quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Rosas vermelhas

Cheguei em casa com o estômago roncando de fome e cansada após passar o dia inteiro na faculdade. Ao me aproximar da porta do quarto, com a lâmpada ainda apagada, notei algo diferente em cima da escrivaninha, próximo ao computador. Pressionei o interruptor e pude ver o que era: um grande buquê de rosas vermelhas.

Meu coração imediatamente acelerou, a fome deu uma apaziguada e eu senti uma espécie de medo. Sabia quem as havia mandado, não foi nem preciso ler o cartão ou ouvir a revelação de algum membro da família. Aproximei-me do presente, imaginando como gostaria que fosse a demonstração de afeto da outra pessoa. Sabia que não era. Abri o cartão e me senti culpada. Sim, culpada, embora lisonjeada - afinal, foi a primeira (e uma das poucas) declarações sinceras que já recebi. Queria voltar no tempo e evitar aquele momento embaraçoso.

O que diria eu, na minha timidez irresoluta? Liguei e agradeci, sem muitas palavras, mas não conseguindo esconder a surpresa no tom da voz. Estava triste. Não poderia mentir, e a verdade seria dolorosa para o outro lado. Preferi dizer pessoalmente, ainda que o sofrimento dele me fizesse chorar também. Talvez um dia compreendesse - ou nossa amizade terminaria ali, naquele instante.

Não menti. Foi tudo rápido e dramático. Como era difícil me tornar adulta! É complexa a sensação de ser admirada por alguém a ponto de fazê-lo chorar. Eu sempre fui a iludida das histórias, aquela que se apaixona em silêncio, que esconde de si própria o que sente. Só que naquele momento, eu me tornei o objeto inalcançável para um colecionador. E tudo tomou um rumo inesperado sete meses depois.

6 comentários:

fabiana disse...

Eu acho que receber flores vermelhas de alguém da família é, no mínimo, constrangedor!
Uma vez meu pai teve essa ousadia e eu quase morri com a crise 'ninguém me ama ninguém me quer ninguém me chama de Baudelaire'.

ps: quero saber do rumo dessa história.

Alexandre disse...

Bota complexo nisso. Eu tb na esmagadora maioria das vezes acabei no lado da ilusão. Mas como você bem disse, são os percalços do mundo adulto. Garanto que ele tb cresceu, e se há alguma beleza na coisa é justamente entender e sentir isso.

Sunflower disse...

Nunca recebi flores, acredita?

Já recbi um quadro de girassóis de um, e coisinhas bordadas de girassóis para pendurar na cortina de outro, e uma vez, um menino diferente me levou para um campo de que, de que? girassóis e eu corri e quis morrer no amarelo.

Que é minha cor favorita, pois é chata e imperativa. Amar-ela!

Beijas.

Brigada pelo link querida, o nome do meu blog é sunflower records ( da tirada musica e recordação) mas eu sempre mudo os mastheads, de acordo com que eu sinta no momento.

Ah, eu precebi na sua lista q vc le o Bono, eu sou apaixonada por ele (conheci , ainda não pessoalmente, por esse meio) digo que ele é o Constanza pra minha Elaine.


Beijas

Anônimo disse...

Ola, todos os dias tenho o habito de visitar outros sites de deixar meu comentário, pois sei o quanto é gratificante receber um. E tamben sei que é um incentivo para continuar com esta arte de colocar o que se pensa nele. Pra mim quem cria e quem escreve em um blog ou num site são verdadeiros artistas.
Deixo o endereço do meu site que tambem é dedicado a estes artistas que fazem e escrevem seus blogs. Aguardo seu comentário pois é muito importante pra mim tambem e fico a disposição para lhe ajudar no que prescisar colocando meu msn a sua disposição . E se voce gostou da radio que toca no meu site, terei maior prazer em colocar no seu. E se quiser conversar comigo pode faze-lo atravez do chat que se encontra no proprio blog. Estarei atendendo das 17 as 19 horas nos domingos e toda a tarde nos demais dias. Dado

Tania Capel disse...

quero detalhes... o q aconteceria 7 meses depois????

Cristina disse...

Acho que td mundo já passou por alguma coisa parecida. Eu até já sofri por ter dado um "fora" em uma pessoa (fiquei c/ dó, vê se pode, eu não gostava dele mesmo), mas hj eu não me incomodo mais rs.