.
Nesta semana, consultei com um especialista e comecei o tratamento. Um dos medicamentos tem efeitos mais fortes, porém nada comparado ao que tentei tomar ano passado. Início de tratamento é sempre difícil, o organismo está se adaptando e a gente parece querer resultados ultra-rápidos. Acho que por isso a ansiedade parece dobrar.
Sinto-me cada dia mais introspectiva, embora dedique tempo ao lazer e passatempos. Busco sair nos finais de semana, ir ao cinema, ao bar, conversar, dar umas voltas... andar faz bem - seja a pé ou mesmo de ônibus.
Hoje pensei no quanto ainda estou confusa. Quando tentava manter contato com ele, eu sentia que estava me torturando, por gostar e fingir que conseguiria lidar com tudo. Agora que não tenho mais contato, continuo me torturando, por querer conversar e me forçar a manter distância. Ainda não sei qual atitude é a pior, mas ambas me fazem sofrer.
Quando penso nele, procuro lembrar também tudo o que me incomodava e, de certa forma, me fez tomar a decisão final. Porém, no fim acabo me culpando por certas escolhas que eu mesma fiz - o que me faz mais mal. É tão complexo que se eu escrevesse um livro, não faria o menor sentido. O fato de eu saber de algumas coisas que, com o tempo, agravaram-se na minha mente, também não ajuda em nada. 
Só digo isso: não há um motivo ou uma verdade, mas vários fatos que orbitam ao redor de um mesmo eixo. E não suporto quando tentam diminuir o que sinto com frases prontas e até estereótipos como "a gente não pode idealizar uma pessoa ou querer mudá-la". Se soubessem metade do que aconteceu, jamais perderiam o tempo com "conselhos" do tipo. 

sábado, 13 de setembro de 2014

Dia sim

Tristeza

Dia sim
Dia não
Dia sim
Dia não
Dia sim
Dia não
Dia não
Dia sim
Dia sim
Dia não
Dia sim
Dia sim
Dia sim
Dia sim
Dia sim
Dia sim
Dia sim
Dia sim

Fim

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

O dia que insiste

Eu queria poder extrair lembranças e não sonhar durante o sono. A aproximação do dia 14 de setembro só me deixa pior. Foi nesse dia, no ano passado, que a gente se reencontrou depois de mais de um mês sem se falar. A última briga antes desse reencontro havia sido por telefone, no começo de agosto (relatada aqui). Pensei que nunca mais fosse vê-lo nem falar com ele - eu não iria procurá-lo, assim como não esperava que ele fosse me procurar. E, assim, passei semanas acostumada com a ideia de que o "nunca mais" era inevitável.
No início de setembro, ele enviou um email que me fez chorar assim que li. Eu simplesmente não esperava um pedido de desculpas dele. Acho que foram as palavras mais gentis que ele já me disse. Sem saber como agir, eu propus que a gente se encontrasse para conversar sobre aquilo pessoalmente. Queria apenas falar e ouvi-lo. Quando a gente se reencontrou, em um shopping, meu coração palpitava (relato feito aqui). 
Retomamos o relacionamento. Foi inesperado, eu não tinha planos para isso. O que queria era sentir se conseguiria manter a amizade com ele ou não. Ao relembrar esse dia, eu choro até hoje. Muito do que a gente almeja e planeja não dá certo, mas situações sem script muitas vezes apenas acontecem.
Por isso, eu quero tirá-lo da cabeça e continuar seguindo em frente. Não quero olhar para trás e esmiuçar o passado - embora meu blog seja minha maior armadilha, com muitos sentimentos e histórias registrados. Optei por cortar o contato com ele para me proteger. Por mais que eu saiba que o que vier a existir seria apenas amizade, essa história persiste na minha cabeça. Eu me apego às pessoas e isso me faz mal. Se passo um tempo vendo alguém de uma maneira (o namorado), dificilmente verei de outra (o amigo).
Por esses motivos, choro e sofro mais um pouco. É difícil superar. É difícil deitar-se, levantar-se, relembrar e querer esquecer o que também teve de bom. Eu gostava de pensar que fazia parte da família dele, mas o afastamento acaba sendo geral - mesmo que eu não desejasse isso. Só espero que essa dor que eu sinto passe logo e me deixe viver sem sofrimento.

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Vida em Marte?



Há algum tempo eu não praticava binge watching com alguma série que realmente me importasse, sendo as últimas House of Cards e True Detective. Até que fim de semana passado vi que a Netflix tinha disponibilizado a britânica (da BBC) Life on Mars. Já haviam comentado sobre ela comigo há algum tempo, mas nunca tinha corrido atrás. Aproveitei o tempo livre e conferi o episódio piloto. Adorei. Vi o seguinte. E num fim de semana terminei a primeira temporada (são 8 episódios de 50 e poucos minutos cada).
Devo terminar a segunda - e última - temporada até o próximo final de semana. Se o series finale me agradar bastante, vou procurar o spin-off de Life on Mars, intitulado Ashes to Ashes. Fãs de David Bowie e conhecedores de (boa) música devem ter percebido que ambas têm nome inspirado em dois sucessos do multi-artista britânico. No Caso de Life on Mars, é a música que toca no rádio do protagonista quando ele sofre um acidente e é misteriosamente mandado para o ano de 1973.
Aliás, ele tem nome: Sam Tyler (John Simm), investigador de polícia em Manchester, Inglaterra. Ao acordar 33 anos antes (a série foi criada em 2006), ele acaba assumindo o mesmo cargo de detetive e ajuda os colegas setentistas a resolver crimes com um pouco mais perspicácia. Mas quem dá show mesmo é seu superior, Gene Hunt (Philip Glenister), o personagem mais emblemático do programa: um sujeito durão e arrogante, com pinta de anti-herói e impossível de odiar.
A trilha sonora é um dos destaques: escolheram só o que a época tinha de melhor - até o déjà vu de Tyler é de bom gosto, ao som de Pulp. E apesar da estrutura ser de "um crime por episódio", é eficiente por sempre entregar algo sobre o misterioso incidente da viagem no tempo e o impacto do presente no passado e vice-versa.
Enfim, se as novidades da televisão estadunidense não forem empolgantes o bastante para passar o tempo, Life on Mars pelo menos faz entretenimento com qualidade. 

Obs.: Fiquei sabendo que os norte-americanos fizeram uma tentativa (frustrada) de adaptar a série para o estilo deles. Apesar de ter Harvey Keitel - que eu não duvido que interpretou o investigador-chefe -, eu a descartaria completamente.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Caminhos

Tento evitar, mas é mais forte do que eu. Busco distrações, como sempre faço, mas acabo cedendo à elas: à ansiedade, à dor e à depressão. Não queria fazer isso comigo mesma, mas não consigo lutar sempre, e acabo afastando outras pessoas de mim - e me afastando delas. Eu não posso me culpar por este mal invisível. Tentei lidar com ele de outras maneiras, mas voltarei à ajuda especializada e espero conseguir desta vez.
As sessões com a psicóloga me ajudam momentaneamente. Acordo e mal consigo me levantar da cama. Minha cabeça lateja e uma voz interior diz que poderia ter sido diferente se eu não tivesse tomado aquela atitude. Mas também seria diferente se eu não me entregasse à obsessão há quase dois anos. Ou se eu tivesse desistido há pouco mais de um ano e aceitasse que a dor não era provocada somente por mim. Ou simplesmente não me deixar impressionar após ler aquele email e reencontrá-lo há um ano.
Tenho que aceitar que o problema não sou eu, mas que tenho um problema. E que todos temos, em maior ou menor grau. Cada um lida de um jeito, apenas não sei ainda qual será o meu.

O impulso fez com que eu me entregasse diversas vezes a ele. Ele foi paixão, foi amor. Hoje não é nenhum dos dois, mas ainda dói quando penso nele. Talvez eu não soubesse que gostasse tanto. Talvez a dor aumente a intensidade e a necessidade.
Eu não queria, mas o impulso fez com que eu quisesse. Deixei o controle e me entreguei perigosamente - pois sabia que o resultado poderia ser ruim. Eu admito que fui ingênua e delineei a fantasia porque pensei que precisasse dela. Imaginei uma volta, mesmo que futura.
Não queria as mesmas dores, frustrações, decepções, mágoas, insatisfações e a solidão (estar ao lado de alguém e se sentir sozinha). Queria o que faltava (e ainda falta): carinho, atenção, preocupação. Queria o impossível.
Somos diferentes e falhamos. Na minha insatisfação, falhei ao insistir e ao feri-lo. No seu jeito de ser, ele falhou em não me compreender. Mas eu não me arrependo de tê-lo ajudado a sair do escuro e de segurar sua mão para que encontrasse o caminho. Foi com isso que aprendi o quanto posso aguentar por gostar de alguém e querer vê-lo bem. Nem sempre agi certo e me desgastei, porém sei que, neste caminho percorrido, eu tive grande responsabilidade por sua recuperação.
Agora, entretanto, chegou a vez de me recuperar. De tentar me levantar e evitar pensar em tudo que me fez e faz infeliz. Dentro de mim, fica aquele quase vazio, que há anos procura ser preenchido, mas por enquanto deve permanecer lacrado para não perder o que ainda resta.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

UbatuParaty

Há duas semanas, eu tive um dia cheio. Foi uma sexta-feira que começou cheia de trabalho, com prints para revisar, mala para arrumar e horário para cumprir. Três dias antes, encontrei um grande amigo, que havia me chamado para sair um pouco de casa e conversar e distrair. E veio o convite: passar o fim de semana em Ubatuba, com muito sol e mar.
Eu não sabia se de fato teria sol, devido à fama de a cidade ser chuvosa. Mas um clique aqui e outro ali, vi que o clima estaria ensolarado, com friozinho à noite. Perfeito para aproveitar a praia e ótimo para dormir. Ele indicou o Tribo Hostel, onde já havia ficado outras vezes. Confirmada a viagem (hospedagem reservada e passagens compradas), teria que esperar sexta chegar, terminar minhas tarefas e partir para a rodoviária.
Às 18 horas, estávamos na Tietê. Porém, não contávamos com o atraso de mais de uma hora do ônibus, o que fez com que chegássemos ainda mais tarde no hostel. Apesar do cansaço, a viagem de ida foi agradável. No caminho para Ubatuba, percebi o céu estrelado e aquele cheiro de mar e mata. A noite foi simplesmente para dormir e aproveitar o sábado. Porém, logo soubemos que em Paraty acontecia o Festival da Cachaça e o pessoal estava fechando uma van para a noite seguinte. Indecisos, deixamos para pensar sobre o passeio depois.
Conhecia Ubatuba apenas de passagem, nunca havia ficado na cidade. E é realmente um lugar exuberante. Eu nem curto muito praia, mas gosto da atmosfera desses lugares. Mesmo morando no Jabaquara, raramente vou (nota: moro quase encostada na rodoviária de ônibus para o litoral sul), pois banho de mar não combina muito comigo e a faixa de areia das cidades de fácil acesso costuma ser suja mesmo para uma caminhada.
As praias próximas ao hostel (Sununga, Lázaro e Domingas Dias) oferecem vista que vale a viagem. E com sol então... aquele céu azul emoldurando as ilhas ao fundo e o mar quase esmeralda refletindo a luz, as ondas batendo nas pedras e servindo de transporte para algumas pranchas. Eu realmente precisava disso e a viagem me ajudou naquele momento preciso.
Decidimos aproveitar o passeio e revisitar Paraty. Ah, Paraty...! Um dos meus lugares favoritos, aquele centro histórico fervilhando de gente e o prazer em encontrar algumas ruelas vazias, sentar na soleira e simplesmente admirar. Um lanche vegetariano e uma cachacinha apenas (Gabriela, com cravo e canela), não é preciso muito quando se está em Paraty.

Eu tive meus momentos de melancolia e voltei da viagem triste porque queria mais daquilo. O fim de semana havia sido longo e proveitoso, mas a rotina me desanimava. Foi bom para refletir, mas as conclusões só chegariam um tempo depois. E, hoje, relembro como aqueles momentos antes de uma viagem são gostosos - e melhores do que os de depois.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Amálgama de sentimentos

Sou um amálgama de sentimentos: tudo junto, misturado e, às vezes, manifestando-se ao mesmo tempo. Sou geleira e vulcão, brisa e ventania, vale e montanha, deserto e oceano. Procuro me entender, enquanto os dias cessam e a noite engole o que sequer passou.
Há momentos em que cedo à Dor. Ela se aproxima com suas garras afiadas e me imobiliza. Sussurra e sopra um ar gélido que sobe pela espinha. O parasita do desânimo se aloja no corpo e na mente, impedindo-me de ao menos tentar.
Mas, também sorrio. Distraio-me com escapismos que tornam tudo mais suportável, tento me dedicar a alguma tarefa ou transformar o desabafo em uma conversa. 
Esquecer, não. Superar, sim.