O Artista é para mim o que Meia Noite em Paris foi em 2011. E ver os dois filmes indicados ao Oscar me agrada bastante - embora saiba que a película franco-belga tenha vantagem sobre o mais recente longa de Woody Allen. Desde o ano passado, estava curiosa para conferir essa comédia romântica dramática (sim, enxergo os três gêneros nele), desde que li um artigo comentando que se tratava de um filme mudo, uma homenagem à era do cinema silencioso hollywoodiano e sua queda. E sendo uma grande admiradora desse tipo de película quase esquecido - e fã de verdadeiros mestres dessa arte de dizer muito sem falar nada -, minha ansiedade foi aumentando conforme o burburinho se tornava mais frequente.
Don Lockwood e Lina Lamont? |
Agradável déjà vu
Fui conferir O Artista na estreia - não aguentei esperar de tanta curiosidade. Logo no começo, me remeteu a Cantando na Chuva, meu favorito de todos os tempos. Não preciso nem dizer, então, que George Valentin (Jean Dujardin) me laçou de jeito e me arrebatou da poltrona. Assim como no clássico de Stanley Donen e Gene Kelly, o diretor, roteirista e coeditor Michel Hazanavicius usou justamente o período de transição do cinema mudo para o sonoro na sua história do astro que entra em decadência por ser "antiquado" para os filmes falados, uma novidade. Em contraposição, a jovem desconhecida Peppy Miller (Bérénice Bejo) entra em ascensão e se torna a estrela da vez.
"Eu também quero beijar" |
Dupla perfeita
Apesar de contar com nomes conhecidos no elenco, ainda que em papéis pequenos, como John Goodman, James Cromwell, Penelope Ann Miller e Malcolm McDowell, a dupla principal é liderada por dois atores relativamente desconhecidos (ao menos no Brasil): os ótimos Jean Dujardin e Bérénice Bejo. Ela está encantadora como a heroína, uma mistura de Amy Adams com Anne Hathaway. Ou seja: tem talento para a comédia e é bela e adorável. Dujardin, com seu bigodinho e ternos sob medida, incorpora Douglas Fairbanks, Gene Kelly e até Clark Gable. É a síntese do homem romântico hollywoodiano - aquele por quem as mocinhas suspiravam e se derretiam.
Se esse casaco falasse... |
Beleza por trás da simplicidade
O que mais me encantou em O Artista não foi o fato de ser mudo e em preto e branco nem a história em si, mas a maneira como Hazanavicius o narra e captura as mise en scènes. Da solitária Peppy abraçada a um casaco ao reflexo de Valentin alcoolizado, são cenas simples, porém poéticas e cativantes. E, como não poderia deixar de mencionar, o cãozinho Uggie, que a cada cena arranca sonoras manifestações de simpatia e ternura do público (nota: os cães dominaram em 2011! Além de Uggie, Milou (As Aventuras de Tintin) e Arthur (Toda Forma de Amor) também arrasaram na tela)).
Posso levar os dois pra casa? |
Ah Dujardin!
Assim que saíram os indicados ao Oscar e Michael Fassbender ficou de fora entre os atores, minha torcida se concentrou em Gary Oldman. Além de o britânico estar ótimo em O Espião que Sabia Demais, tem o conjunto da obra. Porém, depois de assistir a O Artista, Jean Dujardin passou a dividir com Oldman o posto de favorito na categoria. Além de exalar charme e carisma, sua atuação é comovente. As expressões, os olhares e a linguagem corporal usados na construção de seu personagem denotam o talento de um ator que ainda vai dar muito o que falar. Em tempo: em uma entrevista a Jay Leno e na imperdível participação no Funny or Die, ele se mostra uma pessoa extremamente bem humorada - e interessante. Desde então, habita meu ideal masculino - ao lado de Fassbender, Auerbach e Hiddleston. Como diria Lorraine McFly, ele é um sonho!
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