quinta-feira, 7 de abril de 2011

Embate técnico

Eu sou o tipo de pessoa que tem milhares de ideias nos momentos mais impróprios para registrá-las (certo, "milhares" é um exagero. Dezenas? Ahn, também não são tantas assim. Meia dúzia). Daí, quando me sobra um tempo e/ou tenho a oportunidade de escrever, elas somem, evaporam num estalar de dedos. E, apesar de meus picos criativos costumarem vir à noite, nela também tenho meus picos de preguiça e apatia.
Mas apática é a vida - ou o modo como eu a encaro. Às vezes me pego pensando, geralmente em pé no ônibus ou no metrô, sobre o porquê da existência. Vivo? Sobrevivo. É um longo diálogo mental que tenho há algum tempo. Os momentos de liberdade e de descobertas são aproveitados ao máximo, mas quando esgotam, me deprimo. Ou melhor, "melancolizo".
Lembranças vêm e vão, como ondas. Tenho vontade de apagar algumas, pois sofro de "precipitação mal sucedida": fantasio certas coisas e, quando acordo, percebo que são demais para a minha realidade. E por menos que eu queira desprender os pés do chão, em algum momento do dia, ou da noite, eles se soltam levemente e fazem minha mente flutuar até que eu brigue comigo mesma. "Ah, que grande idiota você é! Acorde e enfrente seus dias, sua vida."
E ainda sofro de outro mal: levar um tempo para terminar o que comecei - isto é, se consigo terminar. Por exemplo, escrever textos de ficção, ainda que curtos. O final da grande maioria daqueles que termino não me satisfaz. Prefiro "deixar no ar", assim como é a nossa vida: o gran finale todos sabemos qual será. Só não sabemos como.
Não, eu não assisti Peixe Grande recentemente nem qualquer filme da safra boa de Woody Allen. Nem tudo na minha vida gira em torno de filmes, séries ou livros - as anestesias nossas de cada dia. É apenas mais um momento que parece se tornar mais suportável quando eu o decodifico em palavras. Já que tantas outras qualidades me faltam, melhor eu aproveitar uma das poucas que conseguem subtrair meu senso de modéstia. 

Atualizado: Ando tão mal da cabeça que publiquei o texto sem um título... Agora está OK.

2 comentários:

Nathália disse...

Igualzinha a mim. Não consigo concluir nem mesmo os textos reais, os de desabafo, os que falam da minha própria vida. Acho que é pq fico reletindo sobre o problema e me perco nos pensamentos.
Sobre as boas idéias, uma vez ouvi uma frase mais ou menos assim: "as boas idéias são gato, e não cahorro. Elas vem quando querem e não quando a gente chama". É bem isso mesmo...

Cecilia disse...

Mas creio que essa briga seja eterna, o embate do "flutue um pouco" versus o "finque os pézinhos". Não sei? O ruim mesmo é quando um invade o espaço do outro.