O ano era 1998. Uma professora substituta – assim como 99% delas – esperava o tempo da aula passar conversando com os alunos provisórios. Na época, eu era uma fanática por música e bandas de rock, e quando li a palavra U2 marcada em uma página do caderno dela, descobri uma admiração em comum e comecei a conversa:
- Ah, eu também adoro U2. Você foi ao show?
- Não, mas eu queria ir.
- Por que? Eu não fui porque meus pais jamais me deixariam ir para São Paulo num show deles sozinha.
- Meu namorado não ia, daí eu não fui.
Começou assim. Durante a conversa, percebi que ela parecia gostar mais da banda do que eu, uma fã mesmo. E deixou de ir por causa de um namorado? Mesmo com aquela idade e inexperiência, não compreendi porque uma pessoa deixaria de fazer algo de que gosta por causa de um namorado. O que há de errado em ir a um show sem a pessoa? E qual é o problema em ir sozinha?
Essa história ficou na minha cabeça e depois de alguns anos eu estava namorando alguém (que hoje apelido carinhosamente de “coisa”). No show do Placebo, ele quis pagar meu ingresso para eu ir junto. No entanto, odeio a banda e recusei. Falei que era para ele ir e se divertir, já que eu não curtiria nada. Quando o Oasis veio em 2006, ele não tinha dinheiro (para variar) e eu fui sozinha, sem me preocupar.
Sou uma pessoa que não se preocupa em fazer aquilo que quer sem companhia. Se tudo o que eu quisesse fazer dependesse de alguém, com certeza teria feito só 20% das coisas. Então, eu convido; se não der ou não quiser, eu vou sozinha. Apenas se não estou com tanta vontade assim acabo desistindo e ficando em casa mesmo. Claro, não vou afirmar que adoro sair sozinha sem alguém para conversar, mas não me prendo à dependência, porque entre fazer sozinha algo que quero muito e ficar em casa sozinha, prefiro o primeiro.
segunda-feira, 9 de março de 2009
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5 comentários:
Tem toda razão. A única coisa que ainda não consigo fazer é ir ao cinema sozinho. Acho derrota demais, embora no fundo eu saiba que não é.
Se com amigos eu já faço isso, com namorado farei mais ainda. Acho super digno fazer o que se quer, mesmo não tenho companhia. Quantas vezes fui ao cinema sozinha?
Me recuso a perder coisas por causa disso. Claro que ter alguém para se dividir o momento é bom, mas apenas se a pessoa estiver na mesma "vibe".
Está certíssima...
As únicas coisas q não fiz por causa dos outros me arrependo até a morte!!!!!!!
afinal, se quero, não obrigo ninguém a fazer junto...muito menos espero q alguém concorde!
;)
Boa noite..
beijos...
Então, passei a maior parte da minha vida sem namorado. E por causa de namorado não deixo de ir, mas sozinha-inha-inha tb não vou. Como sou uma sociopata em desenvolvimento, ainda preciso de gentes para ir comigo aos lugares.
beijas
Sou do seu time. E preservar um campo de independência e liberdade é fundamental, até pra preservar a salubridade (mental).
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