quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Há algo em Django

Emmet Ray chorava ao ouvir Django Reinhardt. Colocava o vinil na vitrola do quarto sujo de hotel, fechava os olhos, viajava na melodia e se punha a chorar. O segundo maior guitarrista de jazz de todos os tempos (Emmet, e não Django) tinha uma mistura de inveja e admiração pelo músico cigano francês.
A guitarra de Django preenche até hoje o ambiente com sua sonoridade ao mesmo tempo modesta e exibida. Escala notas, dribla desafinos, alcança o clímax... Uma rebeldia clássica, dessas que exalam fumaça espiralada de cigarro, vestem terno e sustentam um fino bigode. 
Acompanhado do violinista Stéphane Grappelli, sangrava solos e melodias para manter o respeito. Concentrava-se no instrumento de cordas que lhe dava voz, e dançava com os dedos sobre os acordes. Um mortal, sim. Mas um nada simples mortal.


Referências:
Sweet and Lowdown
Django Reinhardt - J'attendrai Swing (1939)
Red Hot Jazz

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