quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pequena caçadora

Ciça era uma criança diferente das outras - ainda que todas elas sejam, de fato, diferentes entre si, mas a garota se destacava. Pequena, bochechuda e com mãos gordinhas e hábeis, ela não ligava em brincar com as outras crianças. Gostava mesmo era de bichos: joaninhas, formigas, coelhos, cães... qualquer um que pudesse levar de um lugar a outro.
A personalidade forte lhe dava um ar de mandona. Cansada de obedecer aos pais, tios e avôs, encontrou nas pequenas formas da natureza um jeito de fazer com que agissem de acordo com sua própria vontade. As crianças, quando a viam, se escondiam, uma vez que não queriam fazer parte do pequeno circo de imposições de Ciça.
Em uma preguiçosa tarde de domingo, saiu pelo portão de madeira da casa do avô em busca de algo para se distrair. O vestido xadrez branco e vermelho era novo, mas as sapatilhas pretas eram velhas companheiras, com as solas desgastadas de tanto correr atrás de coelhos e gatos traumatizados. Com o rosto ainda lambuzado pela cobertura do bolo de chocolate, Ciça fixou o olhar em um cãozinho que espreguiçava sob a sombra de uma casa. Aproximou-se lentamente, segurando a respiração para não chamar a atenção do bicho. Subitamente, agachou e agarrou o cão macio, lambuzando ele também de chocolate. Em seguida, ouviu um latido bravo. Virou-se e era uma cadela grande, provavelmente reclamando o seqüestro do filhote. Assustada por ter encontrado finalmente um animal que a desafiasse, correu com o pequeno cão entre os braços. O instinto maternal da perseguidora ameaçava a menina, que chorava e lamentava o azar de escolher o cão mais gracioso da rua. Quando percebeu que a corrida se tornava inútil, parou e colocou o filhote no chão. A cadela lançou um olhar desconfiado e se aproximou do cãozinho, lambendo as pequenas manchas de chocolate em seu pêlo. Aproveitando a distração do animal, saiu dali. Voltou para a casa do avô, atônita pelo que havia acontecido. Sentou-se no chão da sala e foi brincar com suas bonecas.

7 comentários:

Sunflower disse...

eu definitivamente fui uma alpha-puppy, de acordo com a minha mae.

beijas

Tania Capel disse...

hum... então a menina ciça encontrou um adversário a altura!?

sabe, eu era uma criança mandona, depois em tornei uma adolescente líder e agora sou professora e produtora... sempre estando a frente de grupos! devo tb (embora não em lembre) encontrado algo ou alguém que, me enfrentando, monstrou o outro lado da moeda e equilibrou meu talento! rs...

só pode ser...

beijos e bom find"s!

Dedinhos Nervosos disse...

Muito bacana isso. Me vi correndo atrás dos pintinhos da casa da minha bisavó. Mas eu gostava mesmo era de dar uma quebra-de-asa nas galinhas-mães com os filhorinhos nas mãos. Até que uma mais brava me pegou de jeito. Até hj morro de medo de bichos de pena rs

Alexandre disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alexandre disse...

Eu pensei em confessar aqui uma travessura de infância com animais domésticos,mas é melhor eu manter isso fora do ambiente público. (rs)

Cristina disse...

Eu fiquei imaginando essa menininha... rs

Carrie Bradshaw Tupiniquim da Silva disse...

que menina mais felícia! rss