sábado, 1 de outubro de 2011

Sob a pele

I'd sacrifice anything come what might
For the sake of having you near
In spite of a warning voice that comes in the night
And repeats, repeats in my ear


Don't you know you fool, you never can win
Use your mentality, wake up to reality
But each time I do, just the thought of you
Makes me stop before I begin
'Cause I've got you under my skin
(I've Got You Under My Skin - Cole Porter)


Não é como aquela canção romântica que escutava aos suspiros, onde um mundo perfeito em tons pastel, brilhante e sonoro, convida a desfrutar um passeio pelo boulevard multicores, perfumado pelas flores que brotam tímidas na primavera e se revelam sensuais num desabrochar em câmera lenta. A brisa doce dissipa e uma fumaça cinzenta toma o seu lugar, enquanto a música da manhã é encoberta pelos sons urbanos. O raio de sol se apaga quando nuvens espessas o encobrem e trazem a garoa consigo. 
A pele arde e as unhas lutam contra a incômoda coceira, até rasgar a superfície e abrir um corte rosado, de onde tiro um pequeno objeto. Um papel enrolado como um pergaminho, quase minúsculo, que ao ser aberto revela um nome. O seu nome. Solto-o para que o vento se encaminhe de levar para longe de mim, enquanto corro e me fecho no quarto.
Sob a coberta, a respiração ofegante e o suor frio precedem o murmúrio invisível, que sopra as sábias palavras de alerta com as quais tentou me prevenir anteriromente. "Eu avisei, sua tola. Um dia a realidade sóbria ocuparia o lugar da fantasia embriagada e a arrastaria para longe daquela ilusão disfarçada".
Sacrifiquei desejos concretos pela satisfação de estar onde estivesse. Via cores onde repousavam as cinzas de suas presas anteriores, e as jogava para o alto como se fossem glitter. Agora, é a minha alma que se arrasta por entre a poeira enegrecida do seu passado. E embora o meu presente seja escuro e sufocante, enxergo uma pequena abertura neste manto pesado sobre mim, por onde vejo uma outra realidade, desfocada e misteriosa, que me convida a abandonar o conforto da reclusão e desfrutar uma nova perspectiva. Sob a minha pele... tinha o seu nome.

Um comentário:

Anônimo disse...

Adoro seu blog, principalmente suas crônicas. =)
Beijos,
Jac.