quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Amarras

Com o corpo levemente dormente, acordei no escuro e percebi que não conseguia me mover. Havia algo envolto em meu corpo que me impedia de mexer braços e pernas. Logo notei que meu pescoço também tinha algo que reduzia seus movimentos. Minhas mãos começaram a tatear e sentiram finas camadas que pareciam ser fios de seda úmidos.
Na tentativa de me desvencilhar, comecei a fazer rasgos nos fios, até me dar conta de que estava em uma espécie de casulo que deixava apenas minha cabeça para fora. Seria uma metamorfose e estaria eu me transformando em algo? Porém, não percebi nenhuma mudança em meu corpo.
Quando me senti aliviada por não estar me tornando um inseto, ouvi algo se mover. Patas ligeiras aproximavam-se de mim, seguidas por um ruído que não consegui identificar. Conforme minha visão se habituava ao ambiente escuro, consegui entrever uma sombra. O grito internalizado expressou meu horror ao enxergar aquela monstruosidade em posição de ataque. Sem consegui me mexer, fechei os olhos. Ao abri-los, segundos depois, a criatura havia desaparecido, e meu corpo estava livre de quaisquer amarras. 
Era um pesadelo.

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