Há uma semana, tive a oportunidade de rever no cinema um dos filmes mais belos que já assisti na vida: Paris, Texas. Dirigido por Wim Wenders em 1984, vi pela primeira vez em 2007. Acho cada fotograma precioso, tudo se encaixa de maneira perfeita: a história, o enredo, os diálogos, os personagens, as atuações, a direção de fotografia, os cenários, os figurinos, a trilha sonora.
É um filme sensível, mas longe apelar para a lágrima fácil. Cada detalhe revela algo sobre seus personagens e histórias: o boné surrado do Travis (o andarilho que inspirou a banda escocesa de mesmo nome); o jogo de cama de Star Wars do Hunter (o garotinho sensacional); a cor do carro de Jane (Natassja Kinski, naturalmente bela, cativante e talentosa)...
Aliás, um dos aspectos de que mais gosto no filme é seu jogo de cores, especialmente tons verdes e avermelhados, ora opacos ora brilhantes, como néon. São cores contrastantes, e seu uso vai além do aspecto estético e cria uma identidade a cada cena na qual são empregadas. Afinal, nada é em vão sob o olhar meticuloso de Wim Wenders, um diretor talentoso na construção de planos e cenas.
No final, Paris, Texas é um daqueles filmes que, conforme chega ao final, dá um nó no peito, mas afrouxa conforme os créditos finais sobem. A música de Ry Cooder une dedilhados áridos a melodias suaves, embalando cada desejo e esperança, fazendo com que sejamos todos como Travis: pessoas que erram, perdem-se e se encontram, conscientes de tudo o que fizeram e esforçadas para corrigir os erros não em benefício próprio, mas daqueles que amam.
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