sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

D'us

Onde quer que tenha uma discussão sobre religião, fé e Deus, eu procuro me manter fora do círculo de argumentos, sejam eles contrários ou favoráveis à ideia predominante no centro dele. Atenta, ouço cada uma das histórias, relatos e opiniões. Pensativa, cruzo os braços, olho para o chão e me acomodo na cadeira: "O que, afinal, eles buscam? Um Deus para agradecer diariamente pelo pão de cada dia? Alguém em quem confiar as preces e fazer pedidos e promessas?"
Eu não sei se sou atéia. Digo, às vezes rio com escárnio de certas situações que presencio, aquelas onde o simples mortal implora ajuda ao todo-poderoso. Julgo a ciência mais importante do que a fé, mas não deixo de admirar quem consegue se apegar a algo invísivel e se dedica àquilo com naturalidade e afinco. Sim, eu já tive meus tempos de rezar antes de dormir, de confessar desejos mentalmente e de achar os ensinamentos religiosos coisas bonitas, mas isso já passou, embora eu pense que algumas lições de várias religiões são realmente importantes para a formação ética do indivíduo.
A procura por respostas, o famoso "de onde viemos e para onde vamos?", e a necessidade de nos apegarmos a algo que habita o infinito causam confusões em nossas cabeças. Já analisou os perfis de um ateu e de um crente em Deus (não o ocidental, mas um deus em todas as suas formas possíveis)? Eu diria que o ateu tem um comportamento meio taciturno e melancólico, pessimista e científico. Ele vive por viver e não espera muita coisa do ser humano - e tão pouco do extraterreno. Eu já me senti assim. E revelo: não é uma sensação muito agradável. Procurar as respostas dentro de nós não é tão fácil quanto possa parecer, mas quem a encontra passa a viver melhor consigo e com o mundo.
Mas muita coisa acontece sem que premeditemos. Um pensamento aqui, uma ideia ali e eu resolvi repensar meu agnosticismo. Não cheguei a conclusão nenhuma, porém considerei uma negação maior ao catolicismo e ao cristianismo e, pelo menos, estudar alguma outra forma de crença. Cheguei ao judaísmo. Talvez a admiração por personalidades de origem judaica tenha suscitado a curiosidade em relação a essa religião, mas é algo que não descarto querer compreender. Afinal, conhecimento demais não deve fazer tão mal assim.  

3 comentários:

Alexandre disse...

Eu não vejo como inconciliável uma visão otimista moderada e rensponsável do mundo com uma perspectiva filosófica agnóstica ou atéia. Foi um certo esteriótipo que se criou, muito por culpa do povo que se declara ateu e agnóstico.

Mas uma Garota do Hall judia? Eu quero ver isso. rs

Marguerita disse...

Compartilho da tua curiosidade, Garota do Hall.

Bjo

Cristina disse...

Eu nunca gostei muito da igreja católica, acho frescura demais, ameaça demais, explicações de menos.
Me identifiquei com o espiritismo, mas me desiludi c/ os espíritas...
Tenho sentido falta de uma maior presença da religião na minha vida. Acho que vou ter que conciliar um mix de coisas que tenho conhecido e gostado. Sabe aquela coisa "tenho um lado espiritual independente de religiões"? por aí... rs