Segundo ano do curso de Jornalismo. Cada aluno escolhia seu tema e discutia a pauta com o professor. Eu, praticamente uma estrangeira naquela cidade, já começava a pensar nas complicações em me deslocar em um lugar que não conhecia. Quando o professor se aproximou, logo notou meu receio exagerado e ajudou a descobrir um assunto para minha matéria.
Certamente, minha pauta seria sobre Cultura. Mas Campinas, naquela época, não era uma cidade que valorizava eventos culturais e artistas, salvo no ambiente acadêmico. No entanto, o bairro no qual consistia o foco do jornal universitário tinha algumas personalidades interessantes, e eu voltei minha atenção a um jovem caricaturista que habitava o local: Flávio Rossi.
Fiz uma pesquisa sobre o artista, visitei uma exposição com algumas de suas obras e consegui seu contato. Entrevista marcada, cabeça fraca para criar as perguntas. Confesso: estava despreparada no momento em que adentrei em seu estúdio e abri o caderno de anotações. Embora as questões estivessem ali, a neurose woodyalleniana persistia. Não queria parecer uma principiante, embora fosse.
O Flávio Rossi me recebeu muito bem. Foi paciente e respondeu às perguntas, acrescentando outras informações que julgou importantes para o perfil. Bonito, inteligente, atencioso e talentoso. Nada mal para uma primeira empreitada jornalística baseada em entrevista.
No laboratório da faculdade, o professor não se surpreendeu ao saber que tudo ocorrera bem. Tinha a matéria-prima do perfil, e o que faltou consegui por e-mail. O texto foi ganhando forma, sendo lapidado conforme recolhia opiniões valiosas de pessoas interessadas no trabalho. Por fim, ficou pronto e seria publicado no pequeno jornal.
Quando finalmente recebi a publicação, me decepcionei. Não gostei da edição e das informações que acrescentaram. Distorceram algumas ideias, que talvez não fizessem diferença para o leitor; mas para mim, a autora, as alterações foram absurdas. Outros colegas reclamaram do mesmo, e uma poderosa justificativa brotou: “Na Veja, os jornalistas não reconhecem seus próprios textos”. O comentário explicou muita coisa. E, assim, nunca enviei o jornal ao perfilado.
Recentemente, tive curiosidade em saber como estava a carreira de Rossi. Encontrei o site com seus trabalhos e gostei muito. A memória se remexeu e os fatos da minha primeira entrevista percorreram neurônios e encontraram palavras para serem contados.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
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7 comentários:
eu odeio ser editada.
beijas
Editada? Mata um. Ficaria putíssima.
PS: Ainda não assisti Tropic Thunder, mas de tanto que você fala, vou acelerar. Estou curiosa!
E eu já editei durante muito tempo hahah
É horrível.
Basicamente a edição é odiada pela maioria dos jornalistas!
ps: Beibi, como colocou esse fundo no seu blog? Tb quero!
Beijos
Me diz uma coisa: isso é uma regra ou uma exceção no mundo jornalístico? Pq se qualquer coisa que vc publicar que demande a supervisão de mais um ser pensante obrigatoriamente tenha que ser editada de algum jeito é melhor virar "publisher" do que ser aquele pobre ser que reporta o mundo. rs
outro dia você estará editando e
outra garota ficará puta.
abração
por isso não me tornei jornalista!
e qdo dou entrevista de algum trabalho, quero morrer com as distroções incabíveis que as reportagens apresentam... c'est la vie! mais no que informar, hj em dia tem q vender! péssimo!!
beijossssssss
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