quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Uma conversa qualquer

O ônibus sacolejava enquanto as amigas conversavam animadamente sobre as novidades. Algumas eram boas, outras nem tanto; o importante era colocar aquela conversa em dia e se sentir triunfante ao receber um assentimento com a cabeça, olhares de aprovação ou risos que demonstrassem surpresa.
- Daí você não sabe, ele veio com aquele papo de que o problema não era comigo, era com ele mesmo.
- Ih, eles são todos iguais.
- Foi isso o que eu pensei, mas iria parecer clichê se falasse.
- Mas são mesmo iguais, você deveria ter dito. Assim ele assimilava pelo menos uma coisa que prestasse na vida.
Uma mulher obesa que não havia conseguido um assento no ônibus olhou para as amigas, na esperança de que fossem descer no próximo ponto. Nada.
- É, mas deixa para lá. Não iria mudar muita coisa se eu dissesse. E você, conseguiu conversar com o Henrique?
- Sim, eu falei com ele.
- E então? Vai, me conta!
- Ah, só conversamos. Ele veio com aquele papo de “não me odeie”, como se odiar alguém fosse o combustível dos meus sentimentos.
- Você disse que não gostaria de ter sido a Professora Helena dele?
- Eu pensei, mas não falei.
- Meu, a gente tem que parar de pensar nas coisas e falar logo.
- É... Então, ele falou que eu também teria algo para tirar do que aconteceu entre a gente. E, realmente, aprendi mesmo.
- E o que você aprendeu?
- Que edredom não se escreve com “N” no final.
Nesse momento, até a mulher que rezava para alguém descer do ônibus riu. As amigas olharam para ela e gargalharam as três juntas. Quando as lágrimas dos risos cessaram de escorrer, Helena suspirou e olhou o trânsito pela janela. Cíntia fez o mesmo. E a mulher, que não agüentava mais ficar em pé, teve de se contentar com o silêncio e ocupar a mente impaciente com a lista dos afazeres domésticos que a aguardava em casa.

9 comentários:

Rodrigo Carreiro disse...

Esse negócio do homem dizer que o problema é com ele é justamente o contrário. E eu nunca fiz isso. Ainda tenho salvação
;p

Patrícia disse...

Amei!
Hahaha. Eu já disse que o problema era eu várias vezes! E não era. Nossa...

Eu sempre penso em grandes discursos pra dizer... e nunca digo.

Beijos!

Tania Capel disse...

ahuhauhauhauhuahau!
grande lição! pelo menos a relação não foi completamente inútil! rs... rs... rs...

olha, não entendo o que está havendo com os homens... mas é fato: o problema é com eles! rs...
e sabe de uma coisa, ontem minha amiga estava repeendendo o filho dela e ele olhou pra ela com cara de deboche e disse: já sei o que vc vai falar e blá e blá e blá... (repetindo a ladainha de sempre!)acho que tá na hora da gente se comportar um pouco como ele... quem sabe os homens se esforçam para melhorar o dsicurso!

qto ao bar... sim, o apelido é MOE por causa dos simpsons, mas acredite: é muito semelhante! rs... rs... rs...
eu moro em araraquara, conhece?!

beijos e queijos!

Sunflower disse...

e café espresso se escreve com esse.

o problema sempre é os outros, e eu deixo claro.

beijas

Alexandre disse...

Coitada da gorda..

Anônimo disse...

Bom dia, amiga!
Olha, o problema é e não de todos.As falhas são semrpe humanas e não de uma sexo só e a vida continua com sua beleza paradoxal!
Grande beijo!
Coloquei o link do seu blog lá no meu

fabiana disse...

Me identifico! Hahahahahah

Eu tive um namorado que me ensinou a gostar de Radiohead, e foi a única coisa boa que ficou no fim da relação...

Cristina disse...

Grandes lições... rs

Anônimo disse...

rsrsrs... também já disse que o problema era eu. Mas não por sacanagem. Mas apontar os "contras pessoais" num fim de relacionamento não seria construtivo para ninguém. Gerar magoas gratuitas.


Nossa... já ri muito de conversas no metro! Ainda mais nos finais de noite quando as pessoas acham que só tem elas no vagão!


Beijos!!!