sábado, 9 de fevereiro de 2013

Simplesmente Johnny Smith

Em 2011, fiz um Top 6 de personagens assustadores de adaptações cinematográficas de romances de Stephen King (aqui!). Estou longe de ser uma expert do escritor ou de filmes baseados em suas obras, tanto é que somente hoje assisti a The Dead Zone (ou Na Hora da Zona Morta, como foi lançado o Brasil) do início ao fim. Além de ser dirigido por um dos meus cineastas favoritos - David Cronenberg -, tem um dos atores mais cool do cinema: Christopher Walken.
Daí que Walken é um anti-galã. Na verdade, de tanto interpretar psicóticos e vilões, ele chega a dar medo. Mas o personagem principal de The Dead Zone vai muito além desses estereótipos que o ator colecionou ao longo da carreira - e que o Saturday Night Live soube aproveitar tão bem nas participações dele no programa. Johnny Smith é... pra casar.

Pra começo de conversa, Johnny é professor de literatura e, logo na sua primeira cena, aparece declamando o poema O Corvo, de Edgar Allan Poe. E mais: com um visual "Harry Potter". Eu nunca imaginei que algum dia na minha vida veria o Christopher Walken e me lembraria imediatamente do bruxo criado pela J.K. Rowling.
Harry Potter e a Montanha Russa Filosofal

Johnny namora outra professora da escola e planeja o futuro a dois, até que um acidente de automóvel o deixa em coma durante cinco anos. O que causa um certo desespero é vê-la insistindo para que ele fique em sua casa naquela noite chuvosa, mas ele responde que "há coisas que vale a pena esperar". OK doc...
E aí, beija bem?

Cinco anos se passaram e Johnny sente ainda como se fosse ontem. Seu amor por Sarah continua forte, mas ela seguiu em frente e já formou uma família. O olhar melancólico de Walken não é para o espectador sentir pena de seu personagem, e sim compartilhar aquele sentimento confuso. Tudo a sua volta está muito diferente. Porém, determinado diálogo chega a dar uma pontada no peito. E acontece no primeiro encontro do ex-casal após ele ter saído do coma.
Olhar 43

Sarah: Todos estão falando de você. É o assunto do momento.
Johnny: Porque eu bati com a cabeça e sobrevivi para contar o que aconteceu?
Sarah: Porque desenvolveu um sexto sentido. É verdade, Johnny? Os jornais não param de falar disso.
Johnny: Fico pensando no trecho do livro A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça, a última lição que dei aos meus alunos antes do acidente. Ichabod Crane desaparece. A frase é "Como ele era solteiro e sem compromisso com ninguém, ninguém deu pela falta dele".
Sarah: É disso que tem medo?
Johnny: É isso que quero.

Longe de ser uma obra-prima, tão pouco um suspense superficial e/ou barato, The Dead Zone é um filme que tenta expor na tela - e na maior parte das vezes consegue - o pessimismo e o desespero em transformar o futuro quando se tem a resposta. E como as experiências pessoais e o caráter são importantes na tomada de decisão, ainda que o comportamento impulsivo influencie nos momentos confusos.
Premonição fatal

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