quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Feedback

As pessoas se conhecem, se envolvem, se apaixonam, se entregam… Tudo parece absolutamente normal, ou mesmo lindo. Até que uma das partes resolve ter a tal da conversa séria. A partir desse momento, o sangue que corre pelas veias gela, mas o rosto, ao invés de pálido, se torna vermelho. Os olhos percorrem paredes, chãos e objetos ao redor.
“Se não estava bom, por que durou até aquele ponto? Para testar até onde iria? Para ver se a pessoa daria a volta por cima e agiria exatamente do jeito como o outro gostaria, mesmo sem saber que jeito é esse?” Muitas perguntas – e todas para si mesmo.
O que eu defendo é uma atitude estilo feedback. Sabe quando você é novato em uma empresa e espera superar as expectativas do chefe, até que um dia, logo nas primeiras semanas, ele te chama para um bate-papo e aponta aquilo em que precisa melhorar, o que ele espera que continue como está? Pois então, seria exatamente assim, mas entre essas duas pessoas que saem juntas há menos de um mês e notam até a mais leve entonação na voz da outra ao dizer a palavra cedo na frase “preciso levanter cedo amanhã”.
Como nessa situação não existe o chefe (a pessoa que chama a outra para a conversa), uma regra delimitaria depois de quantos encontros esse feedback seria marcado – uns cinco ou seis. Então, um daria o feedback ao outro:


Ele: Gosto que você não demora muito para se arrumar quando vamos sair. Mas o jeito que você olhou para o garçom naquele restaurante me deixou inquieto.
Ela: Você é muito cavalheiro, adoro isso. Mas acabou de implicar com uma coisa que não aconteceu.


O problema é que isso exige sinceridade – e como! Mas imagine a relação como um mero contrato de trabalho, afinal é provável que, no futuro, as partes dividam as prestações do apartamento, as parcelas dos eletrodomésticos e, é óbvio, a cama. Por isso, um feedback de vez em quando sobre como o outro está se saindo pode ser uma importante base para o relacionamento. Pelo menos se tudo acabar, é mais gostoso ter raiva da sinceridade do que covardia em inventar desculpas estapafúrdias.

4 comentários:

Carrie Bradshaw Tupiniquim da Silva disse...

assino embaixo!!!!

Nathália disse...

Eu sempre disse isso, mas a maioria acha que isso é meio frio e que eu sou meio louca de propor coisas assim...

Cristina disse...

Meio burocrático, mas quem sabe daria certo? rs

Alexandre disse...

Eu acho complicado comparar um amante com seu chefe, ou a relação como um contrato de trabalho.. mas eu peguei o ponto, e você tem razão em relação a feedbacks eventuais, eles são necessários.

O problema é que não é simples, muito pelo contrário. Amor e afeto não envolvem razão, por definição. Ou pelo menos os caminhos pelo qual ele nasce, cresce, e morre não são dirigíveis como a gente pensa.

Sinceridade é essencial, mas a gente tem que tomar cuidado pra não encontrar nisso um ponto de apoio pra evitar os desafios que nos são postos em toda relação amorosa.

Buscar, "ver até onde vai", faz parte do jogo, o que é diferente e nem sempre se confunde com má-fé.

Aliás, como já diziam os antigos românticos, amar é realmente um jogo. Um jogo não de disputa, mas de cumplicidade.

E em como todo jogo, é necessário apostar.

:)