segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Aquela estação

A primavera traz consigo sentimentos ambíguos. A bipolaridade transborda pelo corpo, duas máscaras que se revezam conforme reviravoltas e descobertas pontilham o dia. A brisa sopra levemente para refrescar o calor que insiste em ocupar seu lugar antes do tempo.
- Deixe o vento me embalar. Tudo o que quero é flutuar, ouvir a música com olhos fechados enquanto os carros disputam faixas e preenchem o ar com suas buzinas impacientes.
Algumas flores lutam para sair de seus botões rosados, vagarosamente abrem-se sob o sol, atraindo borboletas e abelhas. O perfume é discreto e se esvaece em segundos, antes que eu possa senti-lo.
O deslumbramento cede espaço ao sombrio e suas incertezas. A caminhada é longa, a estrada é acidentada, o ruído é incômodo, o aroma é inexistente, o paladar é insípido, as paisagens são desbotadas. O final leva ao início e tudo começa outra vez.
Aos poucos, o encantamento ressurge. Brilha, ofusca, chamusca. Atinge seu auge para apagar-se outra vez. E assim o ciclo se renova. Escuro. Claro. Escuro. Claro.
A vida na Terra se completa e a linha reta entra em declínio. Desce a ladeira em alta velocidade, mas não bate no muro. Chega ao fim... do mundo.

3 comentários:

Rodrigo Carreiro disse...

dor cosmopolita!
universal...

Alexandre disse...

Já é a terceira pessoa esse mês de quem eu ouço falar de bipolaridade. A primavera é bipolar?

Cristina disse...

Primavera é bipolar, mesmo. Ainda mais que o outono...