quinta-feira, 12 de março de 2009

O curioso caso da bola branca

A paisagem árida e exótica serve de cenário para as aventuras dos dois garotos que, agachados sobre o chão pedregoso, observam curiosos a pequena bola branca e oca que boia pela água lenta e gelada do riacho, atravessavando o solitário vilarejo. Concentrados no estranho objeto, um deles desafia o frio e adentra o corpo na água até a cintura, estendendo a mão direita para alcançar a bola e retirá-la dali.
Olhares curiosos, mãos tateando a superfície lisa e redonda, e ouvidos atentos aos sons que seriam emitidos caso batesse nas pedras. Nunca haviam visto algo assim antes: um objeto ordinário para quem vive em outro mundo, banal e corriqueiro.
Levaram a pequena bola cuidadosamente e a mostraram para todos. Ninguém sabia o que era, mas ouvia-se lendas a respeito de sua origem mágica, de seu poder e de sua curiosa aparência. Tornou-se um talismã, cultuado e reverenciado. Despertou algumas brigas, provocou fugas inocentes em busca de um destino hipotético e, acima de tudo, causou ciúmes. A pequena bola branca, perdida há milhas de distância, revolucionou vidas e encantou crianças.
Certo dia, após uma desavença, a bola desapareceu. E com ela, dissiparam-se os sonhos, os desejos e a inocente mania de inventar histórias extraordinárias e fazer uma busca pessoal através delas. A escola os aguardava, um lugar onde tudo era correto e desmistificado – o lar provisório de futuros adultos.

Um comentário:

Anônimo disse...

Até hoje eu tento não deixar morrer o meu encanto infantil por algodão doce e bolhas de sabão.
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Conheci minha melhor amiga na escola porque ela tinha uma pasta do U2 e eu também, exatamente em 1998. Arrepiei quando li o post!