terça-feira, 5 de agosto de 2014

Além do abdome

Apesar de não ter amado Guardiões da Galáxia, achei o filme divertido e bem produzido. Como entretenimento, portanto, é bastante eficiente - embora, no meu ponto de vista, careça de química entre os personagens e precise de um vilão realmente interessante, coisa que Os Vingadores acerta em cheio.
Mas, não estou aqui para falar especificamente sobre o filme, e sim sobre algo nele que me chamou atenção: Peter Quill, o anti-herói interpretado por Chris Pratt (ator que ganhou a graça do público e da crítica graças à série Parks and Recreation). No entanto, não me refiro meramente a ele na qualidade de muso, mas sobre a necessidade de fazer com que Pratt perdesse (vários) quilos para se transformar num bombadinho espacial. 
Para começar, a malhação que o ator fez só é comprovada na cena do banho na prisão. Claro que é sempre prazeroso ver six-pack abs, mas é realmente importante que um herói seja assim, bem como questiono se toda heroína tem que usar roupa apertada/decotada e ter bunda e peitos grandes? O que teria de errado se Quill fosse um cara mais normal, sem corpo de quem passa horas na academia? Não poderíamos aceitar Pratt do jeito que ele realmente é? E se realmente fosse necessária uma caracterização mais magra, não bastaria ele simplesmente perder uns quilinhos?
Essa busca pela perfeição me intriga muito. Em fotos e vídeos, todos precisam ter cabelos, pele e corpos perfeitos. Em filmes, mesmo que seja uma cena de 10 segundos, busca-se a forma perfeita. O que me lembra uma cena totalmente desnecessária do Matt Damon sem camisa em Elysium, na qual é evidente que ele estava "fora de forma" e a equipe de maquiagem precisou delinear um abdome definido nele. 
Sim, a gente gosta de ver o Ryan Gosling exibindo os resultados de meses de academia na tela do cinema, mas não nos importamos de vê-lo completamente normal, exibindo um talento que vai muito além da beleza física - convenhamos, Gosling exerce um estranho fascínio, porque ele nem é tão lindo assim (embora seja).
Por isso, eu gostava de Chris Pratt do jeito que ele era: aquele cara comum que você encontraria comendo um hambúrguer na lanchonete da esquina e bebendo um caneco de chope no bar. Afinal, quando já temos Thor e Capitão América, para quê precisamos de mais um bombado salvando o mundo?

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