domingo, 20 de novembro de 2011

Notas cinematográficas

Em casa para o Natal: Dramédia norueguesa com período de exibição bastante curto nos cinemas brasileiros. Trata-se de um belo filme sobre a noite de Natal, com histórias diferentes intercaladas, todas trazendo alguma peculiaridade que consegue envolver o espectador - há sempre um aspecto curioso sobre as personagens, fazendo com que se queira saber mais sobre quem são e como chegaram onde estão.

Lenny: Ótimas atuações de Dustin Hoffman e Valerie Perrine em uma cinebiografia sobre o comediante de stand-up Lenny Bruce, figura polêmica e caracterizada pelo humor cáustico, falecido na década de 1960. As dramatizações do show de Bruce comprovam mais uma vez porque Hoffman é um dos maiores atores de todos os tempo. A fotografia e a direção de Bob Fosse, que lança um olhar cru e até realista sobre o mundo do showbizz, colaboram para o aspecto artístico da obra.

Piaf - Um hino ao amor: Cinebiografia da cantora francesa Edith Piaf, um dos maiores nomes da música de seu país. Infelizmente, o filme só fica na memória pela premiada atuação de Marion Cotillard e pela trilha sonora, já que os recortes que faz da vida da artista chegam a ser mal-feitos. Enfim, o roteiro e a montagem contradizem o cuidado com a direção de arte, fotografia e figurino. Aliás, a maquiagem da velhice de Piaf também merecia um tratamento melhor.

Tropa de Elite 2: Já havia gostado muito do primeiro, mas a sequência acerta ao mostrar-se indispensável para a compreensão - e afirmação - do caráter crítico do filme anterior: Capitão Nascimento nunca foi herói (no máximo anti-herói) e não se trata, de modo algum, de uma narrativa fascista, como muitos críticos rotularam. Um roteiro inteligente, um enredo fascinante e uma ótima direção de José Padilha. 

Os Falsários: Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, em 2008 (uma das edições mais justas da premiação, fora Piaf levar melhor maquiagem e Juno, melhor roteiro original), este drama austríaco mostra um acontecimento da Segunda Guerra Mundial que eu, até então, desconhecia: os prisioneiros (judeus, comunistas) que prestaram serviços de falsificação de dinheiro e documentos ao III Reich, em troca da própria vida. Chamou-me a atenção ao ótimo August Diehl, o que me fez assistir o próximo filme.

Se não nós, quem?: Estrelado por August Diehl e Lena Lauzemis, é uma película da qual esperava muito mais por compreender uma década de história da Alemanha Ocidental nos anos 1960. Uma pena que não consiga retratar - e até esclarecer - tão bem o conturbado período pelo qual o país atravessava, inclusive a Primavera de 68. Também não é tão bem-sucedido como biografia de seus principais personagens. Nota: em uma parte do filme, Lena usa uma peruca ridícula para representar sua personagem de cabelos curtos.

O turista: Simplesmente o pior filme de 2011 que vi até agora. Angelina Jolie canastrona como sempre (depois falam que eu implico ela...); Johnny Depp perdido com um personagem mal-construído. O mais surpreendente é o alemão Florian Henckel von Donnersmarck (de A vida dos outroster dirigido essa bomba. Só a música do Muse nos créditos finais se salva. E por que botar o Rufus Sewell no filme se o personagem dele é totalmente dispensável?

Tolerância zero: Um filme complexo. Não por ser difícil de compreender, mas pelo debate que acarreta com a história de um jovem neo-nazista de origem judaica - e o impressionante é ele ter sido baseado em alguém que realmente existiu. Faz-nos questionar outros tipos de intolerância e preconceito que movem o ser humano, algo que está longe de conseguir uma resposta ou justificativa. E atenção para Ryan Gosling: este é o filme que definiu sua carreira.

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