segunda-feira, 30 de junho de 2008

Momento “Sex and the City”

Não, eu não vi o filme. E para ser sincera, assisti apenas à primeira temporada completa, que aluguei em DVD para servir de base para uma reportagem – dos tempos de faculdade – sobre mulheres solteiras. O título deste post se refere ao costume de sentar em uma roda de amigas e bater um papo, assim, picante. Eu nunca fiz isso. Aliás, sou do tipo que fica vermelha e sem graça quando entra em assuntos, digamos, mais íntimos. Mas com o tempo aprendi a me soltar e a ser menos reservada. Qual a graça de guardar todas as coisas para nós mesmos? Lembro-me de algumas vezes querer conversar sobre o tema, no maior clima de descontração, mas não conseguir, porque, mesmo estando um longo tempo com a pessoa, eu me sentia travada. Não existia aquele entrosamento natural, pois parecia que só eu queria falar e rir daquilo.

Atualmente, acredito que conseguiria participar de uma conversa do tipo sem travar a HD. Claro, com pessoas que confio o bastante e também dispostas a dar sua contribuição com relatos engraçados e descontraídos. A mulher contemporânea não precisa de diários para contar suas peripécias, sejam elas amorosas ou não. Ela não precisa ser uma Jane Austen e passar a vida toda idealizando um Mr. Darcy ou um Mr. Knightley (seres superiores que só poderiam existir na mente desta sensível inglesa) ao invés de se divertir e conhecer pessoas. Ela deve, sim, obedecer ao seu próprio bom senso e se tornar livre de todos os preconceitos impostos por aqueles que julgam, mas omitem as próprias falhas.

domingo, 29 de junho de 2008

Da série...

...Se eu fosse Maria Kimono


Flávio Canto

sexta-feira, 27 de junho de 2008

O chope derramado

O chope seria servido. Escuro e espumante, do jeito que ela gostava. A conversa com o amigo foi brevemente interrompida pelo garçom, que depositou o porta-copo e a taça tulipa à sua frente. Seus olhos percorreram a taça e notaram que a bebida vazava. Possivelmente o copo cheio balançou mais do que deveria antes de chegar à mesa. Ou então, encheram muito, sem lembrar que haveria desperdício do conteúdo até que ele fosse entregue à cliente.

Agora, o copo molhado pela bebida desafiava seu bom senso. E o simpático porta-copo, todo encharcado pelo chope, que continuava escorrendo? Aquilo não estava certo. Não poderia beber e sujar a mão, que iria secar, ficar grudenta e cheirando a cerveja. Sem notar o bar ao seu redor, pegou um guardanapo e secou gentilmente o porta-copo e a taça, que já iria voltar à mesa quando o amigo a interceptou subitamente: não poderia levantar o copo e colocá-lo no lugar antes de brindar. A partir deste momento, o bar ressurgiu e a mania de limpeza se tornou algo embaraçoso. Para quê se preocupar com o chope que escorreu e molhou o porta-copo? Além da Síndrome de Elaine, sofria também da Síndrome de Monk.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Momento intercâmbio

Acabei de ser citada no blog da Menina Enciclopédia (ler post do dia 24 de junho). Só para registrar aqui que uma das idéias da Garota no hall foi aproveitada... E logo já vou poder cobrar pelo meu conteúdo intectual...

quarta-feira, 25 de junho de 2008

KITH

Daddy drank!

Esse sketch genial do Kids in the hall é um dos meus preferidos. Nele, vemos um pai alcoólatra (interpretado pelo então “chuchu” Dave Foley) atormentando seu filho (Kevin MacDonald, o mais escrachado do grupo) toda noite quando chega em casa. É um olhar sarcástico sobre uma relação entre pai e filho baseada em ameaças, críticas e deboches. Para ler o script e pescar algo que perdeu, clique aqui.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O dia perfeito

Ela contava os dias para a chegada daquela aguardada data comemorativa. Planejava sair mais cedo do trabalho e fazer um jantar especial. No caminho para casa, compraria velas ornamentais. Não. Se fossem muito bonitas, teria pena de vê-las queimar e se extinguir em algumas horas. Apenas velas coloridas; umas cinco, para iluminar bem a pequena cozinha do apartamento.

No final de semana que antecedia a data, foi às compras. Pegou tudo o que precisava, menos as velas. Essas seriam compradas no dia, para não correrem o risco de deformar com o calor fora de época. A previsão do tempo indicou um mormaço incomum para aquele período do ano. Coisas do aquecimento global.

Chegou em casa e guardou as compras no armário. Aproveitou aquela folga semanal para limpar o apartamento. Enquanto esfregava o chão, projetou na mente o que faria naquela data. "Saio mais cedo, passo na lojinha e compro as velas. Cinco. Vou usar uns pratinhos para colocá-las em cima. Depois, chego e preparo o jantar. Vou tomar um banho, me arrumar e usar aquele vestido novo. Coloco a mesa... não posso esquecer o vinho. Daí ele chega, jantamos, conversamos e eu entrego o presente. Será que ele vai gostar? Ele disse que estava precisando de camisa social... O que será que ele comprou? Ah, dia 12 será perfeito!".

O tão esperado momento chegou. Ela comprou as velas e chegou ansiosa em casa. Preparou tudo conforme havia planejado semanas antes. A receita que copiou de um site da Internet parecia ótima. Maquiou-se, colocou o vestido azul marinho e calçou as sandálias de salto alto. Não poderia esquecer os brincos, o colar, a pulseira e, principalmente, o perfume.

Quando a campainha tocou, mal conseguia respirar. Atendeu o interfone e autorizou a entrada do convidado. Em poucos minutos, ele estava à porta, batendo levemente. Foi imediatamente atendido. Seu olhar percorreu o salto da sandália e o decote do vestido. Com o presente em mãos, entregou à namorada.

- Nossa, mas já? Achei que fosse ficar para o final da noite. – comentou surpresa.

- Não, abra agora. Quero ver se fun... fica bom o tamanho.

Um pouco decepcionada com a pressa e com o fato de ele sequer tê-la beijado com o romantismo que esperava, abriu a caixa. Em meio ao papel de seda, viu um corpete. Levantou a delicada peça e comentou:

- É mais pesado do que eu imaginava. É lindo, adorei!

- Vista.

- Mas já? Vamos jantar primeiro, fiz um...

- Vai lá no quarto que eu te espero.

Com a própria vontade mais uma vez contrariada, foi ao quarto. Despiu-se e vestiu a lingerie. Tinha alguma coisa ali, algum volume diferente no busto da peça. Seria um defeito? Foi para a sala e viu o namorado sentado com o notebook no colo. Nem percebeu que ele havia entrado em sua casa com aquele aparelho. “Até agora vai ficar com os olhos vidrados nessa maldita coisa?”, pensou com raiva.

- E aí? Gostou? Nossa, tá linda!

- Tem alguma coisa no busto.

- Não é nada, não.

- É sim, tem alguma coisa!

- Espera um instante que o site abriu. Pronto, tá funcionando! Maravilha!

- Hã? Como assim?

Ela apalpou o busto da lingerie e notou um bolso discreto. Dentro dele, um pequeno aparelho com adesivos em inglês.

- Mas o que é isso? Um gravador?

- Não. Promete que não fica brava? Fiquei sabendo que estavam vendendo essa novidade e não resisti.

- Fala!

- Um GPS.

Sabia que o namorado era ciumento, mas não imaginava que fosse chegar a tanto. A aguardada data estava arruinada. Ela se trocou, vestiu um pijama e pediu a ele que fosse embora – não sem antes devolver o presente e falar o quanto achava aquilo um absurdo. Ele partiu sem dizer nada, e ela viu as velas queimarem enquanto jantava sozinha aquele frango grelhado com risoto e vinho rosé. A camisa deveria servir em seu irmão.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Da série...

...Se eu fosse Maria Chuteira


Deco

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Cuspidores repreendidos

Não sei o porquê de tanto falatório a respeito de certas manias chinesas de cuspir em lugares públicos – e acredito que não deve incluir apenas o chão. São reportagens na televisão, notícias curiosas em sites e o público daqui fazendo cara de nojo e comentando “Esses chineses são uns porcos”. Ah tá, e os egípcios são uns loucos e os romanos uns neuróticos.

Daí, saio pelas ruas de uma grande cidade brasileira e me vejo obrigada a desviar dos cuspes como se fosse uma personagem de Atari (o estilo oitentista das calçadas me lembra algum jogo dessa plataforma). Os chineses são uns porcos? E vocês, brasileiros (incluo-me fora disso (sic) porque não tenho tal costume mal-educado)?

Nessas mencionadas reportagens, as câmeras, filmadoras ou fotográficas, dão um close nas placas espalhadas por Pequim, a capital das Olimpíadas em 2008, que avisam sobre a proibição de cuspir em lugares públicos. No entanto todavia contudo porém... tal atitude foi tomada apenas por causa dos turistas estrangeiros. Afinal, é bacana passar a imagem de cidade limpa perante os pomposos europeus, povo finíssimo e com um currículo, digamos, sem cusparadas comprometedoras.

Se na terra do Arnesto está proibido, em determinados locais, placas, cartazes, faixas e outdoors para evitar a poluição visual, deveriam aproveitar e acrescentar advertências proibindo cuspir – com direito a multa – pelas ruas da cidade. A educação dos cidadãos depende, muitas vezes, da repreensão.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Um refúgio além da tela

No computador do trabalho, um simples papel de parede tem um efeito surpreendente. Imagine-se em um fechamento: abrindo arquivos, recebendo e-mails, lendo prints, passando emendas, atendendo telefonemas, aumentando textos... De repente, minimizo as telas e entro em transe com uma imagem. Um refúgio. Na Irlanda.

É um vale verde, ensombrado pelas nuvens nubladas que cobrem o céu. Não vejo casas, não vejo animais silvestres, não vejo árvores frondosas; é um lugar solitário, fresco e calmo, para onde minha mente viaja. Os segundos duram horas nessa dimensão, e já não ouço conversas paralelas, o zunido da impressora nem meus silenciosos xingamentos ao computador, que trava a todo instante. Caminho descalça pelo vale, em busca do que está além daquele fundo. Meus pés mal tocam o chão e eu flutuo, envolvida pelo perfume da vegetação úmida. O velho chalé de pedras me aguarda em algum lugar, com uma sala escura, uma cozinha rústica e uma cama macia. Instantes depois, chamam meu nome: tenho déficit de atenção e preciso voltar ao trabalho.