sexta-feira, 15 de agosto de 2014

A tela das mulheres objetos

Não sou especialista em feminismo nem conservadora, mas toda vez que estou em algum site ou rede social e vejo algo sobre Sin City 2, a primeira coisa que penso é: "Lá vem mais objetificação de mulher". Porque mostrar determinadas mulheres como "heroínas" ou "femme fatales" não justifica a exaltação das mesmas, se a objetificação ocorre por elas precisarem aparecer seminuas para suprir a necessidade masculina de ver uma gostosa na tela (neste caso, várias gostosas).
Ultimamente, estou muito insatisfeita e irritada com essa necessidade de as mulheres precisarem ser sempre objetificadas, nas telas ou fora delas - o que faz com que eu deixe de assistir a inúmeros filmes por já saber o que está por vir. O próprio Ela, que todo mundo por aí chama de "sensível e delicado", é um enorme exemplo de objetificação: um sistema operacional com a voz de Scarlett Johansson, sendo que Joaquin Phoenix atuou com a Samantha Morton (atriz talentosa e com vários prêmios no currículo). 
Que homem fantasiaria com a voz de Scarlett fingindo orgasmos? Milhares. Pronto, uma escolha "eficaz" para um filme hipócrita e vazio. Ponto para Spike Jonze, que consegue objetificar de maneira velada. Acreditar que o protagonista estava realmente apaixonado pela tal Samantha (o sistema operacional) é forçar demais a minha inteligência, quando tudo o que ela faz é suprir a carência do rapaz, que age como um controlador ciumento - longe de apaixonado. 
Voltando a Sin City, que é escancarado ao objetificar suas mulheres: vi o primeiro filme apenas uma vez. Lembro que achei visualmente impactante, mas, no geral, uma grande bagunça - recordo apenas de alguns segmentos, especialmente o de Mickey Rourke, meu favorito. Eu gostei na época, só que ainda era aquela moça ingênua que gostava de tudo que assistia. O fato de eu nunca querer ver a película novamente denota que tem coisa muito melhor para rever do que uma história sem pé nem cabeça que se apoia no sexo e na violência - e no visual chupinhado da graphic novel de Frank Miller.
Daí, ver mais atrizes vestindo a carapuça de mulher objetificada me dá tédio - e uma certa pena delas, que nem devem ler o script. A pior piada em relação ao filme foi o tal pôster censurado da Eva Green, que interpreta uma mulher fatal seminua (uau, ela nunca fez isso, né?). Não bastasse Eva ser uma atriz muito fraca, que alcançou a fama por causa dos peitos (diga-me um filme no qual ela não os mostre ou ao menos use decote), seu único atributo é censurado. Poxa Sin City 2, com polêmicas assim você vai longe!
Não repreendo quem curta filmes como Sin City, que utilizam o fetiche masculino por armas e mulheres seminuas (ou nuas mesmo) como premissa, nem quem achou Ela uma história de amor muito romântica. Acho apenas que a barra está sendo forçada de tal maneira que eu me sinto a última chata de galocha da poltrona. Porque não basta ser, eu tenho que me sentir assim também.

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