Aquele era um dia de mudanças. Esvaziava as prateleiras e as gavetas do guarda-roupas, separando o que seria lavado, doado, trocado de lugar ou simplesmente jogado fora. Edredons, cobertores, toalhas, lençóis e fronhas. Livros, revistas, bolsas, cintos. Blusas, calças, vestidos, camisas. Calcinhas, sutiãs, meias, blusinhas. Blusões, moletons, pijamas e... um pedaço de papel perdido no meio das roupas.
Apanhou o papel, já um pouco amarelado, e tentou descobrir o que ele fazia na última gaveta, no meio daquele monte de roupas. Havia duas letras anotadas ali e, logo abaixo, oito números. Percebeu que se tratavam das inicias de um nome e o telefone era provavelmente um celular, pelo modo como a seqüência começava.
Matutou durante alguns segundos, até lembrar do que se tratava. Anotou as inicias e o número naquele pedaço de papel e o jogou à sorte no fundo da gaveta mais bagunçada que tinha, pois assim não correria o risco de encontrá-lo facilmente. Agora, porém, não sentiu nada ao olhar para aquele mero rascunho, uma tentativa de deixar enraizado algum fato longínquo. Segurou com firmeza o quadrado de papel, rasgou em quatro pedaços e jogou na lixeira da cozinha. Havia coisas mais importantes para se preocupar naquele momento.
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4 comentários:
Joga fora porque tem coisas que a gente não quer ser lembrada.
beijas
...mas se colocou no fundo da gaveta...
Há coisas que precisam ser queimadas, porque queimam a gente!
Bjs!!
triste...
nem pensou no que poderia ter sido!?....
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