Ela havia comprado aquele pijama em uma tarde de inverno. A calça e as listras da blusa branca eram lilases, e o modelo do conjunto era feminino e delicado, além de quente e ideal para as noites frias daquela época do ano.
No primeiro final de semana em que vestiu a roupa de dormir, ele estava em sua casa. Havia gostado do pijama, como falou e demonstrou. Ela se sentia meio engraçada naquele traje, talvez um pouco mais sexy do que o costume. Ficava pensando que agora tinha a roupa apropriada para uma Festa do Pijama, embora nunca cogitasse ir.
A blusa, que se assemelhava mais a uma camisa social feminina, tinha pequenos botões, que combinavam com as listras. Eles foram abotoados e desabotoados várias vezes. Em algumas ocasiões, seu corpo ficava tão quente que acabava optando por uma peça mais leve no momento de dormir.
Usou a roupa durante algumas semanas. Inexplicavelmente, ela foi abandonada e guardada na gaveta. A peça estava lá, mesmo nas noites frias, e foi trocada por algum moletom velho. Ela não conseguia mais vesti-la sem se lembrar dos beijos, dos sussurros, dos sorrisos matinais e das cócegas. Foi uma aposentadoria precoce para um pijama que tão poucas vezes vestiu seu corpo.
Um comentário:
"Se meu pijama falasse..." rs
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